PLANTÃO
DO VESTIBULANDO
Uma maneira simples de aprender a como chegar lá...
ESTUDANDO
PARA O ENEM: ANÁLISE DE TEXTOS - X
Olá,
pessoal! Como nas provas do Enem sempre aparecem poemas e, geralmente, dois ou
três textos para serem comparados entre si, façamos uma análise de dois,
pertencentes ao mesmo autor: Vinicius de Moraes.
Obs.: Para não nos estendermos no
espaço desta coluna, os versos foram separados por barras ( / ).
Texto
1: Eu Sei Que Vou Te Amar
Eu sei que vou te amar/ Por toda a minha vida eu vou
te amar/ Em cada despedida eu vou te amar/ Desesperadamente/ Eu sei que vou te
amar/ E cada verso meu será pra te dizer/ Que eu sei que vou te amar/ Por toda
a minha vida/ Eu Sei que vou chorar/ A cada ausência tua eu vou chorar,/ Mas
cada volta Tua há de apagar/ O que essa ausência tua me causou/ Eu sei que vou
sofrer/ A eterna desventura de viver a espera/ De viver ao lado teu/ Por Toda a
minha vida.
Texto 2: Soneto de fidelidade
De tudo ao meu amor serei atento/ Antes, e com tal
zelo, e sempre, e tanto/ Que mesmo em face do maior encanto/ Dele se encante
mais meu pensamento./ Quero vivê-lo em cada vão momento/ E em seu louvor hei de
espalhar meu canto/ E rir meu riso e derramar meu pranto/ Ao seu pesar ou seu
contentamento./ E assim, quando mais tarde me procure/ Quem sabe a morte,
angústia de quem vive/ Quem sabe a solidão, fim de quem ama/ Eu possa me dizer
do amor (que tive):/ Que não seja imortal, posto que é chama/ Mas que seja
infinito enquanto dure.
Observa-se
que, em ambos, o tema amoroso prevalece. No Texto 1, há a certeza de que o
eu-lírico amará a mulher amada por toda sua vida. Há, também, uma idealização
desta mulher, uma vez que sua ausência será não só sentida, como sofrida e
esperada, mesmo que por toda a eternidade. A cumplicidade amorosa e o amor
cortês presentes nesse texto relembram a segunda fase da poesia do Romantismo,
na qual, sob a influência do poeta inglês Lord Byron, acontece o chamado
ultrarromantismo: o amor exagerado e sofrido. No texto II, a temática amorosa
também é construída por exageros (hipérboles) e idealizações: cuidar do seu
amor com zelo, encantar-se dele de maneira quase absoluta. Percebe-se a
presença de pleonasmos (repetições de ideias), como em “rir meu riso”, como
também de outras figuras de linguagem, principalmente o hipérbato, responsável
pela inversão da ordem direta das frases.
Entretanto,
nesse texto se percebe algo que se contrapõe ao primeiro. Enquanto “Eu sei que
vou te amar” trabalha com um amor afirmado pelo locutor como eterno (“Por toda
a minha vida”) e de modo incondicional (“Eu sei que vou sofrer”), no “Soneto de
fidelidade”, não apenas o amor mas também a própria fidelidade a que se refere
o título são questionáveis. Percebam: há a presença do ato de amar no passado
(“que tive”), além de se dizer “que seja infinito enquanto dure”. Ora, afirmar
que haja uma duração contradiz a ideia do infinito. Essa questão foi levantada
pelos estudiosos em Literatura como “A crise da Eternidade”: é como se, por
pertencerem a fases diferentes do mesmo autor, em relação ao tempo, ou até
mesmo em relação à sua própria identidade e personalidade, esse soneto quebrasse
a ideia de amor eterno e incondicional presente no primeiro.
Talvez
pelo reflexo da efemeridade das relações contemporâneas, talvez pelos próprios
sentimentos do poeta derramados ali como efeito de catarse, o que se conclui é
que os poemas citados, mesmo tendo a mesma temática geral (o amor), contrapõem-se
no que diz respeito ao amor eterno ou ao amor que será vivenciado intensamente,
mas apenas enquanto durar.
É
isso. Até a próxima...
JULIANA BARRETO
– Profª de Língua Portuguesa
*Matéria publicada no Jornal A Semana, de Pirapora-MG, por
Juliana Barreto
Profª de Língua Portuguesa, formada em Letras pela Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES
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