PLANTÃO DO VESTIBULANDO
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A Crônica
Olá, pessoal! Vamos aprender um pouco sobre o tipo textual chamado crônica? Crônica é um gênero literário produzido essencialmente para ser veiculado na imprensa. Além disso, o cronista se inspira nos acontecimentos diários e lhes dá um toque próprio, incluindo em seu texto elementos como ficção, fantasia e criticismo. Vejamos a crônica abaixo: Conversinha Mineira* - Fernando Sabino
- É bom mesmo o cafezinho daqui, meu amigo?
- Sei dizer não senhor: não tomo café.
- Você é dono do café, não sabe dizer?
- Ninguém tem reclamado dele não senhor.
- Então me dá café com leite, pão e manteiga.
- Café com leite só se for sem leite.
- Não tem leite?
- Hoje, não senhor.
- Por que hoje não?
- Porque hoje o leiteiro não veio.
- Quando é que ele vem?
- Tem dia certo não senhor. Às vezes vem, às vezes não vem.
- Mas ali fora está escrito "Leiteria"!
- Ah, isso está, sim senhor.
- Quando é que tem leite?
- Quando o leiteiro vem.
- Está bem, você ganhou. Me traz um café com leite sem leite. Escuta uma coisa: como é que vai indo a política aqui na sua cidade?
- Sei dizer não senhor: eu não sou daqui.
- E há quanto tempo o senhor mora aqui?
- Vai para uns quinze anos.
- Já dava para saber como vai indo a situação, não acha?
- Ah, o senhor fala da situação? Dizem que vai bem.
- E o Prefeito? Que tal o Prefeito daqui?
- O Prefeito? É tal e qual eles falam dele.
- Que é que falam dele?
- Dele? Uai, esse trem todo que falam de tudo quanto é Prefeito.
- Você, certamente, já tem candidato.
- Quem, eu? Estou esperando as plataformas.
- Mas tem ali o retrato de um candidato dependurado na parede, que história é essa?
- Aonde, ali? Uê, gente: penduraram isso aí...
*Crônica extraída do livro A Mulher do Vizinho, de 1962. (Adaptado)
Vejam que, além do tom humorístico e da presença do linguajar mineiro, o cronista acrescentou um tom crítico e chama a atenção do leitor para a alienação das pessoas, principalmente quanto à política e à situação de sua sociedade. O autor trabalha com o microcosmo da leiteria, relacionando-o ao macrocosmo da cidade e quer evidenciar que o personagem, não sabendo o que se passa em seu próprio estabelecimento comercial, muito menos consegue absorver o que se passa na política da cidade. Ambos os ambientes não são percebidos por ele, daí a sua alienação. É isso aí, pessoal. Até a próxima!
JULIANA BARRETO – PROFª DE LÍNGUA PORTUGUESA – Matéria publicada pelo Jornal A Semana, de Pirapora/MG, em out/2009.
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