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terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

A linguagem da Internet por uma visão universitária

PLANTÃO DO VESTIBULANDO

Uma maneira simples de aprender a como chegar lá...

A linguagem da Internet por uma visão universitária

Olá, pessoal! Objetivando esclarecer um pouco mais sobre a linguagem utilizada na comunicação via Internet, decidi trazer para vocês a visão da professora Maria Teresa de Assunção Freitas, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) a respeito dessa inovação que tanto faz moda entre os jovens de hoje. Acompanhem algumas respostas dadas por ela à Veja, em Março de 2009 (adaptado).

1. Por que as pessoas abreviam a linguagem na web? São dois os principais motivos da abreviação de palavras: a facilidade de se escrever de modo simplificado e a pressa. Esta, por sua vez, está ligada a outras duas razões: a economia (mandar uma mensagem maior pelo celular pode custar mais) e o desejo de reproduzir virtualmente o ritmo de uma conversa oral.

2. Onde e por quem essa linguagem abreviada é mais usada? Os principais autores da escrita simplificada são os jovens. “Mas essa linguagem teve início nos chats”, afirma a professora. Nos e-mails, a escrita abreviada tem menos lugar porque se trata de um meio de comunicação assíncrono, ou seja, a informação é enviada em intervalos irregulares: uma pessoa envia uma mensagem para outra, mas não sabe quando terá uma resposta.

3. Por que essa linguagem tem mais adeptos entre os adolescentes? Têm grande facilidade de se adaptar aos símbolos de um novo código, pelas características da própria idade.

4. Isso já acontecia antes em outros meios? Sim, mas de modo diferente. O telegrama é um meio de comunicação que faz uso da linguagem abreviada, mas segue um código mais atento às regras ortográficas cultas.

5. A escrita abreviada e simplificada prejudica a compreensão? Quando duas pessoas dominam o mesmo código, não costuma haver dificuldade na troca de mensagens.

6. Há padrões de escrita para internet e celular? A linguagem abreviada, especialmente a da web, segue os padrões da oralidade. Ela substitui uma conversa ou um bate-papo. Para andar mais rápido, se escrevem oxítonas com acento agudo sem acento e com ‘h’ no final, como ‘cafeh’, e se firmam acordos tácitos para uso de determinadas palavras, como ‘vc’ em vez de ‘você’ ou ‘tc’ em vez de ‘teclar’. Outros elementos que fazem parte desse sistema são as representações de emoção, geradas para compensar a ausência física do interlocutor.

7. Essa escrita vicia? Muitos adolescentes ouvidos por Maria Teresa demonstraram saber separar as coisas. “Eles sabem que na escola não podem escrever da mesma forma que na internet”, diz ela.

8. Essa linguagem pode modificar a língua que falamos? É possível. Já começamos a incorporar, no português do Brasil, os termos da informática e da internet, como "deletar", "caps lock". “A língua é uma coisa viva, porque falada. A língua é dinâmica, se transforma sempre”, diz Maria Teresa.

É isso, pessoal. Na próxima semana aprenderemos regras para uma boa Redação. Não percam!

JULIANA BARRETO – PROFª DE LÍNGUA PORTUGUESA – Matéria publicada pelo Jornal A Semana, de Pirapora/MG, em 26/02/2010.

A linguagem que circula na rede – Parte final

PLANTÃO DO VESTIBULANDO Uma maneira simples de aprender a como chegar lá... A linguagem que circula na rede – Parte final Olá, pessoal! Finalizaremos nesta semana estes estudos sobre a linguagem da internet, analisando mais alguns recortes feitos em sites de relacionamento, como o Orkut, e procurando entender um pouco mais sobre a linguagem virtual. Observem como os erros são escandalosos e mostram a rapidez e a espontaneidade que a internet exige. Vamos lá? - Parabens que Deus te ilumini que vc seja muinto feliz na sua caminhada (Aqui, a palavra “parabéns” está sem acento, “ilumine” está escrito tal qual é pronunciado – uma vez que o E final é fraco e acaba por tornar-se “i” na pronúncia – existe a abreviação mais usada na internet, VC, e, por fim, a palavra “muito” a qual, devido à nasalização do “i” na pronúncia, foi escrita erroneamente com N). - Mas tnha que ir no banco (Nesta, percebemos claramente a rapidez da digitação, através da qual suprimiu-se a letra “i” na palavra “tinha”. Além disso, houve um erro de regência, uma vez que o verbo Ir exige a preposição A e não Em. Portanto, anotem aí, quem vai, vai A algum lugar = à praia, ao clube, ao banco!). - Parabéns abraço Deus abencoes... (Aqui, a frase está sem pontuação, dando a impressão de que se trata de apenas uma sentença, mas, na verdade, são várias: “Parabéns. Abraço. Deus abençoe.” Quanto ao erro da última palavra, além da falta da cedilha, o S desnecessário causa uma situação totalmente lúdica). - E os concursos deu algum resultado? (Houve erro de concordância, uma vez que estando a palavra “concursos” no plural, o verbo concorda com ela, ficando “deram”. Mais uma vez, percebe-se o triunfo da oralidade!). - Tres palavras, t amor muuuiiitooooooooo. (Aqui aparecem duas coisas interessantes. Primeiramente, “te amo” tornou-se “te amor”, sim, com R no final. E, além disso, percebemos a intensidade do amor sendo traduzida através da quantidade de letras O. Com este recurso, o “muito” se torna ainda mais intenso). - Sou um poeta que ñ faso poema para alquem q goste do que eu faso ,poema para as pessoas q dão valor no q caregão no peito coração,eu sou assim ñ faso poema da kberça e sim do coração. (Esta, particularmente, foi a campeã. A palavra “faço” foi escrita várias vezes de forma errada, mostrando que não foi fruto de falta de atenção ou da rapidez da digitação. Foi falta de conhecimento mesmo! Houve também a transcrição do “não” abreviado em ñ, este, sim, um fruto da rapidez que a comunicação pela internet exige. A palavra “cabeça” ganhou o K pelo motivo do som, ou seja, o C de “cabeça” tem som de K e, por isso, muitas vezes, vemos: kza – casa; KD – cadê; etc. Só não consegui apreender o motivo desse R após o E de “cabeça”... E, para finalizar, “carregão” em vez de “carregam”. Muitas pessoas confundem o ÃO do futuro: carregarão, farão, amarão, etc.; com o AM do presente/ passado: carregam/ carregaram, faziam, amam/ amaram/ amavam, etc.) Conclui-se que a linguagem da internet está intimamente ligada à oralidade, com o intuito de escrever com rapidez e, ao mesmo tempo, deixando uma marca particular do internauta, evidenciando que o importante é a interação! Mas, não se esqueçam: cada situação exige uma linguagem específica. Nada de erros nas redações! Até a próxima...
JULIANA BARRETO – PROFª DE LÍNGUA PORTUGUESA – Matéria publicada pelo Jornal A Semana, de Pirapora/MG, em 19/12/2010.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Achei interessante e resolvi repassar II

UM RELATO QUE DENUNCIA QUE O ENEM DE HADDAD É IRRESPONSÁVEL E FONTE DE INJUSTIÇA: O ALUNO DEPENDE DO ARBÍTRIO DE QUEM CORRIGE A PROVA, NÃO DA SUA COMPETÊNCIA

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010 | 15:16

Fernando Haddad transformou o Enem numa fonte de injustiça. Por quê? Em vez de critérios objetivos para medir competências, têm-se o caminho aberto para o arbítrio. O relato abaixo, enviado por um professor convidado a corrigir as redações — que têm peso importantíssimo no exame —, dá conta de como as coisas são feitas. O vestibular tradicional pode não ser o melhor meio para selecionar os alunos que ingressam nas universidades mais concorridas, mas há que se admitir: ele seleciona os que sabem mais. O modelo de Haddad seleciona os que têm mais… sorte! Segue o relato.

Olá, Reinaldo, sou professor de Língua Portuguesa e, por diversos motivos, gostaria de não me identificar. Bom, a questão é a seguinte: no mês de outubro do ano passado recebi o telefonema de uma moça, uma das coordenadoras do ENEM, convidando-me a participar da equipe de correção das redações. Como já havia trabalhado como corretor de alguns vestibulares, e o período de correções coincidisse com o meu período de férias, aceitei o convite.

Assim, fui informado que a partir do final do mês de novembro os professores convidados seriam convocados para um treinamento com a finalidade de ajustar os critérios que seriam utilizados na realização do trabalho. O mês de novembro passou sem que recebêssemos qualquer mensagem da coordenação, que só nos procurou, através de e-mail, em meados de dezembro, para nos enviar a senha de acesso ao sistema que nos disponibilizaria os textos grafados pelos candidatos em versões digitalizadas e um documento de duas páginas explicando como lidar com o sistema e como dar notas aos textos.

O que eu quero mostrar com este relato é que toda a correção das provas de redação de um processo seletivo que se quer norteador, assim como eles dizem, da transformação do Ensino Médio ocorreu de modo apressado, amador e irresponsável, uma vez que só estive com a coordenadora em apenas um momento - encontramo-nos rapidamente para que eu entregasse a comprovação de que eu era de fato um professor de Língua Portuguesa -, o restante do breve contato foi todo realizado por telefone e e-mail.

É importante notar aqui que não houve um processo seletivo capaz de verificar a capacidade de realização do serviço por parte dos selecionados (fui indicado por um amigo e não precisei apresentar nenhuma comprovação de que já havia feito isso antes), não houve um pólo de concentração dos corretores, nem discussões esclarecedoras a respeito dos critérios que deveriam ser aplicados, nem um boletim periódico indicando se o serviço prestado estava de acordo com os critérios estabelecidos, nem ao menos algum tipo de fiscalização a fim de confirmar se as redações estavam sendo de fato corrigidas pelas pessoas inscritas para corrigi-las. O manual de instruções para aplicação das notas é um capítulo à parte que eu não tenho como explicá-lo em função do pouco espaço disponível para este texto.

Achei interessante e resolvi repassar...

Crítica – enem como prova de vestibular By Fernanda Paz Como sabido, em meados do ano de 2009, foi decidido pelo Ministério da Educação o funcionamento do Enem como processo seletivo para ingresso nas universidades federais do país. Porém, ficou a critério de cada universidade a escolha de fazer uso ou não desse sistema como processo de seleção. Como candidata a uma vaga em História da Arte na Unifesp, venho relatar a opinião de muitos dos estudantes que se submeteram a este método de seleção. O Enem foi instaurado como vestibular as pressas. No meio do ano a decisão foi tomada pelo governo, e pouco tempo houve para que uma prova que antes não possuía caráter eliminatório sofresse mudanças suficientes a ponto de se tornar organizada e digna de avaliar se um aluno está apto ou não a ingressar em uma universidade. Prova desta falta de preparo se mostrou logo de início, quando a prova foi furtada por falta de fiscalização.Um exame de tamanha importância foi tratado com descaso. Não sabia o próprio MEC a dimensão daquilo que estava a propor. Além disso, os próprios estudantes também não tiveram tempo de se prepararem para uma prova com caráter tão inédito, de uma hora para outra. Ficaram todos no escuro, caminhando para realizarem um exame que foi imposto sem maiores explicações. Ao fim do episódio do furto da prova, algumas universidades desistiram de aderir ao Enem pois perceberam que este sistema não estava pronto para a carga de responsabilidade e seriedade que é exigida em conduzir um vestibular. Contudo, muitas universidades ainda insistiram em apostar neste processo de seleção, indo contra todos os indicativos de que esta não seria uma boa escolha. O governo espalhou campanhas dizendo o quanto o novo Enem seria mais justo e daria mais possibilidades de acesso aos estudantes carentes. Será que isso está acontecendo de fato? Seria o novo Enem uma revolução no antigo vestibular, que é massacrante, afunilado, excludente? Para responder estas perguntas temos de ir por partes e detalhar cada aspecto da “saga em busca de uma vaga numa universidade federal através do Enem”. Após o furto a prova foi adiada, deixando os estudantes “a ver navios”. E quando uma nova data para a prova foi definida e finalmente realizamos os exames, o que vemos? Provas extremamente mal feitas, com questões longas e exaustivas, que mais fizeram por testar a resistência dos alunos do que suas capacidades intelectuais. Inclusive, a prova que foi aplicada diferia em muito da prova que foi furtada. Nesta prova vimos questões sucintas, objetivas, enquanto na outra sofremos com questões demasiadamente extensas, além de alternativas ambíguas e mal elaboradas. Após tudo isso, ainda tivemos que nos esforçar para escrever uma redação sobre ética em apenas uma hora. O tema “ética” me parece bastante irônico num vestibular que se mostrou extremamente antiético com os estudantes. Em uma das coletâneas que o tema da redação apresentava, havia um texto da Lya Luft que criticava o comodismo do brasileiro. Comodismo este que podemos perceber no contexto atual, ao constatar que todos os estudantes abaixaram a cabeça e aceitaram em silêncio o novo sistema de seleção extremamente irresponsável ao qual o governo nos submeteu. O brasileiro ainda possui mentalidade de povo colonizado, submisso. É realmente uma tristeza… Conseguimos escrever uma redação sobre ética, mas nos demonstramos incapazes de colocar tal ética em prática no dia a dia de uma sociedade majoritariamente injusta e hipócrita, dirigida por governos corruptos. Reclamamos sobre o governo na mesa do almoço, mas não nos manifestamos e não exigimos nossos direitos publicamente. Procurando esquecer os problemas socias, nos entretendo com a cultura de massa e absorvendo a realidade inverossímil de uma novela na televisão, demonstramo-nos incapazes de encarar e mudar nossa própria realidade. Apesar de toda a palhaçada, aguardamos o resultado do Enem. O gabarito foi divulgado e o próprio apresentava erros, gerando caos e preocupação entre os estudantes. Estávamos ansiosos, e uma posição do MEC demorou a aparecer. Ao divulgarem o gabarito correto, todos se acalmaram e de novo alimentaram esperanças de que no fim tudo daria certo, que seria o último susto que o MEC nos pregaria. Faltava então apenas esperar o resultado com a nota final do Enem. No dia vinte e sete de janeiro de 2010, quarta-feira, o Enem divulgou a nota de cada candidato. A nota dada em cada matéria, segundo o MEC, é calculada de acordo com o TRI (Teoria de Resposta ao Item). O fato é que este TRI é algo que ninguém sabe ao certo como funciona. Foi dito que para cada questão é atribuído um peso, levando em conta as possibilidades de “chute” e grau de dificuldade das questões. Porém, não foi detalhado o cálculo usado para afirmar ou não se alguém “chutou” uma resposta. Não foi explicitado em momento algum o critério usado para classificar uma questão como “mais difícil” ou “mais fácil”, e muito menos foi divulgado o valor atribuído à cada questão respondida corretamente. Este TRI parece-me essencialmente baseado em estatísticas, e estatísticas são falhas demais para atribuírem notas a um vestibulando. Tira nota menor quem o sistema deduziu como “chutador” de respostas, mas não há provas, não há esclarecimento dos supostos cálculos que este TRI propõe, nem nada! Não houve transparência alguma na correção das provas. O MEC não deixou em aberto ao público como tudo isso foi feito exatamente. Cada prova apresentou uma escala de notas diferente, que deixou tudo ainda mais confuso. Vimos notas mais altas em matérias que tínhamos acertado bem menos respostas do que em outras que acertamos mais. Minha nota de português, por exemplo, foi quase igual a de matemática, sendo que meu número de acertos em matemática foi ínfimo, se comparado ao de português. É fato que as notas não são claras e não correspondem a realidade do desempenho do aluno na prova. Conclusão: ficamos no escuro, sem saber de fato de que maneira fomos avaliados. Não acho justo que tenhamos que aceitar notas tão contraditórias sem ao menos uma explicação plausível. Sem dúvida faltou transparência em todo o processo, e muitos estudantes sentiram-se injustiçados. Além disso, a correção da redação também foi bastante duvidosa. Foram relatados casos (entre amigos, pessoas próximas, matérias em jornais e até mesmo em comunidades do Orkut) em que candidatos escreveram apenas 4 linhas na redação e obtiveram nota 500 de 1000 *, sendo que nas instruções da prova estava bem claro que redações com menos de 7 linhas seriam anuladas. Mas os erros não param por aí… As notas das redações de 915 estudantes foram divulgadas erradas**, e um dos corretores da redação admitiu que o sistema posposto pelo Enem foi falho e injusto. Podemos conferir isso no seguinte sítio: http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/um-relato-que-denuncia-que-o-enem-de-haddad-e-irresponsavel-e-fonte-de-injustica-o-aluno-depende-do-arbitrio-de-quem-corrige-a-prova-nao-da-sua-competencia/ Posso afirmar que vi redações classificadas como “ótimas” por professores de cursinho receberem notas baixas pelos corretores do Enem, e do contrário também aconteceu, redações consideradas ruins, até mesmo pelos próprios estudantes que as escreveram, receberem notas altas. Candidatos que obtiveram pontuações altas em redações de outros vestibulares, conseguiram pontuações ínfimas na redação do Enem***. Creio que a correção de um professor de cursinho formado na Unicamp, por exemplo, seja muito mais confiável que a de um corretor misterioso, que ninguém sabe de onde vem, acostumado a corrigir redações de um Enem que antes não era usado como vestibular. Se tudo neste Enem se demonstrou despreparado para a responsabilidade de conduzir esta prova, não seriam os corretores os únicos adequados a este encargo. Fica a impressão de que tudo foi muito mal corrigido, e de que entrar ou não numa universidade depende apenas de sorte, e não de conhecimento. E mesmo depois da irresponsabilidade e falta de clareza que foi todo o processo do Enem, ainda insistiram em torná-lo eliminatório para o ingresso numa universidade Federal. Por fim abrem as inscrições para o SiSU (Sistema Único de Seleção), e mais palhaçada ainda estaria por vir. Primeiramente nos deparamos com um site mal preparado, que não estava suportando os acessos de todos os estudantes. Foram 2,6 milhões de candidatos que prestaram o Enem, e nos primeiros dias de inscrição muita gente permaneceu o dia inteiro tentando se inscrever em algum curso superior. Sim, muitos ficaram das seis da manhã à meia noite em frente ao computador, lutando por seus sonhos. Quem não tem condições financeiras dignas, mora lá no Piauí e depende de uma rede de internet discada, simplesmente não teve chance nessa briga. O fato de as inscrições só serem realizadas pela internet , já demonstra um elitismo danado. Se a proposta do Enem fosse mesmo dar mais oportunidades a população carente, haveria espalhados por aí postos de inscrição no SiSU. Ocorreria uma “popularização” ao acesso a uma vaga numa universidade, mas não é o que estamos vendo. Além disso, a promessa de que poderíamos escolher cinco opções de curso para concorrer de repente é desfeita, e no dia em que inaugura o SiSU descobrimos que fomos enganados. Num vestibular normal, quem quisesse prestar, por exemplo Unifesp e UFABC, teria essa oportunidade, mas com o Sistema de Seleção Unificado quem queria tentar vaga em mais de uma universidade federal, dançou. Estamos também presenciando outro grave problema: a disponibilidade de vagas em lugares como Manaus e Rondônia, o que coloca em disputa candidatos do sudeste versus candidatos do norte do país. Tal disputa é injusta, pois no sudeste os estudantes estão acostumados com vestibulares muito concorridos, e portanto são mais preparados, conseguindo assim as vagas que deveriam ser destinadas aos nortistas. Este sistema faz com que não seja mais necessário ir até o norte do país para prestar vestibular por lá, e muitos estão desesperados por uma vaga numa universidade federal e dispostos a tudo. Inclusive quando percebem que a nota de corte de seus cursos está muito alta, optam por cursos menos concorridos, acabando com a oportunidade de quem, apesar de possuir uma nota mais baixa, de fato queria e sonhava com este curso. Esse é um dos grandes problemas do SiSU. A chance de mudar a opção de curso a qualquer momento prejudica e exclui pessoas que não estão escolhendo aleatoriamente qualquer faculdade somente porque a nota de corte está baixa, mas sim porque sonham em serem profissionais em determinada área. A idéia de que o estudante pode optar por outra carreira menos concorrida e assim garantir uma vaga na universidade pública a todo custo, em detrimento, inclusive, de sua possível vocação profissional, denota a falta de seriedade nas instituições de ensino, que não hesitam em pensar a educação como mercadoria: não havendo disponibilidade ou condições de adquirir o produto X, opte pelo produto Y. Assim, corremos o sério risco de ver estudantes que, por exemplo, queriam ser advogados, tornando-se frustrados professores de história, pois a nota de corte do curso lhes cabia melhor. Ou pior ainda: podemos ter alunos matriculados desinteressados do curso, que abandonarão a qualquer momento a faculdade, deixando vagas ociosas que poderiam estar sendo ocupadas por pessoas realmente interessadas e com vocação para a carreira. È neste momento que me dirijo às universidades federais e pergunto: que tipo de aluno essas instituições desejam selecionar? Que tipo de aluno uma prova como o Enem e um sistema como o SiSU podem selecionar, se na minha visão e na de muitos outros, tudo isso não avaliou de fato o conhecimento do candidato? Nunca acreditei que o vestibular tradicional fosse totalmente justo, e jamais imaginaria que algo ainda mais injusto poderia ser inventado! O papel do governo, no que tange a educação, é melhorar a qualidade de ensino nas escolas públicas e aumentar a quantidade de vagas a serem oferecidas pelas universidades federais e estaduais, para que um dia todos possam ter o direito de ingressar em uma universidade gratuita e qualificada, e não criar vestibulares ainda mais injustos e excludentes. Nós, estudantes, fomos cobaias, ratinhos de laboratório de um experiência muito mal feita pelo governo. Peço, em meu nome e em nome de muitos outros estudantes que se sentiram prejudicados, que isso tenha um fim. Dizemos NÃO ao Enem, NÃO a uma prova mal feita, NÃO a um sistema mal organizado, NÃO a uma correção de exames duvidosa, NÃO a uma instituição irresponsável e sem idoneidade! Infelizmente, talvez não haja mais tempo para que a seleção dos ingressantes nos cursos das universidades federais em 2010 seja diferente. Mas apelo para que, ao menos, no próximo vestibular, esse erro não se repita. Nós, estudantes, exigimos um posicionamento dos órgãos públicos responsáveis por todo o transtorno que fomos obrigados a passar. Aguardo uma posição das universidades quanto a esta questão, e espero que este SiSU seja definitivamente abolido por parte de todas as universidades federais do país, ou que seja completamente reformulado, transparente e justo. De uma candidata ao curso de História da Arte na Unifesp, mobilizada por tantas injustiças e apoiada e incentivada por outros estudantes igualmente inconformados, Fernanda Eda Paz Leite
PLANTÃO DO VESTIBULANDO Uma maneira simples de aprender a como chegar lá... A linguagem que circula na rede – Parte II Olá, pessoal! Continuando os nossos estudos sobre a linguagem da internet, vejamos o que acontece no mundo dos chats, blogs e demais sites de relacionamentos e tentar entender como são formadas as expressões usadas pelos internautas brasileiros. Primeiramente, pensemos na gramática. Existem vestígios nessa linguagem de pelo menos 2 tipos de processos de formação de palavras – acrossemia e acrografia, definidas, respectivamente, pelo dicionário HOUAISS, como: a abreviação das palavras reduzindo-as às suas iniciais, ex.: S.A. = sociedade anônima; e a junção da sílaba inicial de uma série de palavras para formar um vocábulo (Bélgica, Nederland – Países Baixos – e Luxemburgo = Benelux). Mas, como podemos perceber a presença dessa teoria na comunicação virtual? Simples! Basta lembrar siglas, abreviações e reduções típicas, como: fds (final de semana); blz (beleza); vc (você); n (não), tb (também); etc. Além disso, o que se pode observar é uma escrita informal, coloquial, reduzida, cheia de abreviações e em estilo telegráfico, em que os acentos gráficos e até mesmo os pontos de interrogação são raros. É aí que esse tipo de linguagem se aproxima da oralidade, sem a preocupação com regras de ortografia ou de sintaxe, assim como acontece no nosso dia-a-dia. Recolhi alguns exemplos de sites como Orkut e Twitter, além de conversas em MSN, as quais apresentam aqui em fragmentos e sem autoria, a fim de respeitar a particularidade dos internautas, em grande parte, piraporenses. - Se viu que legal - esta ancioso p/ ir a pizaria - ooh brigaduu - d´nads - Magina, que eu ia esquecer de te dar os parabens.. No primeiro exemplo, a intenção foi dizer “Você viu que legal?”, porém, a palavra “você”, reduzida às duas últimas letras (ce), ainda sofreu alteração, chegando a Se. Aqui fica claro que foi usada a oralidade, a linguagem informal do nosso cotidiano. Além disso, não houve a representação da pergunta por meio do ponto de interrogação. No segundo exemplo, além da falta de interrogação (uma vez que a proposta foi perguntar se o interlocutor tinha ansiedade de ir à pizzaria), houve dois erros de ortografia e um de crase, já que o verbo Ir exige a preposição A que, juntamente com o artigo feminino A, formam uma crase. A abreviação ocorreu com a palavra “para” (p/). Os terceiro e quarto exemplos mostram uma sequência de conversa, um agradecimento (obrigado – obs.: dito por uma internauta, a qual deveria dizer “obrigada”, com A) e sua respectiva resposta (de nada), numa maneira bem jovial e inovadora de se comunicar. Além da falta de acentuação no quinto exemplo, a palavra “Magina”, que remete a “imagina”, evidencia também a necessidade de rapidez do mundo moderno. Desta forma, inúmeras construções linguísticas são feitas no mundo virtual. Na próxima semana, analisaremos mais algumas. Aproveitem o Carnaval com responsabilidade... Até lá! JULIANA BARRETO – PROFª DE LÍNGUA PORTUGUESA – Matéria publicada pelo Jornal A Semana, de Pirapora/MG, em 12/02/2010.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

PLANTÃO DO VESTIBULANDO Uma maneira simples de aprender a como chegar lá... A linguagem que circula na rede Olá, pessoal! Estou de volta com o Plantão do Vestibulando, semanalmente, a fim de propiciar a vocês, amigos leitores, mais um ano de muita aprendizagem no tocante à nossa Língua Portuguesa. Que 2010 seja repleto de felicidades a todos vocês. E, para começarmos o ano com bastante informação interessante, trouxe para vocês uma curta análise, feita com a ajuda da internet, sobre a linguagem virtual que circula pelos messengers, salas de bate-papo e demais sites e meios de relacionamento pela internet. Mas, antes de explicar os possíveis motivos de se usar “blz” em vez de “beleza” e apresentar erros engraçados e gravíssimos de acentuação, ortografia e sintaxe, irei discutir um pouco da teoria de comunicação social que está por trás disso tudo. Vamos lá? Nós sabemos que a comunicação não se mantém estática. Antes, por ser um fator humano, modifica-se de acordo com as necessidades que o mesmo apresenta no passar do tempo, nos aspectos político, econômico, social, cultural. Obviamente, a comunicação foi-se adaptando a cada momento específico da história da humanidade e, hoje, com a globalização, ampliaram-se relevantemente as tecnologias e formas de se comunicar. Por exemplo, a internet; indispensável nos dias atuais para a efetivação de qualquer tipo de vínculo, pessoal, profissional e até mesmo emocional. Daí a necessidade de se estudar a linguagem empregada nesse veículo, muitas vezes tão diferente da norma considerada padrão pelas gramáticas. É a sociolinguística, ciência de estudo da linguagem, que se preocupa em desvendar os mistérios da linguagem virtual. Percebemos que a comunicação dos chats, e-mails, blogs e sites de relacionamento expõem as conversas de pessoas de diferentes lugares do mundo, em tempo real, evidenciando sua forma individual de escrita. Cada falante que navega na internet deixa transparecer seus dialetos, registros linguísticos e maneiras particulares de se comunicar que são como “marcas” de uma época, de uma região, faixa etária, sexo, tipo de cultura ou mesmo de determinada pessoa em particular. Muito mais próximas da linguagem oral (liberta de regras) do que da escrita (cheia de normas), as conversas virtuais mostram ser uma espécie nova de modalidade de linguagem. O mundo globalizado procura reduzir o tempo gasto nas atividades cotidianas. As mulheres equilibram carreiras profissionais com afazeres domésticos e filhos; os homens se veem numa era de concorrência extrema, em que não se pode mais perder tempo com coisas inúteis; os jovens cada vez mais tentam conciliar os estudos com o trabalho e sua vida social cercada de amigos e relacionamentos amorosos. Enfim, o precioso tempo do homem moderno não pode ser gasto com conversas demoradas ao telefone, nem com documentações que demoram dias para chegarem ao destino, tudo deve ser resolvido o mais rápido possível. E, assim, chega-se à necessidade de abreviar palavras, eliminar acentos e economizar tempo na comunicação virtual. Expressões como “fim de semana” passam a ser escritas como “fds”, “beleza” vira “blz”, sofrendo cortes em vogais, consoantes, e em sílabas. Ou, simplesmente, viram um ícone, um “emotion” :) ... Isso acontece de várias maneiras, mas isso é assunto para uma outra conversa. É isso. Até a próxima, pessoal! Sigam-me no Twitter: http://twitter.com/JuABarreto JULIANA BARRETO – PROFª DE LÍNGUA PORTUGUESA – Matéria publicada pelo Jornal A Semana, de Pirapora/MG, em 05/02/2010.