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sexta-feira, 30 de março de 2012

Literatura: Estilos de Época – SIMBOLISMO


Literatura: Estilos de Época – SIMBOLISMO

Olá, pessoal! O estilo de época que irá surgir já no final do século XIX e se estende pelo século XX chama-se SIMBOLISMO. Tem seu início com a publicação de dois livros: Missal (prosa) e Broquéis (poesia), ambos de Cruz e Sousa.
            O Simbolismo começa por ser a negação do Realismo e suas manifestações. Essa nova estética nega o cientificismo, o materialismo, o racionalismo; valorizando, em contrapartida, as manifestações metafísicas e espirituais (o que negava o Naturalismo e o Parnasianismo). Nesse estilo, a realidade objetiva não interessa mais; o homem volta-se para uma realidade subjetiva. O eu do poeta passa a ser o universo, mas não o eu superficial, sentimental do Romantismo: os simbolistas vão em busca da essência do ser humano, aquilo que ele tem de mais profundo e comum com todos - a alma. Daí vem a sublimação tão procurada pelos simbolistas: a oposição entre a matéria e o espírito, entre o corpo e a alma, a purificação. Por causa do subjetivismo, o Simbolismo desenvolve uma linguagem carregada de símbolos, daí o nome desta escola literária. Uma das características mais fortes da estética simbolista é a musicalidade que mexe com a percepção e os sentidos das pessoas: Há o uso constante de sinestesias (mistura dos órgãos humanos de sentido) e aliterações (uso abusivo de sons consonantais); prevalecem também rima e ritmo. Há, na poesia simbolista, um clima de mistério. A única certeza é de que o mundo não revela o que, efetivamente, é. Os dois principais nomes do Simbolismo brasileiro são Alphonsus de Guimaraens e Cruz e Sousa.
Quando os sons dos violões vão soluçando,
Quando os sons dos violões nas cordas gemem,
E vão dilacerando e deliciando,
Rasgando as almas que nas sombras tremem.

Harmonias que pungem, que laceram,
Dedos Nervosos e ágeis que percorrem
Cordas e um mundo de dolências geram,
Gemidos, prantos, que no espaço morrem...

E sons soturnos, suspiradas magoas,
Mágoas amargas e melancolias,
No sussurro monótono das águas,
Noturnamente, entre ramagens frias.

Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.

Tudo nas cordas dos violões ecoa
E vibra e se contorce no ar, convulso...
Tudo na noite, tudo clama e voa
Sob a febril agitação de um pulso.

No trecho acima, pertencente a Cruz e Sousa, os violões, símbolos que podem representar, nesse contexto, o corpo feminino, aparecem como elementos de sensualidade, comprovados em vocábulos como: soluçando, gemem, deliciando, etc. Além disso, a musicalidade e a rima aparecem como geradores de aliterações com a letra V e também Z. É isso, pessoal.
Até a próxima...


*Matéria publicada no Jornal A Semana, de Pirapora-MG, por Juliana Barreto Profª de Língua Portuguesa, formada em Letras pela Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES Contato: ahhfalaserio@hotmail.com Página no Facebook: http://www.facebook.com/nossaquefacil

Literatura: Estilos de Época – A perfeição do PARNASIANISMO


Literatura: Estilos de Época – A perfeição do PARNASIANISMO

Olá, pessoal! Daremos continuidade aos nossos estudos literários. Paralelamente à ficção dita REALISTA e NATURALISTA (estudadas anteriormente), a ruptura com a visão de mundo romântica provoca o surgimento de uma tendência poética a que se denomina PARNASIANISMO.
O Parnasianismo brasileiro foi um afastamento do realismo social, em direção ao esteticismo e a temas universais já consagrados pela tradição literária europeia (temas orientais, helênicos e da tradição romântica). Foi típica desse movimento a criação de uma ilusão de impassibilidade do poeta diante dos objetos que representava em seus poemas. A atitude do poeta foi fundamentalmente descritiva. Ele difundiu um culto acadêmico da "arte pela arte": procura por uma correção gramatical, pelo preciosismo das palavras, pela obsessão de clareza e pelo rigor formal.
“O nome Parnaso diz respeito à figura mitológica que nomeia uma montanha na Grécia, morada de musas e do deus Apolo, local de inspiração para os poetas. A escola adota uma linguagem mais trabalhada, empregando palavras sofisticadas e incomuns, dispostas na construção de frases, atendendo às necessidades da métrica e ritmo regulares, que dificultam a compreensão, mas que lhes são característicos. Para os parnasianos, a poesia deve pintar objetivamente as coisas sem demonstrar emoção.” (Fonte: Portal São Francisco).
Não podemos esquecer que Apolo era considerado o deus da perfeição física. Inspiração mais do que adequada para escritores que buscaram, a todo o momento, a perfeição física do poema.
            As principais características do Parnasianismo são: a contenção lírica, o rigor formal, a impessoalidade, a presença da cultura clássica, o culto da forma e a valorização da arte pela arte. Os principais autores são: Olavo Bilac, Alberto de Oliveira e Raimundo Correia.
VASO GREGO
(Alberto de Oliveira)
Esta de áureos relevos, trabalhada
De divas mãos, brilhante copa, um dia,
Já de aos deuses servir como cansada
Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.

Era o poeta de Teos que a suspendia
Então, e, ora repleta ora esvasada,
A taça amiga aos dedos seus tinia,
Toda de roxas pétalas colmada.

Depois... Mas o lavor da taça admira,
Toca-a, e do ouvido aproximando-a, às bordas
Finas hás-de lhe ouvir, canora e doce,

Ignota voz, qual se da antiga lira
Fosse a encantada música das cordas,
Qual se essa voz de Anacreonte fosse.

A métrica rígida e a forma fixa em soneto (dois quartetos e dois tercetos) evidenciam a busca pela perfeição nos versos acima. Até a próxima...


*Matéria publicada no Jornal A Semana, de Pirapora-MG, por Juliana Barreto Profª de Língua Portuguesa, formada em Letras pela Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES Contato: ahhfalaserio@hotmail.com Página no Facebook: http://www.facebook.com/nossaquefacil

Estilos de Época – REALISMO/ NATURALISMO


Literatura: Estilos de Época – REALISMO/ NATURALISMO

Olá, pessoal! “Gastei trinta dias para ir do Rossio Grande ao coração de Marcela, não já cavalgando o corcel do cego desejo, mas o asno da paciência, a um tempo manhoso e teimoso. Que, em verdade, há dois meios de granjear a vontade das mulheres: o violento, como o touro de Europa, e o insinuativo, como o cisne de Leda e a chuva de ouro de Dânae, três inventos do padre Zeus, que, por estarem fora de moda, aí ficaram trocados no cavalo e no asno. (...) Ocorre-me uma reflexão imoral que é ao mesmo tempo uma correção de estilo. Cuido haver dito, no capítulo XIV, que Marcela morria de amores pelo Xavier. Não morria, vivia. Viver não é a mesma coisa que morrer, assim o afirmam todos os joalheiros desse mundo, gente muito vista na gramática. Bons joalheiros, que seria do amor se não fossem os vossos dixes e fiados?(...) ...Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis; nada menos.” (Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis).
O trecho acima trata a respeito do amor, mas não de forma subjetiva e ultrarromântica, como houve no Romantismo. Ao contrário, a visão a respeito do amor, na obra de Machado de Assis, é muito mais objetiva e realista. Essa característica da descrição objetiva e realista dos sentimentos e das coisas é o que envolve o estilo de época chamado de REALISMO.
Isso mesmo, pessoal! Na última edição, aprendemos sobre o estilo de época Romantismo. Agora, vemos uma mudança de postura da sociedade. Durante os momentos finais do século XIX, muitas mudanças ocorreram no mundo: o socialismo científico de Marx e Engels, a Segunda Revolução Industrial, Lutas operárias, Progresso da Biologia, influência de correntes filosóficas como o Positivismo de Augusto Conte, o Evolucionismo de Charles Darwin, o Determinismo de Taine e o Materialismo; tudo isso contribuindo para uma postura muito mais centrada na razão, diferenciando-se das paixões insanas que levaram, durante o início do século, os românticos ao mal-do-século.
No Brasil, o ciclo do café, a abolição da escravatura em 1888, a proclamação da República em 1889 e o desenvolvimento da imprensa propiciaram uma intensificação nas características do Realismo:
ü  Tendência à observação;
ü  Objetivismo, ausência da idealização;
ü  Sensualismo;
ü  Lentidão narrativa e descritiva;
ü  Concepção do amor como um fato predominantemente filosófico;
ü  Predominância do espaço urbano.
O NATURALISMO foi um Estilo de Época que também aconteceu no final do século XIX, mantendo algumas características comuns ao Realismo, porém intensificando-as, como se o Naturalismo fosse um Realismo exagerado. Um excelente escritor do Naturalismo foi Aluísio de Azevedo, autor de O cortiço, O mulato, Casa de Pensão, obras que mantêm algumas características comuns, como:
ü  Cientificismo;
ü  Animalização do homem;
ü  Visão radicalmente determinista;
ü  Interesse pelas classes baixas;
ü  Amoralismo;
ü  Gosto pelo patológico (doenças, deformações físicas, taras).
É isso aí, pessoal! Observem que esses estilos que vimos nesta semana procuraram descrever o ser humano e a vida de forma mais fiel ao contexto da época, trazendo inovações à Literatura Brasileira. Até a próxima...


*Matéria publicada no Jornal A Semana, de Pirapora-MG, por Juliana Barreto Profª de Língua Portuguesa, formada em Letras pela Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES Contato: ahhfalaserio@hotmail.com Página no Facebook: http://www.facebook.com/nossaquefacil

domingo, 11 de março de 2012

Literatura: Estilos de Época - ROMANTISMO


PLANTÃO DO VESTIBULANDO
Uma maneira simples de aprender a como chegar lá...
                    Literatura: Estilos de Época - ROMANTISMO*

Olá, pessoal! Até a última matéria do Plantão Do Vestibulando, eu trouxe a vocês uma breve apresentação do que foi o Arcadismo, estilo de época do século XVIII. Logo em seguida, tivemos a explosão do ROMANTISMO, no séc. XIX, trazendo uma busca pela “cara” do Brasil, por algo que representasse nossa raiz: encontrou-se o índio.
A necessidade de expor nossa nacionalidade e patriotismo fez com que poetas como Gonçalves Dias (aquele do “Minha Terra tem palmeiras, onde canta o sabiá...”) relatassem todo o seu amor por nossa fauna, flora e também pelo índio. Este passou a ser idealizado em um símbolo de beleza, força, virilidade, coragem e caráter.
Além disso, alguns autores românticos entraram numa “onda” de Mal-do-Século e retrataram o amor como algo mórbido, capaz de conduzir o homem ao caos. Era o Ultrarromantismo, um amor exagerado e inconsequente, que arrastava poetas à bebida, à boemia e, consequentemente, à morte. Como aconteceu com Álvares de Azevedo, poeta que perdeu sua emoção de viver devido a amores não correspondidos e demonstrou, em poemas melancólicos, um culto à morte. O poeta morreu com vinte e poucos anos, à imagem de muitos poetas românticos da época, no Brasil e no mundo.
Vejam alguns versos de Azevedo:
Quando em meu peito rebentar-se a fibra
Que o espírito enlaça à dor vivente,
Não derramem por mim nem uma lágrima
Em pálpebra demente.
(...)
Descansem o meu leito solitário
Na floresta dos homens esquecida,
À sombra de uma cruz, e escrevam nela
— Foi poeta — sonhou — e amou na vida.—
Não podemos nos esquecer de Castro Alves, poeta romântico que, ao contrário dos ultrarromânticos, não falou de amor, mas de uma luta contra a escravidão, mostrando uma poesia de cunho social. Como vocês puderam perceber, o Estilo de Época Romantismo foi bastante eclético e trouxe uma visão totalmente diferenciada do que havia sido visto durante o estilo anterior.
Na prosa, o maior ícone, com certeza, foi José de Alencar que, com seus romances urbanos, rurais, indígenas, etc., conduziu uma singeleza única na caracterização da mulher. Esta, retratada de forma praticamente europeizada, aparece nos textos de Alencar como virgem, delicada em seus traços e atitudes, naturalmente muito infantil, loira, muito branca (pálida), de olhos claros, geralmente azuis, numa forma paradoxal de retratar o Brasil. Isso vem nos mostrar como que, contraditoriamente, o Romantismo esboçou a realidade brasileira, mas, ao mesmo tempo, acabou por nos proporcionar cópias europeias. Não podemos esquecer que nem a lendária Iracema, virgem dos lábios de mel, escapou da europeização em suas características: Iracema é anagrama de América, e demonstra o surgimento das raças; entretanto, é tão virgem e delicada quanto Ceci, mulher branca, de descendência europeia, na obra O Guarani. De qualquer forma, foi uma tentativa de buscar na figura indígena a marca originária do nosso país. Apenas no Modernismo, estilo de época ocorrido no século XX, que essa conquista avança em passos largos e efetivos.
É isso aí, pessoal! Até a próxima...


*Matéria publicada no Jornal A Semana, de Pirapora-MG, por Juliana Barreto Profª de Língua Portuguesa, formada em Letras pela Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES Contato: ahhfalaserio@hotmail.com