PLANTÃO
DO VESTIBULANDO
Uma maneira simples de aprender a como chegar lá...
ESTUDANDO
PARA O ENEM: ANÁLISE DE TEXTOS - IX
Olá,
pessoal! Dando sequência à nossa análise de textos, o poema escolhido para esta
semana é um fragmento modernista. Leiam e vejam os comentários!
À
dolorosa luz das grandes lâmpadas elétricas da fábrica
Tenho
febre e escrevo.
Escrevo
rangendo os dentes, fera para a beleza disto,
Para
a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.
Ó
rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno!
Forte
espasmo retido dos maquinismos em fúria!
Em
fúria fora e dentro de mim,
Por
todos os meus nervos dissecados fora,
Por
todas as papilas fora de tudo com que eu sinto!
Tenho
os lábios secos, ó grandes ruídos modernos,
De
vos ouvir demasiadamente de perto,
E
arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso
De
expressão de todas as minhas sensações,
Com
um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas! (...) (Álvaro de Campos)
Esse
fragmento de Ode Triunfal, de Álvaro
de Campos, é, em minha opinião, o maior exemplo da chegada do Modernismo na
Literatura. O português utilizou de apóstrofes
(vocativo), objetivando evidenciar uma conversa com a máquina. Por tal efeito,
perfaz-se também a figura de linguagem conhecida como prosopopeia: é feita no poema uma personificação da máquina, uma
vez que esta é reproduzida através de características humanas, por sua beleza,
fúria, etc. São reproduzidos os sons das engrenagens através de onomatopeias, o que nos leva a
acreditar que o autor tentou mostrar ambos os lados da tecnologia do início do
século XX: a beleza da modernidade, com sua rapidez e progresso e, ao mesmo
tempo, as consequências socioeconômicas, pois, muitos operários foram demitidos
quando a máquina tomou o lugar do seu próprio criador: o homem. Além disso, o
barulho ensurdecedor das fábricas tanto indica progresso como incômodo.
Basta
lembrar que o poema retrata um período que ficou conhecido como Belle
Époque: a sociedade que, até então, andava a pé e sonhava em voar,
passa a conhecer a tecnologia do automóvel, do avião. Cultua-se a beleza e o
glamour, nas boulevards, nos cinemas,
e até mesmo nos cabarés. E, em contrapartida, inúmeros problemas sociais e
econômicos passam a fazer parte do cotidiano das pessoas. Enfim, o Modernismo,
em sua característica de literatura engajada, procurou retratar a realidade
crítica da época, mesmo que, aparentemente, a Ode (poema de exaltação) pareça
mostrar apenas o que há de positivo nesse contexto.
É
isso aí, pessoal. Até a próxima...
JULIANA BARRETO
– Profª de Língua Portuguesa
*Matéria publicada no Jornal A Semana, de Pirapora-MG, por Juliana Barreto Profª de Língua Portuguesa, formada em Letras pela Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES Contato: ahhfalaserio@hotmail.com Página no Facebook: http://www.facebook.com/nossaquefacil
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