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terça-feira, 3 de novembro de 2009

A Crônica

PLANTÃO DO VESTIBULANDO

Uma maneira simples de aprender a como chegar lá...

A Crônica

Olá, pessoal! Vamos aprender um pouco sobre o tipo textual chamado crônica? Crônica é um gênero literário produzido essencialmente para ser veiculado na imprensa. Além disso, o cronista se inspira nos acontecimentos diários e lhes dá um toque próprio, incluindo em seu texto elementos como ficção, fantasia e criticismo. Vejamos a crônica abaixo: Conversinha Mineira* - Fernando Sabino

- É bom mesmo o cafezinho daqui, meu amigo?

- Sei dizer não senhor: não tomo café.

- Você é dono do café, não sabe dizer?

- Ninguém tem reclamado dele não senhor.

- Então me dá café com leite, pão e manteiga.

- Café com leite só se for sem leite.

- Não tem leite?

- Hoje, não senhor.

- Por que hoje não?

- Porque hoje o leiteiro não veio.

- Quando é que ele vem?

- Tem dia certo não senhor. Às vezes vem, às vezes não vem.

- Mas ali fora está escrito "Leiteria"!

- Ah, isso está, sim senhor.

- Quando é que tem leite?

- Quando o leiteiro vem.

- Está bem, você ganhou. Me traz um café com leite sem leite. Escuta uma coisa: como é que vai indo a política aqui na sua cidade?

- Sei dizer não senhor: eu não sou daqui.

- E há quanto tempo o senhor mora aqui?

- Vai para uns quinze anos.

- Já dava para saber como vai indo a situação, não acha?

- Ah, o senhor fala da situação? Dizem que vai bem.

- E o Prefeito? Que tal o Prefeito daqui?

- O Prefeito? É tal e qual eles falam dele.

- Que é que falam dele?

- Dele? Uai, esse trem todo que falam de tudo quanto é Prefeito.

- Você, certamente, já tem candidato.

- Quem, eu? Estou esperando as plataformas.

- Mas tem ali o retrato de um candidato dependurado na parede, que história é essa?

- Aonde, ali? Uê, gente: penduraram isso aí...

*Crônica extraída do livro A Mulher do Vizinho, de 1962. (Adaptado)

Vejam que, além do tom humorístico e da presença do linguajar mineiro, o cronista acrescentou um tom crítico e chama a atenção do leitor para a alienação das pessoas, principalmente quanto à política e à situação de sua sociedade. O autor trabalha com o microcosmo da leiteria, relacionando-o ao macrocosmo da cidade e quer evidenciar que o personagem, não sabendo o que se passa em seu próprio estabelecimento comercial, muito menos consegue absorver o que se passa na política da cidade. Ambos os ambientes não são percebidos por ele, daí a sua alienação. É isso aí, pessoal. Até a próxima!

JULIANA BARRETO – PROFª DE LÍNGUA PORTUGUESA – Matéria publicada pelo Jornal A Semana, de Pirapora/MG, em out/2009.

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