Literatura:
Estilos de Época – SIMBOLISMO
Olá,
pessoal! O estilo de época que irá surgir já no final do século XIX e se
estende pelo século XX chama-se SIMBOLISMO. Tem seu início com a publicação de
dois livros: Missal (prosa) e Broquéis (poesia), ambos de Cruz e Sousa.
O Simbolismo começa por ser a
negação do Realismo e suas manifestações. Essa nova estética nega o
cientificismo, o materialismo, o racionalismo; valorizando, em contrapartida,
as manifestações metafísicas e espirituais (o que negava o Naturalismo e o
Parnasianismo). Nesse estilo, a realidade objetiva não interessa mais; o homem
volta-se para uma realidade subjetiva. O eu do poeta passa a ser o universo,
mas não o eu superficial, sentimental do Romantismo: os simbolistas vão em
busca da essência do ser humano, aquilo que ele tem de mais profundo e comum
com todos - a alma. Daí vem a sublimação tão procurada pelos simbolistas: a
oposição entre a matéria e o espírito, entre o corpo e a alma, a purificação.
Por causa do subjetivismo, o Simbolismo desenvolve uma linguagem carregada de
símbolos, daí o nome desta escola literária. Uma das características mais
fortes da estética simbolista é a musicalidade que mexe com a percepção e os
sentidos das pessoas: Há o uso constante de sinestesias (mistura dos órgãos
humanos de sentido) e aliterações (uso abusivo de sons consonantais); prevalecem
também rima e ritmo. Há, na poesia simbolista, um clima de mistério. A única
certeza é de que o mundo não revela o que, efetivamente, é. Os dois principais
nomes do Simbolismo brasileiro são Alphonsus de Guimaraens e Cruz e Sousa.
Quando
os sons dos violões vão soluçando,
Quando
os sons dos violões nas cordas gemem,
E
vão dilacerando e deliciando,
Rasgando
as almas que nas sombras tremem.
Harmonias
que pungem, que laceram,
Dedos
Nervosos e ágeis que percorrem
Cordas
e um mundo de dolências geram,
Gemidos,
prantos, que no espaço morrem...
E
sons soturnos, suspiradas magoas,
Mágoas
amargas e melancolias,
No
sussurro monótono das águas,
Noturnamente,
entre ramagens frias.
Vozes
veladas, veludosas vozes,
Volúpias
dos violões, vozes veladas,
Vagam
nos velhos vórtices velozes
Dos
ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.
Tudo
nas cordas dos violões ecoa
E
vibra e se contorce no ar, convulso...
Tudo
na noite, tudo clama e voa
Sob
a febril agitação de um pulso.
No
trecho acima, pertencente a Cruz e Sousa, os violões, símbolos que podem
representar, nesse contexto, o corpo feminino, aparecem como elementos de
sensualidade, comprovados em vocábulos como: soluçando, gemem, deliciando, etc.
Além disso, a musicalidade e a rima aparecem como geradores de aliterações com
a letra V e também Z. É isso, pessoal.
Até
a próxima...
*Matéria publicada no Jornal A Semana, de Pirapora-MG, por Juliana Barreto Profª de Língua Portuguesa, formada em Letras pela Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES Contato: ahhfalaserio@hotmail.com Página no Facebook: http://www.facebook.com/nossaquefacil