Pesquise aqui

 

terça-feira, 29 de junho de 2010

Prever, prover, provir *PASQUALE CIPRO NETO

Prever, prover, provir *


PASQUALE CIPRO NETO **



Está escrito no Código Penal e transcrito nos talões de cheques de vários bancos: "Incide em crime de estelionato aquele que emite cheque sem suficiente provisão de fundos...".



O que significa "provisão"? Os dicionários dizem que é sinônimo de "provimento".



Em "provimento", encontra-se "ato de prover", portanto "provisão" também é "ato de prover". E em "prover" encontra-se extensa lista de significados, que inclui "fornecer, suprir, munir, abastecer".



Moral da história: é preciso prover a conta bancária, ou seja, abastecê-la com o devido combustível, o dinheiro.



Prover é uma daquelas tantas palavras que, quando muito, fazem parte do nosso vocabulário passivo. Conhecemos, mas poucas vezes usamos.



Você nunca saiu de casa dizendo que ia prover o carro. Ou já saiu? É pouco provável. Mas, com o advento dos computadores e da Internet, surgiu a figura do "provedor".



Quem é o provedor? Simplesmente aquele que provê, ou seja, aquele que abastece o reservatório de informações que interessam aos assinantes.



E a palavra "provedor" passou a fazer parte de nosso vocabulário ativo, o que não ocorre com as cognatas "prover", "provisão" e "provimento".



Antes que alguém pergunte, são cognatas as palavras que têm raiz comum, como homem, humano, humanidade.



Bem, já que a palavra "provedor" entrou na dança, alguém pode ficar tentado a conjugar o verbo "prover".



E é aí que a roda pega. Esse verbo é híbrido. No presente do indicativo e no presente do subjuntivo, sua conjugação segue a do verbo "ver".



Então, se eu vejo, eu provejo. Se ele vê, ele provê. E, se eles vêem, eles provêem.



O caminho é o mesmo no subjuntivo. Se ela quer que eu veja, ela quer que eu proveja. Se ela quer que eles vejam, ela quer que eles provejam.



E por que o verbo é híbrido? Porque nos demais tempos sua conjugação é regular, ou seja, é igual à de qualquer verbo regular terminado em "er", como beber, bater, vender.



Vamos lá. Se ele bebeu, bateu, vendeu, então ele proveu. Se eles beberam, bateram, venderam, então eles proveram.



A coisa é enjoada. Quando se misturam alguns dos verbos que dão título a esta coluna, então, a coisa fica feia de vez.



Foi o que fez há algum tempo a Fuvest, que elabora o vestibular da USP. "Ele previu a seca e proveu a casa", dizia uma frase da prova de português.



Improváveis na linguagem oral, essas formas verbais talvez habitem algum texto culto. E não custa saber: previu é de prever; proveu é de prover.



E provir? Derivado de vir, é ótimo assunto para a próxima coluna. É isso.





* In Folha de S. Paulo de 25/3/1999. :: 26/03/1999

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Comentários sobre a Prova da Unimontes – As funções do SE

PLANTÃO DO VESTIBULANDO


Uma maneira simples de aprender a como chegar lá...

Comentários sobre a Prova da Unimontes – As funções do SE

Olá, pessoal. Atendendo aos pedidos dos meus leitores, vou comentar sobre o assunto de uma das questões da prova do processo seletivo que aconteceu no último dia 13, à tarde, da UNIMONTES: o uso do SE e suas funções. Vamos lá?

A palavra SE pode exercer diversas funções dentro da língua portuguesa:



a) Pronome apassivador ou partícula apassivadora: Aparece na formação da voz passiva sintética com verbos transitivo direto, e transitivo direto e indireto. Na prática, a frase pode ser transposta para a passiva analítica (com dois verbos). Ex.: Reformam-se móveis velhos. (= Móveis velhos são reformados.)



b) Índice de indeterminação do sujeito: Aparece junto a verbo intransitivo ou transitivo indireto..Como o nome já diz, quando exerce essa função, a palavra SE indetermina o sujeito da oração. Esse tipo de oração não admite a passagem para a voz passiva analítica e o verbo estará sempre na 3º pessoa do singular. Ex.: Vive-se bem naquele país.



c) Pronome reflexivo:.Usado para indicar que a ação praticada pelo sujeito recai sobre ele mesmo (voz reflexiva). É substituível por: a si mesmo, a si próprio etc. Ex.: O lenhador machucou-se com a foice. (= machucou a si mesmo)



d) Pronome reflexivo recíproco:.Usado para indicar que a ação praticada por um dos elementos do sujeito recai sobre o outro elemento do sujeito e vice-versa. Na prática, é substituível por: um ao outro, uns aos outros etc. Ex.: Pai e filho abraçaram-se emocionados. (= abraçaram um ao outro)



e) Parte integrante do verbo:.Há verbos que são essencialmente pronominais, isto é, são sempre apresentados e conjugados com o pronome. Geralmente se referem a sentimentos e fenômenos mentais: indignar-se, ufanar-se, atrever-se, admirar-se, lembrar-se, esquecer-se, orgulhar-se arrepender-se, queixar-se, etc. Ex.: Os atletas queixaram-se do tratamento recebido.



f) Partícula expletiva ou de realce: O SE é considerado partícula expletiva ou de realce quando ocorre, principalmente, ao lado de verbos intransitivos, de movimento ou que exprimem atitudes da pessoa em relação ao próprio corpo (ir-se, partir-se, chegar-se, passar-se, rir-se, sentar-se, sorrir-se, etc.), em construções em que o SE não apresenta nenhuma função essencial para a compreensão da mensagem. Trata-se de um recurso estilístico, um reforço de expressão. Ex.: Acabou-se a confiança no próximo.



É isso, pessoal. Espero que tenha sido bastante útil pra vocês. Até a próxima.

JULIANA BARRETO – PROFª DE LÍNGUA PORTUGUESA – Matéria publicada pelo Jornal A Semana, de Pirapora/MG, em 18.06.2010.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

O uso da Coerência no texto

Coerência


Pretendemos, neste tema, trabalhando com os conceitos de coerência e coesão, mostrar o papel e a importância de cada um desses mecanismos não só para a leitura e a compreensão de textos como também para sua produção.

A coerência e a coesão contribuem para conferir textualidade a um conjunto de enunciados. Assim, a coerência, manifestada em grande parte no nível macrotextual, é o resultado da possibilidade de se estabelecer alguma forma de unidade ou relação entre os elementos do texto. E a coesão, manifestada no nível microtextual, se refere ao modo como os vocábulos se ligam dentro de uma seqüência.

Ao analisar esses mecanismos, mostramos, por meio de exemplos, as formas em que podem ocorrer. Ao mesmo tempo, procuramos fazer com que os usuários saibam empregar adequadamente cada mecanismo não só para depreender o sentido de um texto como para produzir textos com sentido, estabelecendo uma continuidade entre as partes, de modo a instaurar entre elas uma unidade, ou seja, a coerência.

É importante também lembrar que a coesão pode auxiliar no estabelecimento da coerência, embora, às vezes, a coesão nem sempre se manifeste explicitamente através de marcas lingüísticas, o que faz concluir que pode haver textos coerentes mesmo que não tenham coesão explícita.

Este tema será, portanto, desenvolvido com o objetivo de mostrar aos usuário da língua que:


1) mais importante que conhecer os conceitos de coerência e coesão é saber de que maneira esses fenômenos contribuem para tornar um texto inteligível;

2) a coerência (conectividade conceitual) e a coesão (conectividade seqüencial) são requisitos fundamentais para a elaboração de qualquer tipo de texto;

3) enquanto a coerência se fundamenta na continuidade de sentidos, a coesão pode se apresentar por meio de marcas lingüísticas, observadas na gramática ou no léxico;

4) é necessário perceber como coerência e coesão se completam no processo de produção e compreensão do texto.

Considerações sobre o conceito de coerência



No nosso dia-a-dia, são comuns comentários do tipo:

Isto não tem coerência.
Esta frase não tem coerência.
O seu texto está incoerente.

O que leva as pessoas a fazerem tais observações, provavelmente, é o fato de perceberem que, por algum motivo, escapa a elas o entendimento de uma frase ou de todo o texto.
Coerência está, pois, ligada à compreensão, à possibilidade de interpretação daquilo que se diz ou escreve. Assim, a coerência é decorrente do sentido contido no texto, para quem ouve ou lê. Uma simples frase, um texto de jornal, uma obra literária (romance, novela, poema...), uma conversa animada, o discurso de um político ou do operário, um livro, uma canção ..., enfim, qualquer comunicação, independente de sua extensão, precisa ter sentido, isto é, precisa ter coerência.

A coerência depende de uma série de fatores, entre os quais vale ressaltar:


· o conhecimento do mundo e o grau em que esse conhecimento deve ser ou é compartilhado pelos interlocutores;

· o domínio das regras que norteiam a língua - isto vai possibilitar as várias combinações dos elementos lingüísticos;

· os próprios interlocutores, considerando a situação em que se encontram, as suas intenções de comunicação, suas crenças, a função comunicativa do texto.


Portanto, a coerência se estabelece numa situação comunicativa; ela é a responsável pelo sentido que um texto deve ter quando partilhado por esses usuários, entre os quais existe um acordo pré-estabelecido, que pressupõe limites partilhados por eles e um domínio comum da língua.
A coerência se manifesta nas diversas camadas da organização do texto. Ela tem uma dimensão semântica - caracteriza-se por uma interdependência semântica entre os elementos constituintes do texto. Tem principalmente uma dimensão pragmática - é fundamental, no estabelecimento da coerência, o nosso conhecimento de mundo, e esse conhecimento é acumulado ao longo de nossa existência, de maneira ordenada.

Ainda com respeito ao conhecimento partilhado de mundo, devemos dizer que a ele se acrescentam as informações novas. Se estas forem muito numerosas, o texto pode se tornar incoerente devido à não-familiaridade do ouvinte/leitor com essa massa desconhecida de informações. É isto que acontece, por exemplo, quando lemos um texto muito técnico, de uma área na qual somos leigos.
Na verdade, quando dizemos que um texto é incoerente, precisamos esclarecer que motivos nos levaram a afirmar isto. Ele pode ser incoerente em uma determinada situação, porque quem o produziu não soube adequá-lo ao receptor, não valorizaou suficientemente a questão da comunicabilidade, não obedeceu ao código lingüístico, enfim, não levou em conta o fato de que a coerência está diretamente ligada à possibilidade de se estabelecer um sentido para o texto.

Observando o grupo de frases abaixo, consideradas do ponto de vista estritamente referencial,

O homem construiu uma casa na floresta.
O pássaro fez o ninho.
O lenhador derrubou a árvore.
O trabalhador acompanhou o noticiário criticamente.
As árvores estão plantadas no deserto.
A árvore está grávida.
podemos notar que as quatro primeiras não oferecem qualquer problema de compreensão. Dizemos, então, que elas têm coerência. Já não ocorre o mesmo em relação às duas últimas. Em As árvores estão plantadas no deserto, há duas idéias opostas, uma contraria a outra. Em A árvore está grávida, há uma restrição na combinatória ser vegetal + grávida, o que não ocorre em A mulher está grávida, em que temos a combinatória possível ser racional + grávida.

Examinemos agora as frases:

a) O pássaro voa.
b) O homem voa.

A frase a tem um grau de aceitação maior do que a frase b, que depende de uma complementação para esclarecer qual o meio utilizado pelo homem para voar - O homem voa de asa delta, por exemplo. A combinação de homem com voa tem outras significações no plano da conotação: O homem sonha, o homem delira, o homem anda rápido. Neste plano, muitas outras combinações são possíveis:

As nuvens estão prenhes de chuva.
Sua boca cuspia desaforos.

Observe os três pares que se seguem:

1. a) Todo mundo destrói a natureza menos eu.
b) Todo mundo destrói a natureza menos todo mundo.


2. a) Todo mundo viu o mico-leão, mas eu não.
b) Todo mundo viu o mico-leão, mas eu não ouvi o sabiá cantar.

3. a) Apesar de estarem derrubando muitas árvores, a floresta sobrevive.
b) Apesar de estarem derrubando muitas árvores, a floresta não tem muitas árvores.

· as frases de letra a de cada par são facilmente compreendidas, têm coerência;

· as frases de letra b de cada par apresentam problema de compreensão.

1 a. Todo mundo destrói a natureza menos eu.
o vocábulo menos indica exclusão de uma parte do grupo, portanto, neste caso, pode ser combinado com o pronome eu

1 b.Todo mundo destrói a natureza menos todo mundo
há uma restrição, porque o vocábulo menos indica exclusão de uma parte do grupo, portanto, neste caso, não pode ser combinado com todo mundo, que indica o grupo inteiro

2 a.Todo mundo viu o mico-leão, mas eu não
mas introduz uma idéia oposta, que é perfeitamente aceitável, porque todo mundo se diferencia de eu

2 b. Todo mundo viu o mico-leão, mas eu não ouvi o sabiá cantar
mas introduz uma idéia oposta, que é inaceitável porque o conteúdo da idéia introduzida por mas não é o contrário da idéia anterior. Assim, a primeira parte Todo mundo viu o mico-leão não pode ser combinada com eu não ouvi o sabiá cantar por intermédio do vocábulo mas

3 a. Apesar de estarem derrubando muitas árvores, a floresta sobrevive
o uso de apesar de pressupõe a presença de idéias contrárias, qualquer que seja a ordem : negativa/positiva, positiva/negativa

3 b. Apesar de estarem derrubando muitas árvores, a floresta não tem muitas árvores
o uso de apesar de pressupõe a presença de idéias contrárias, qualquer que seja a ordem: negativa/positiva, positiva/negativa. Daí a incoerência da frase b, em que ocorrem duas negativas simultâneas


Tipos de Coerência

Coerência Semântica
Refere-se à relação entre os significados dos elementos das frases em seqüência; a incoerência aparece quando esses sentidos não combinam, ou quando são contraditórios. Exemplos:

1) ... ouvem-se vozes exaltadas para onde acorreram muitos fotógrafos e telegrafistas para registrarem o fato.

O uso do vocábulo telegrafista é inadequado neste contexto, pois o fato que causa espanto será documentado por fotógrafos e, talvez, por cronistas, que, depois, poderão escrever uma crônica sobre ele, mas certamente telegrafistas não são espectadores comuns nessas circunstâncias.

Ao lado deste, há um outro problema, de ordem sintática: trata-se do emprego de para onde, que teria vozes exaltadas como referente, o que não é possível, porque esse referente não contém idéia de lugar, implícita no pronome relativo onde.

Cabe ainda uma observação quanto ao tempo verbal de ouvem-se e acorreram, presente e pretérito perfeito, respectivamente. Seria mais adequado os dois verbos estarem no mesmo tempo.

2) O governo principalmente não corresponde de uma maneira correta em relação ao nível de condições que para muitos seriam uma decisão óbvia.

Nesta frase, há duas incoerências semânticas. A primeira decorre do uso inadequado de corresponder - corresponder em relação ao nível - que poderia ser substituído por responder, mas, mesmo assim, o complemento teria que ser modificado, para resolver o problema da incoerência sintática - corresponder a (alguma coisa). A segunda está na expressão nível de condições. O vocábulo nível é desnecessário, podendo-se dizer simplesmente em relação às condições.

3) Educação, problema universal que por direito todo indivíduo deve ter acesso.

A inadequação, parece-nos, se deve ao fato de não ficar claro qual é o antecedente do pronome que. Da maneira como foi escrita a frase, o antecedente é problema universal, e, neste caso, a incoerência semântica está na não-combinação entre os sentidos de ter acesso e problema. Um problema precisa ser resolvido, solucionado, mas não ser alcançado, que é o sentido de ter acesso. É muito mais provável que o autor desta frase tenha pensado que todo indivíduo deve ter acesso à educação, mas, da forma como ordenou as palavras, causou ambigüidade com relação ao antecedente do que.
Ainda dentro deste tipo de coerência, lembramos que o pouco domínio do sentido dos vocábulos e das restrições combinatórias podem também gerar frases com problemas de compreensão, como as que seguem:

O jardim que circula a casa estava maltratado.
Entramos em um círculo de mudanças.
O rei quis obter as luxúrias que sua posição oferecia.
... sendo este o dominador comum das mudanças.
O Brasil é um país em alta-rotatividade.
O que existe é um apontamento dos erros do vestibular.
A televisão transmite lazer.
Não deu asas ao pensamento, obviamente com medo de aferir a opinião dos outros.
Isto acontece quando você está batendo uma conversa informal.
O quarto era o maior ambiente do barraco.
Minhas suspeitas se atrapalham.
O sol deixa um rastro de cor reflexada na água.
A audiência no Maracanã é grande quando jogam Vasco e Flamengo.
... vencendo a oscilação que repousava em sua mente.
Jamais fui a uma igreja seja ela de qual raça ou costume.
O tempo nos proporciona muitos sacrifícios.
O armário estava desarrumado, com as gavetas afogadas de tantas roupas dispersivas.


Coerência Sintática

Refere-se aos meios sintáticos usados para expressar a coerência semântica: conectivos, pronomes, etc. Exemplos:
1) Então as pessoas que têm condições procuram mesmo o ensino particular. Onde há métodos, equipamentos e até professores melhores.

A coerência deste período poderia ser recuperada se duas alterações fossem feitas. A primeira seria a troca do relativo onde, específico de lugar, para no qual ou em que (ensino particular, no qual/ em que há métodos ...), e a segunda seria a substituição do ponto por vírgula, de maneira que a oração relativa não ocorresse como uma oração completa e independente da anterior. Teríamos a seguinte oração, sem problemas de compreensão: Então as pessoas que têm condições procuram mesmo o ensino particular, no qual há equipamentos e até professores melhores.

2) Na verdade, essa falta de leitura, de escrever, seja porque tudo já vem pronto, mastigado para uma boa compreensão, não precisando pensar.
Há, nesta frase, vários problemas que prejudicam a sua coerência. O primeiro é o não-paralelismo entre leitura (nome) e escrever (verbo); seria desejável, por exemplo, dizer falta de ler, de escrever, ou falta de leitura, falta de treino de escrita. Depois foi empregada a conjunção seja, que geralmente se usa para apresentar mais de uma alternativa: seja porque tudo já vem pronto, seja porque não há estímulo por parte dos professores; usada isoladamente, ela perde o seu sentido alternativo. Talvez o autor estivesse querendo dizer seja porque tudo já vem mastigado; a elipse da conjunção na segunda expressão foi inadequada. Percebemos, ainda, que o sujeito essa falta de leitura acabou não se juntando a nenhum predicado, e a frase ficou fragmentada. Por último, não foi explicitado o termo que pode preencher essa função.

3) O papel preponderante da escola, que seria de formar e informar, principalmente crianças e adultos, hoje não está alcançando esse objetivo.
Esta frase apresenta o seguinte problema: ela é longa demais, por isso o predicado, muito distante do sujeito, acaba discordando dele, não gramaticalmente, mas pela inadequação do vocabulário. Pode-se dizer que há um cruzamento na estrutura da frase, o que causa uma incoerência sintática.



O papel da escola

X

não está alcançando esse objetivo.



A escola

não está sendo cumprido.

(As frases usadas como exemplos foram produzidas por alunos recém-ingressos na universidade.)



Coerência Estilística

Percebemos, pelos exemplos citados abaixo, que este tipo de coerência não chega, na verdade, a perturbar a interpretabilidade de um texto; é uma noção relacionada à mistura de registros lingüísticos. É desejável que quem escreve ou lê se mantenha num estilo relativamente uniforme. Entretanto, a alternância de registros pode ser, por outro lado, um recurso estilístico.

Leia este poema de Manuel Bandeira:

Teresa, se algum sujeito bancar o
sentimental em cima de você
e te jurar uma paixão do tamanho de um
bonde
Se ele chorar
Se ele ajoelhar
Se ele se rasgar todo
Não acredita não Teresa
É lágrima de cinema
É tapeação
Mentira
CAI FORA

O autor procede como se estivesse falando, aconselhando alguém, advertindo sobre uma possível "cantada". Há mistura de tratamento (tu/você), mistura de registros, pois o autor utiliza várias expressões da língua oral, como "do tamanho de um bonde", "se ele se rasgar todo", "cai fora" , ao mesmo tempo em que emprega o futuro do subjuntivo, tempo mais comum num registro mais cuidado.


Agora leia este trecho, extraído de uma aula gravada:

... isso aí é um conceitozinho um pouco maior, é que nós sabemos que os cloretos, por decoreba, aquele negócio que eu falei, os cloretos e prata, chumbo são insolúveis, todos os outros cloretos são solúveis. Agora pergunto: aquilo lá não é uma cascata muito grande? Quando a gente agora está por dentro do assunto? O que o cara quer dizer com solúveis, muito solúveis, pouco solúveis? Apenas um conceito relativo. AgCl é considerado insolúvel porque o que fica de AgCl é um troço tão irrisório que a gente não considera ... Entendeu qual é a jogada? O que tem na solução daqueles íons não vai atrapalhar ninguém. Você pode comer quilos desse troço que a prata não vai te perturbar.

(Corpus do Projeto NURC/RJ - UFRJ- Informante: Homem, 31 anos, Professor de química numa aula para o terceiro ano do segundo grau.)


Nesta exposição, chamada, dentro do corpus do projeto, de elocução formal, o professor emprega uma grande variação de registro, movendo-se todo o tempo entre o formal, para explicar o conceito de solubilidade, e o informal, servindo-se de gírias (troço, cascata, estar por dentro, jogada, decoreba, cara), talvez com o objetivo de tornar a explicação menos pesada e a exposição mais interessante para os alunos, aproximando-se deles ao usar essa maneira de falar. Portanto, nesta passagem, a mistura de registros, sem causar incoerência, pode ter uma causa objetiva.



Coerência Pragmática

Refere-se ao texto visto como uma seqüência de atos de fala. Para haver coerência nesta seqüência, é preciso que os atos de fala se realizem de forma apropriada, isto é, cada interlocutor, na sua vez de falar, deve conjugar o seu discurso ao do seu ouvinte. Quando uma pessoa faz uma pergunta a outra, a resposta pode se manifestar por meio de uma afirmação, de outra pergunta, de uma promessa, de uma negação. Qualquer uma dessa seqüências seria considerada coerente. Por outro lado, se o interlocutor não responder, virar as costas e sair andando, começar a cantar, ou mesmo dizer algo totalmente desconectado do tema da pergunta, estas seqüências seriam consideradas incoerentes. Exemplo:

A: Você pode me dizer onde fica a Rua Alice?

B: O ônibus está muito atrasado hoje.

Piadas podem ser elaboradas a partir de incoerências:

No balcão da companhia aérea, o viajante perguntou à atendente:
A - A senhorita pode me dizer quanto tempo dura o vôo do Rio a Lisboa?
B - Um momentinho.
A - Muito obrigado.

Para quem fez a pergunta, não pareceu nem um pouco incoerente a resposta obtida. Entretanto, a frase de B não é a resposta, é simplesmente um pedido de tempo para depois dar atenção ao interlocutor A. Nós é que percebemos a incoerência da seqüência e tomamos o conjunto como uma piada.

Há ainda incoerências geradas a partir da desobediência a articulações de conteúdo. Se você ouvir a frase Meu irmão é filho único pode pensar que quem a pronunciou desconhece o sentido dos vocábulos usados, pois a seqüência contém uma contradição. O sentido de irmão inclui o fato de que esse indivíduo tem, pelo menos, uma irmã ou irmão.

E um último exemplo pode ser esta frase, ouvida recentemente em um programa de televisão: "Me inclui fora dessa." Parece que o emissor não conhece o sentido do verbo incluir, que certamente não pode ocorrer combinado com fora. Ou então, usa expressamente o advérbio fora para explicar sua intenção de não ser incluído em algum projeto.


fonte: portrasdasletras

REDAÇÃO: AS QUALIDADES DE UM TEXTO

AS QUALIDADES DE UM TEXTO


São qualidades da redação que você deve cultivar: a concisão, a correção, a clareza e a elegância.

A Concisão

Ser conciso significa que não devemos abusar das palavras para exprimir uma idéia. Deve-se ir direto ao assunto, não ficar enrolando, "enchendo lingüiça". Significa, enfim, eliminar tudo aquilo que é desnecessário.


A Correção


A linguagem utilizada na redação deve estar de acordo com a norma culta, ou seja, deve obedecer aos princípios estabelecidos pela gramática.
Conhecer as normas que regem o uso da língua é fundamental para a produção de um texto correto. Evidentemente, a maioria das pessoas não conhece de cor todas as regras gramaticais. Por isso, em caso de dúvidas na redação, não hesite em consultar um bom livro de gramática.
Tome cuidado com alguns desvios de linguagem que comumente aparecem em redações:

Grafia - tome cuidado com a grafia de palavras que não conheça. Em caso de dúvidas, consulte o dicionário. Se não for possível, substitua a palavra por outra cuja grafia você conheça. Não se esqueça de verificar a acentuação das palavras.

Flexão das palavras - cuidado com a formação do plural de algumas palavras, sobretudo as compostas (primeiro-ministro, abaixo-assinado, luso-brasileiro, etc.)

Concordância - lembre-se de que o verbo sempre concordará com o sujeito e os nomes devem estar concordando entre si.

Regência - fique atento à regência de verbos e nomes, sobretudo daqueles que exigem a preposição a, a fim de não cometer erro no emprego da crase.

Colocação dos pronomes - observe a colocação dos pronomes oblíquos átonos (me, te, se, nos, lhe, o, a, os, as).

A Clareza

A clareza consiste na expressão da idéia de forma que possa ser rapidamente compreendida pelo leitor. Ser claro é ser coerente, não contradizer-se, não confundir o feitor.
São inimigos da clareza: a desobediência às normas da língua, os períodos longos, o vocabulário rebuscado ou impreciso.


A Elegância


A elegância consiste numa leitura de texto agradável ao leitor. É conseguida quando se observam as qualidades que apontamos anteriormente (a correção gramatical, a clareza e a concisão) e também pelo conteúdo da redação, que deve ser original, criativo.

Lembre-se de que a elegância deve começar pela própria apresentação do texto. Deve apresentar-se limpo, sem borrões ou rasuras e com letra legível.

FONTE:PORTALDOADMINISTRADOR

REDAÇÃO: OS 99 ERROS MAIS COMUNS

OS 99 ERROS MAIS COMUNS


Redação - Aprenda a escrever bons textos para o vestibular.
Veja todos os artigos por Redação Por: Vestibanet
Erros gramaticais e ortográficos devem, por princípio, ser evitados. Alguns, no entanto, como ocorrem com maior freqüência, merecem atenção redobrada. O primeiro capítulo deste manual inclui explicações mais completas a respeito de cada um deles. Veja os cem mais comuns do idioma e use esta relação como um roteiro para fugir deles.



1 - "Mal cheiro", "mau-humorado". Mal opõe-se a bem e mau, a bom. Assim: mau cheiro (bom cheiro), mal-humorado (bem-humorado). Igualmente: mau humor, mal-intencionado, mau jeito, mal-estar.



2 - "Fazem" cinco anos. Fazer, quando exprime tempo, é impessoal: Faz cinco anos. / Fazia dois séculos. / Fez 15 dias.



3 - "Houveram" muitos acidentes. Haver, como existir, também é invariável: Houve muitos acidentes. / Havia muitas pessoas. / Deve haver muitos casos iguais.



4 - "Existe" muitas esperanças. Existir, bastar, faltar, restar e sobrar admitem normalmente o plural: Existem muitas esperanças. / Bastariam dois dias. / Faltavam poucas peças. / Restaram alguns objetos. / Sobravam idéias.



5 - Para "mim" fazer. Mim não faz, porque não pode ser sujeito. Assim: Para eu fazer, para eu dizer, para eu trazer.



6 - Entre "eu" e você. Depois de preposição, usa-se mim ou ti: Entre mim e você. / Entre eles e ti.



7 - "Há" dez anos "atrás". Há e atrás indicam passado na frase. Use apenas há dez anos ou dez anos atrás.



8 - "Entrar dentro". O certo: entrar em. Veja outras redundâncias: Sair fora ou para fora, elo de ligação, monopólio exclusivo, já não há mais, ganhar grátis, viúva do falecido.



9 - "Venda à prazo". Não existe crase antes de palavra masculina, a menos que esteja subentendida a palavra moda: Salto à (moda de) Luís XV. Nos demais casos: A salvo, a bordo, a pé, a esmo, a cavalo, a caráter.



10 - "Porque" você foi? Sempre que estiver clara ou implícita a palavra razão, use por que separado: Por que (razão) você foi? / Não sei por que (razão) ele faltou. / Explique por que razão você se atrasou. Porque é usado nas respostas: Ele se atrasou porque o trânsito estava congestionado.



11 - Vai assistir "o" jogo hoje. Assistir como presenciar exige a: Vai assistir ao jogo, à missa, à sessão. Outros verbos com a: A medida não agradou (desagradou) à população. / Eles obedeceram (desobedeceram) aos avisos. / Aspirava ao cargo de diretor. / Pagou ao amigo. / Respondeu à carta. / Sucedeu ao pai. / Visava aos estudantes.



12 - Preferia ir "do que" ficar. Prefere-se sempre uma coisa a outra: Preferia ir a ficar. É preferível segue a mesma norma: É preferível lutar a morrer sem glória.



13 - O resultado do jogo, não o abateu. Não se separa com vírgula o sujeito do predicado. Assim: O resultado do jogo não o abateu. Outro erro: O prefeito prometeu, novas denúncias. Não existe o sinal entre o predicado e o complemento: O prefeito prometeu novas denúncias.



14 - Não há regra sem "excessão". O certo é exceção. Veja outras grafias erradas e, entre parênteses, a forma correta: "paralizar" (paralisar), "beneficiente" (beneficente), "xuxu" (chuchu), "previlégio" (privilégio), "vultuoso" (vultoso), "cincoenta" (cinqüenta), "zuar" (zoar), "frustado" (frustrado), "calcáreo" (calcário), "advinhar" (adivinhar), "benvindo" (bem-vindo), "ascenção" (ascensão), "pixar" (pichar), "impecilho" (empecilho), "envólucro" (invólucro).



15 - Quebrou "o" óculos. Concordância no plural: os óculos, meus óculos. Da mesma forma: Meus parabéns, meus pêsames, seus ciúmes, nossas férias, felizes núpcias.



16 - Comprei "ele" para você. Eu, tu, ele, nós, vós e eles não podem ser objeto direto. Assim: Comprei-o para você. Também: Deixe-os sair, mandou-nos entrar, viu-a, mandou-me.



17 - Nunca "lhe" vi. Lhe substitui a ele, a eles, a você e a vocês e por isso não pode ser usado com objeto direto: Nunca o vi. / Não o convidei. / A mulher o deixou. / Ela o ama.



18 - "Aluga-se" casas. O verbo concorda com o sujeito: Alugam-se casas. / Fazem-se consertos. / É assim que se evitam acidentes. / Compram-se terrenos. / Procuram-se empregados.



19 - "Tratam-se" de. O verbo seguido de preposição não varia nesses casos: Trata-se dos melhores profissionais. / Precisa-se de empregados. / Apela-se para todos. / Conta-se com os amigos.



20 - Chegou "em" São Paulo. Verbos de movimento exigem a, e não em: Chegou a São Paulo. / Vai amanhã ao cinema. / Levou os filhos ao circo.



21 - Atraso implicará "em" punição. Implicar é direto no sentido de acarretar, pressupor: Atraso implicará punição. / Promoção implica responsabilidade.



22 - Vive "às custas" do pai. O certo: Vive à custa do pai. Use também em via de, e não "em vias de": Espécie em via de extinção. / Trabalho em via de conclusão.



23 - Todos somos "cidadões". O plural de cidadão é cidadãos. Veja outros: caracteres (de caráter), juniores, seniores, escrivães, tabeliães, gângsteres.



24 - O ingresso é "gratuíto". A pronúncia correta é gratúito, assim como circúito, intúito e fortúito (o acento não existe e só indica a letra tônica). Da mesma forma: flúido, condôr, recórde, aváro, ibéro, pólipo.



25 - A última "seção" de cinema. Seção significa divisão, repartição, e sessão equivale a tempo de uma reunião, função: Seção Eleitoral, Seção de Esportes, seção de brinquedos; sessão de cinema, sessão de pancadas, sessão do Congresso.



26 - Vendeu "uma" grama de ouro. Grama, peso, é palavra masculina: um grama de ouro, vitamina C de dois gramas. Femininas, por exemplo, são a agravante, a atenuante, a alface, a cal, etc.



27 - "Porisso". Duas palavras, por isso, como de repente e a partir de.



28 - Não viu "qualquer" risco. É nenhum, e não "qualquer", que se emprega depois de negativas: Não viu nenhum risco. / Ninguém lhe fez nenhum reparo. / Nunca promoveu nenhuma confusão.



29 - A feira "inicia" amanhã. Alguma coisa se inicia, se inaugura: A feira inicia-se (inaugura-se) amanhã.



30 - Soube que os homens "feriram-se". O que atrai o pronome: Soube que os homens se feriram. / A festa que se realizou... O mesmo ocorre com as negativas, as conjunções subordinativas e os advérbios: Não lhe diga nada. / Nenhum dos presentes se pronunciou. / Quando se falava no assunto... / Como as pessoas lhe haviam dito... / Aqui se faz, aqui se paga. / Depois o procuro.



31 - O peixe tem muito "espinho". Peixe tem espinha. Veja outras confusões desse tipo: O "fuzil" (fusível) queimou. / Casa "germinada" (geminada), "ciclo" (círculo) vicioso, "cabeçário" (cabeçalho).



32 - Não sabiam "aonde" ele estava. O certo: Não sabiam onde ele estava. Aonde se usa com verbos de movimento, apenas: Não sei aonde ele quer chegar. / Aonde vamos?



33 - "Obrigado", disse a moça. Obrigado concorda com a pessoa: "Obrigada", disse a moça. / Obrigado pela atenção. / Muito obrigados por tudo.



34 - O governo "interviu". Intervir conjuga-se como vir. Assim: O governo interveio. Da mesma forma: intervinha, intervim, interviemos, intervieram. Outros verbos derivados: entretinha, mantivesse, reteve, pressupusesse, predisse, conviesse, perfizera, entrevimos, condisser, etc.



35 - Ela era "meia" louca. Meio, advérbio, não varia: meio louca, meio esperta, meio amiga.



36 - "Fica" você comigo. Fica é imperativo do pronome tu. Para a 3.ª pessoa, o certo é fique: Fique você comigo. / Venha pra Caixa você também. / Chegue aqui.



37 - A questão não tem nada "haver" com você. A questão, na verdade, não tem nada a ver ou nada que ver. Da mesma forma: Tem tudo a ver com você.



38 - A corrida custa 5 "real". A moeda tem plural, e regular: A corrida custa 5 reais.



39 - Vou "emprestar" dele. Emprestar é ceder, e não tomar por empréstimo: Vou pegar o livro emprestado. Ou: Vou emprestar o livro (ceder) ao meu irmão. Repare nesta concordância: Pediu emprestadas duas malas.



40 - Foi "taxado" de ladrão. Tachar é que significa acusar de: Foi tachado de ladrão. / Foi tachado de leviano.



41 - Ele foi um dos que "chegou" antes. Um dos que faz a concordância no plural: Ele foi um dos que chegaram antes (dos que chegaram antes, ele foi um). / Era um dos que sempre vibravam com a vitória.



42 - "Cerca de 18" pessoas o saudaram. Cerca de indica arredondamento e não pode aparecer com números exatos: Cerca de 20 pessoas o saudaram.



43 - Ministro nega que "é" negligente. Negar que introduz subjuntivo, assim como embora e talvez: Ministro nega que seja negligente. / O jogador negou que tivesse cometido a falta. / Ele talvez o convide para a festa. / Embora tente negar, vai deixar a empresa.



44 - Tinha "chego" atrasado. "Chego" não existe. O certo: Tinha chegado atrasado.



45 - Tons "pastéis" predominam. Nome de cor, quando expresso por substantivo, não varia: Tons pastel, blusas rosa, gravatas cinza, camisas creme. No caso de adjetivo, o plural é o normal: Ternos azuis, canetas pretas, fitas amarelas.



46 - Lute pelo "meio-ambiente". Meio ambiente não tem hífen, nem hora extra, ponto de vista, mala direta, pronta entrega, etc. O sinal aparece, porém, em mão-de-obra, matéria-prima, infra-estrutura, primeira-dama, vale-refeição, meio-de-campo, etc.



47 - Queria namorar "com" o colega. O com não existe: Queria namorar o colega.



48 - O processo deu entrada "junto ao" STF. Processo dá entrada no STF. Igualmente: O jogador foi contratado do (e não "junto ao") Guarani. / Cresceu muito o prestígio do jornal entre os (e não "junto aos") leitores. / Era grande a sua dívida com o (e não "junto ao") banco. / A reclamação foi apresentada ao (e não "junto ao") Procon.



49 - As pessoas "esperavam-o". Quando o verbo termina em m, ão ou õe, os pronomes o, a, os e as tomam a forma no, na, nos e nas: As pessoas esperavam-no. / Dão-nos, convidam-na, põe-nos, impõem-nos.



50 - Vocês "fariam-lhe" um favor? Não se usa pronome átono (me, te, se, lhe, nos, vos, lhes) depois de futuro do presente, futuro do pretérito (antigo condicional) ou particípio. Assim: Vocês

lhe fariam (ou far-lhe-iam) um favor? / Ele se imporá pelos conhecimentos (e nunca "imporá-se"). / Os amigos nos darão (e não "darão-nos") um presente. / Tendo-me formado (e nunca tendo "formado-me").



51 - Chegou "a" duas horas e partirá daqui "há" cinco minutos. Há indica passado e equivale a faz, enquanto a exprime distância ou tempo futuro (não pode ser substituído por faz): Chegou há (faz) duas horas e partirá daqui a (tempo futuro) cinco minutos. / O atirador estava a (distância) pouco menos de 12 metros. / Ele partiu há (faz) pouco menos de dez dias.



52 - Blusa "em" seda. Usa-se de, e não em, para definir o material de que alguma coisa é feita: Blusa de seda, casa de alvenaria, medalha de prata, estátua de madeira.



53 - A artista "deu à luz a" gêmeos. A expressão é dar à luz, apenas: A artista deu à luz quíntuplos. Também é errado dizer: Deu "a luz a" gêmeos.



54 - Estávamos "em" quatro à mesa. O em não existe: Estávamos quatro à mesa. / Éramos seis. / Ficamos cinco na sala.



55 - Sentou "na" mesa para comer. Sentar-se (ou sentar) em é sentar-se em cima de. Veja o certo: Sentou-se à mesa para comer. / Sentou ao piano, à máquina, ao computador.



56 - Ficou contente "por causa que" ninguém se feriu. Embora popular, a locução não existe. Use porque: Ficou contente porque ninguém se feriu.



57 - O time empatou "em" 2 a 2. A preposição é por: O time empatou por 2 a 2. Repare que ele ganha por e perde por. Da mesma forma: empate por.



58 - À medida "em" que a epidemia se espalhava... O certo é: À medida que a epidemia se espalhava... Existe ainda na medida em que (tendo em vista que): É preciso cumprir as leis, na medida em que elas existem.



59 - Não queria que "receiassem" a sua companhia. O i não existe: Não queria que receassem a sua companhia. Da mesma forma: passeemos, enfearam, ceaste, receeis (só existe i quando o acento cai no e que precede a terminação ear: receiem, passeias, enfeiam).



60 - Eles "tem" razão. No plural, têm é assim, com acento. Tem é a forma do singular. O mesmo ocorre com vem e vêm e põe e põem: Ele tem, eles têm; ele vem, eles vêm; ele põe, eles põem.



61 - A moça estava ali "há" muito tempo. Haver concorda com estava. Portanto: A moça estava ali havia (fazia) muito tempo. / Ele doara sangue ao filho havia (fazia) poucos meses. / Estava sem dormir havia (fazia) três meses. (O havia se impõe quando o verbo está no imperfeito e no mais-que-perfeito do indicativo.)



62 - Não "se o" diz. É errado juntar o se com os pronomes o, a, os e as. Assim, nunca use: Fazendo-se-os, não se o diz (não se diz isso), vê-se-a, etc.



63 - Acordos "políticos-partidários". Nos adjetivos compostos, só o último elemento varia: acordos político-partidários. Outros exemplos: Bandeiras verde-amarelas, medidas econômico-financeiras, partidos social-democratas.



64 - Andou por "todo" país. Todo o (ou a) é que significa inteiro: Andou por todo o país (pelo país inteiro). / Toda a tripulação (a tripulação inteira) foi demitida. Sem o, todo quer dizer cada, qualquer: Todo homem (cada homem) é mortal. / Toda nação (qualquer nação) tem inimigos.



65 - "Todos" amigos o elogiavam. No plural, todos exige os: Todos os amigos o elogiavam. / Era difícil apontar todas as contradições do texto.



66 - Favoreceu "ao" time da casa. Favorecer, nesse sentido, rejeita a: Favoreceu o time da casa. / A decisão favoreceu os jogadores.



67 - Ela "mesmo" arrumou a sala. Mesmo, quanto equivale a próprio, é variável: Ela mesma (própria) arrumou a sala. / As vítimas mesmas recorreram à polícia.



68 - Chamei-o e "o mesmo" não atendeu. Não se pode empregar o mesmo no lugar de pronome ou substantivo: Chamei-o e ele não atendeu. / Os funcionários públicos reuniram-se hoje: amanhã o país conhecerá a decisão dos servidores (e não "dos mesmos").



69 - Vou sair "essa" noite. É este que desiga o tempo no qual se está ou objeto próximo: Esta noite, esta semana (a semana em que se está), este dia, este jornal (o jornal que estou lendo), este século (o século 20).



70 - A temperatura chegou a 0 "graus". Zero indica singular sempre: Zero grau, zero-quilômetro, zero hora.



71 - A promoção veio "de encontro aos" seus desejos. Ao encontro de é que expressa uma situação favorável: A promoção veio ao encontro dos seus desejos. De encontro a significa condição contrária: A queda do nível dos salários foi de encontro às (foi contra) expectativas da categoria.



72 - Comeu frango "ao invés de" peixe. Em vez de indica substituição: Comeu frango em vez de peixe. Ao invés de significa apenas ao contrário: Ao invés de entrar, saiu.



73 - Se eu "ver" você por aí... O certo é: Se eu vir, revir, previr. Da mesma forma: Se eu vier (de vir), convier; se eu tiver (de ter), mantiver; se ele puser (de pôr), impuser; se ele fizer (de fazer), desfizer; se nós dissermos (de dizer), predissermos.



74 - Ele "intermedia" a negociação. Mediar e intermediar conjugam-se como odiar: Ele intermedeia (ou medeia) a negociação. Remediar, ansiar e incendiar também seguem essa norma: Remedeiam, que eles anseiem, incendeio.



75 - Ninguém se "adequa". Não existem as formas "adequa", "adeqüe", etc., mas apenas aquelas em que o acento cai no a ou o: adequaram, adequou, adequasse, etc.



76 - Evite que a bomba "expluda". Explodir só tem as pessoas em que depois do d vêm e e i: Explode, explodiram, etc. Portanto, não escreva nem fale "exploda" ou "expluda", substituindo essas formas por rebente, por exemplo. Precaver-se também não se conjuga em todas as pessoas. Assim, não existem as formas "precavejo", "precavês", "precavém", "precavenho", "precavenha", "precaveja", etc.



77 - Governo "reavê" confiança. Equivalente: Governo recupera confiança. Reaver segue haver, mas apenas nos casos em que este tem a letra v: Reavemos, reouve, reaverá, reouvesse. Por isso, não existem "reavejo", "reavê", etc.



78 - Disse o que "quiz". Não existe z, mas apenas s, nas pessoas de querer e pôr: Quis, quisesse, quiseram, quiséssemos; pôs, pus, pusesse, puseram, puséssemos.



79 - O homem "possue" muitos bens. O certo: O homem possui muitos bens. Verbos em uir só têm a terminação ui: Inclui, atribui, polui. Verbos em uar é que admitem ue: Continue, recue, atue, atenue.



80 - A tese "onde"... Onde só pode ser usado para lugar: A casa onde ele mora. / Veja o jardim onde as crianças brincam. Nos demais casos, use em que: A tese em que ele defende essa idéia. / O livro em que... / A faixa em que ele canta... / Na entrevista em que...



81 - Já "foi comunicado" da decisão. Uma decisão é comunicada, mas ninguém "é comunicado" de alguma coisa. Assim: Já foi informado (cientificado, avisado) da decisão. Outra forma errada: A diretoria "comunicou" os empregados da decisão. Opções corretas: A diretoria comunicou a decisão aos empregados. / A decisão foi comunicada aos empregados.



82 - Venha "por" a roupa. Pôr, verbo, tem acento diferencial: Venha pôr a roupa. O mesmo ocorre com pôde (passado): Não pôde vir. Veja outros: fôrma, pêlo e pêlos (cabelo, cabelos), pára (verbo parar), péla (bola ou verbo pelar), pélo (verbo pelar), pólo e pólos. Perderam o sinal, no entanto: Ele, toda, ovo, selo, almoço, etc.



83 - "Inflingiu" o regulamento. Infringir é que significa transgredir: Infringiu o regulamento. Infligir (e não "inflingir") significa impor: Infligiu séria punição ao réu.



84 - A modelo "pousou" o dia todo. Modelo posa (de pose). Quem pousa é ave, avião, viajante, etc. Não confunda também iminente (prestes a acontecer) com eminente (ilustre). Nem tráfico (contrabando) com tráfego (trânsito).



85 - Espero que "viagem" hoje. Viagem, com g, é o substantivo: Minha viagem. A forma verbal é viajem (de viajar): Espero que viajem hoje. Evite também "comprimentar" alguém: de cumprimento (saudação), só pode resultar cumprimentar. Comprimento é extensão. Igualmente: Comprido (extenso) e cumprido (concretizado).



86 - O pai "sequer" foi avisado. Sequer deve ser usado com negativa: O pai nem sequer foi avisado. / Não disse sequer o que pretendia. / Partiu sem sequer nos avisar.



87 - Comprou uma TV "a cores". Veja o correto: Comprou uma TV em cores (não se diz TV "a" preto e branco). Da mesma forma: Transmissão em cores, desenho em cores.



88 - "Causou-me" estranheza as palavras. Use o certo: Causaram-me estranheza as palavras. Cuidado, pois é comum o erro de concordância quando o verbo está antes do sujeito. Veja outro exemplo: Foram iniciadas esta noite as obras (e não "foi iniciado" esta noite as obras).



89 - A realidade das pessoas "podem" mudar. Cuidado: palavra próxima ao verbo não deve influir na concordância. Por isso : A realidade das pessoas pode mudar. / A troca de agressões entre os funcionários foi punida (e não "foram punidas").



90 - O fato passou "desapercebido". Na verdade, o fato passou despercebido, não foi notado. Desapercebido significa desprevenido.



91 - "Haja visto" seu empenho... A expressão é haja vista e não varia: Haja vista seu empenho. / Haja vista seus esforços. / Haja vista suas críticas.



92 - A moça "que ele gosta". Como se gosta de, o certo é: A moça de que ele gosta. Igualmente: O dinheiro de que dispõe, o filme a que assistiu (e não que assistiu), a prova de que participou, o amigo a que se referiu, etc.



93 - É hora "dele" chegar. Não se deve fazer a contração da preposição com artigo ou pronome, nos casos seguidos de infinitivo: É hora de ele chegar. / Apesar de o amigo tê-lo convidado... / Depois de esses fatos terem ocorrido...



94 - Vou "consigo". Consigo só tem valor reflexivo (pensou consigo mesmo) e não pode substituir com você, com o senhor. Portanto: Vou com você, vou com o senhor. Igualmente: Isto é para o senhor (e não "para si").



95 - Já "é" 8 horas. Horas e as demais palavras que definem tempo variam: Já são 8 horas. / Já é (e não "são") 1 hora, já é meio-dia, já é meia-noite.



96 - A festa começa às 8 "hrs.". As abreviaturas do sistema métrico decimal não têm plural nem ponto. Assim: 8 h, 2 km (e não "kms."), 5 m, 10 kg.



97 - "Dado" os índices das pesquisas... A concordância é normal: Dados os índices das pesquisas... / Dado o resultado... / Dadas as suas idéias...



98 - Ficou "sobre" a mira do assaltante. Sob é que significa debaixo de: Ficou sob a mira do assaltante. / Escondeu-se sob a cama. Sobre equivale a em cima de ou a respeito de: Estava sobre o telhado. / Falou sobre a inflação. E lembre-se: O animal ou o piano têm cauda e o doce, calda. Da mesma forma, alguém traz alguma coisa e alguém vai para trás.



99 - "Ao meu ver". Não existe artigo nessas expressões: A meu ver, a seu ver, a nosso ver.
 
Fonte: mundovestibular

Pleonasmos viciosos

Pleonasmos viciosos


"Amanhecer o dia."


"Almirante da Marinha."

"Cursar um curso."

"Monopólio exclusivo."

"Opinião individual de cada um."

"plebiscito popular ."

"encarar cara a cara."

"Viver a vida."

"Abismo sem fundo."

"Anexar junto."

"Ganhar grátis."

"Escolha opcional."

"Retornar de novo."

"Repetir de novo."

"Goteira no teto."

"Virar pro lado"

"Países do mundo."

"Duas metades iguais."

"Demente mental."

"Sorriso nos lábios."

"Bilateral entre os dois."

"Multidão de pessoas."

"Acabamento final."

"Elo de ligação."


"Comparecer pessoalmente."


"Entrar para dentro."

"Sair para fora."

"Roubar objeto alheio"

"Essa história é baseada em fatos reais"

"Eu já curei uma multidão de pessoas"

"Encarar de frente"

"Gritar alto "

"Hemorragia de sangue"

"Subir pra cima"


"A viúva do finado"

"Descer pra baixo"

"Jantar de Noite"

"Caos Caótico"

"Maresia do mar"

"Pó de café seco"

"Farinha de trigo branca"

"Introduzir dentro"

"Cochichar baixinho"

"Deu uma bica com o pé direito"

"Surpresa Inesperada"

"Maluco da Cabeça"

"Cego dos Olhos"

"Andar com os próprios pés"

"Encare de Frente"

"Desencadeou em cadeia"

" Encostar as Costas"


Fonte: Wikipedia

PLEONASMOS

Outros exemplos de redundância:


"Acabamento final" (O acabamento vem no fim mesmo)

"Criar novas teorias" (O que se cria é necessariamente novo)

"Derradeira última esperança" (Derradeira é sinônimo de última)

"Ele vai escrever a sua própria autobiografia" (Autobiografia é a biografia de si mesmo)

"Houve contatos bilaterais entre as duas partes" (Basta: "bilaterais

entre as partes")

"O nível escolar dos alunos está se degenerando para pior" (É impossível degenerar para melhor)

"O concurso foi antecipado para antes da data marcada" (Será que dá para antecipar para depois?)

"Ganhe inteiramente grátis" (Se ganhar só pode ser grátis, imagine inteiramente grátis. Parece que alguém pode ganhar alguma coisa parcialmente grátis)

"Por decisão unânime de toda a diretoria" (Boa foi a decisão unânime só da metade da diretoria!)

"O juiz deferiu favoravelmente" (Se não fosse favoravelmente, o juiz tinha indeferido)

"Não perca neste fim de ano, as previsões para o futuro" (Ainda estamos para ver as previsões para o passado!)



FONTE:portalsaofrancisco

DICAS DE REDAÇÃO - VÍCIOS DE LINGUAGEM

VÍCIOS DE LINGUAGEM




DEFINIÇÃO:



São alterações defeituosas que sofre a língua em sua pronúncia e escrita devidas à ignorância do povo ou ao descaso de alguns escritores. São devidas, em grande parte, à suposta idéia da afinidade de forma ou pensamento.



Os vícios de linguagem são: barbarismo, anfibologia, cacofonia, eco, arcaísmo, vulgarismo, estrangeirismo, solecismo, obscuridade, hiato, colisão, neologismo, preciosismo, pleonasmo.



BARBARISMO:



É o vício de linguagem que consiste em usar uma palavra errada quanto à grafia, pronúncia, significação, flexão ou formação. Assim sendo, divide-se em: gráfico, ortoépico, prosódico, semântico, morfológico e mórfico.



Gráficos: hontem, proesa, conssessiva, aza, por: ontem, proeza, concessiva e asa.



Ortoépicos: interesse, carramanchão, subcistir, por: interesse, caramanchão, subsistir.



Prosódicos: pegada, rúbrica, filântropo, por: pegada, rubrica, filantropo.



Semânticos: Tráfico (por tráfego) indígena (como sinônimo de índio, em vez de autóctone).



Morfológicos: cidadões, uma telefonema, proporam, reavi, deteu, por: cidadãos, um telefonema, propuseram, reouve, deteve.



Mórficos: antidiluviano, filmeteca, monolinear, por: antediluviano, filmoteca, unlinear.



OBS.: Diversos autores consideram barbarismo palavras, expressões e construções estrangeiras, mas, nesta apostila, elas serão consideradas "estrangeirismos."





AMBIGÜIDADE OU ANFIBOLOGIA:



É o vício de línguagem que consiste em usar diversas palavras na frase de maneira a causar duplo sentido na sua interpretação.



Ex.: Não se convence, enfim, o pai, o filho, amado. O chefe discutiu com o empregado e estragou seu dia. (nos dois casos, não se sabe qual dos dois é autor, ou paciente).





CACOFONIA:



Vício de linguagem caracterizado pelo encontro ou repetição de fonemas ou sílabas que produzem efeito desagradável ao ouvido. Constituem cacofonias:



A colisão.



Ex.: Meu Deus não seja já.



O eco



Ex.: Vicente mente consantemente.





o hiato



Ex.: Ela iria à aula hoje, se não chovesse



O cacófato



Ex.: Tem uma mão machucada: A aliteração - Ex.: Pede o Papa paz ao povo. O antônimo é a "eufonia".



ECO:



Espécie de cacofonia que consiste na seqüência de sons vocálicos, idênticos, ou na proximidade de palavras que têm a mesma terminação. Também se chama assonância.



Ex.: É possível a aprovação da transação sem concisão e sem associação.



Na poesia, a "rima" é uma forma normal de eco. São expressivas as repetições vocálicas a curto intervalo que visam à musicalidade ou à imitação de sons da natureza (harmonia imitativa); "Tíbios flautins finíssimos gritavam" (Bilac).





ARCAÍSMO:



Palavras, expressões, construções ou maneira de dizer que deixaram de ser usadas ou passaram a ter emprego diverso.



Na língua viva contemporânea: asinha (por depressa), assi (por assim) entonces (por então), vosmecê (por você), geolho (por joelho), arreio (o qual perdeu a significação antiga de enfeite), catar (perdeu a significação antiga de olhar), faria-te um favor (não se coloca mais o pronome pessoal átono depois de forma verbal do futuro do indicativo), etc.





VULGARISMO:



É o uso lingüístico popular em contraposição às doutrinas da linguagem culta da mesma região.



O vulgarismo pode ser fonético, morfológico e sintático.



Fonético:



A queda dos erres finais: anda, comê, etc. A vocalização do "L" final nas sílabas.





Ex.: mel = meu , sal = saú etc.



A monotongação dos ditongos.





Ex.: estoura = estóra, roubar = robar.



A intercalação de uma vogal para desfazer um grupo consonantal.





Ex.: advogado = adevogado, rítmo = rítimo, psicologia = pissicologia.







Morfológico e sintático:









Temos a simplificação das flexões nominais e verbais.





Ex.: Os aluno, dois quilo, os homê brigou.





Também o emprego dos pronomes pessoais do caso reto em lugar do oblíquo.





Ex.: vi ela, olha eu, ó gente, etc.





ESTRANGEIRISMO:



Todo e qualquer emprego de palavras, expressões e construções estrangeiras em nosso idioma recebe denominação de estrangeirismo. Classificam-se em: francesismo, italianismo, espanholismo, anglicismo (inglês), germanismo (alemão), eslavismo (russo, polaço, etc.), arabismo, hebraísmo, grecismo, latinismo, tupinismo (tupi-guarani), americanismo (línguas da América) etc...



O estrangeirismo pode ser morfológico ou sintático.



Estrangeirismos morfológicos:



Francesismo: abajur, chefe, carnê, matinê etc...



Italianismos: ravioli, pizza, cicerone, minestra, madona etc...



Espanholismos: camarilha, guitarra, quadrilha etc...



Anglicanismos: futebol, telex, bofe, ringue, sanduíche breque.



Germanismos: chope, cerveja, gás, touca etc...



Eslavismos: gravata, estepe etc...



Arabismos: alface, tarimba, açougue, bazar etc...



Hebraísmos: amém, sábado etc...



Grecismos: batismo, farmácia, o limpo, bispo etc...



Latinismos: index, bis, memorandum, quo vadis etc...



Tupinismos: mirim, pipoca, peteca, caipira etc...



Americanismos: canoa, chocolate, mate, mandioca etc...



Orientalismos: chá, xícara, pagode, kamikaze etc...



Africanismos: macumba, fuxicar, cochilar, samba etc...







Estrangeirismos Sintáticos:



Exemplos:



Saltar aos olhos (francesismo);



Pedro é mais velho de mim. (italianismo);



O jogo resultou admirável. (espanholismo);



Porcentagem (anglicanismo), guerra fria (anglicanismo) etc...



SOLECISMOS:



São os erros que atentam contra as normas de concordância, de regência ou de colocação.



Exemplos:



Solecimos de regência:



Ontem assistimos o filme (por: Ontem assistimos ao filme).



Cheguei no Brasil em 1923 (por: Cheguei ao Brasil em 1923).



Pedro visava o posto de chefe (correto: Pedro visava ao posto de chefe).







Solecismo de concordância:



Haviam muitas pessoas na festa (correto: Havia muitas pessoas na festa)



O pessoal já saíram? (correto: O pessoal já saiu?).



Solecismo de colocação:



Foi João quem avisou-me (correto: Foi João quem me avisou).



Me empresta o lápis (Correto: Empresta-me o lápis).



OBSCURIDADE:



Vício de linguagem que consiste em construir a frase de tal modo que o sentido se torne obscuro, embaraçado, ininteligível. Em um texto, as principais causas da obscuridade são: o abuso do arcaísmo e o neologismo, o provincianismo, o estrangeirismo, a elipse, a sínquise (hipérbato vicioso), o parêntese extenso, o acúmulo de orações intercaladas (ou incidentes) as circunlocuções, a extensão exagerada da frase, as palavras rebuscadas, as construções intrincadas e a má pontuação.



Ex.: Foi evitada uma efusão de sangue inútil (Em vez de efusão inútil de sangue).



NEOLOGISMO:



Palavra, expressão ou construção recentemente criadas ou introduzidas na língua. Costumam-se classificar os neologismos em:



Extrínsecos: que compreendem os estrangeirismos.



Intrínsecos: (ou vernáculos), que são formados com os recursos da própria língua. Podem ser de origem culta ou popular.



Os neologismos de origem culta subdividem-se em:



Científicos ou técnicos: aeromoça, penicilina, telespectador, taxímetro (redução: táxi), fonemática, televisão, comunista, etc...



Literários ou artísticos: olhicerúleo, sesquiorelhal, paredro (= pessoa importante, prócer), vesperal, festival, recital, concretismo, modernismo etc...



OBS.: Os neologismos populares são constituídos pelos termos de gíria. "Manjar" (entender, saber do assunto), "a pampa", legal (excelente), Zico, biruta, transa, psicodélico etc...



PRECIOSISMO:



Expressão rebuscada. Usa-se com prejuízo da naturalidade do estilo. É o que o povo chama de "falar difícil", "estar gastando".



Ex.: "O fulvo e voluptoso Rajá celeste derramará além os fugitivos esplendores da sua magnificência astral e rendilhara d’alto e de leve as nuvens da delicadeza, arquitetural, decorativa, dos estilos manuelinos."



OBS.: O preciosismo também pode ser chamado de PROLEXIDADE.





PLEONASMO:



Emprego inconsciente ou voluntário de palavras ou expressões involuntárias, desnecessárias, por já estar sua significação contida em outras da mesma frase.



O pleonasmo, como vício de linguagem, contém uma repetição inútil e desnecessária dos elementos.



Exemplos:





Voltou a estudar novamente.



Ele reincidiu na mesma falta de novo.



Primeiro subiu para cima, depois em seguida entrou nas nuvens.



O navio naufragou e foi ao fundo. Neste caso, também se chama perissologia ou tautologia.

















--------------------------------------------------------------------------------



Última Atualização: quinta-feira, 04 de maio de 2006 às 18:25

©1999 Colégio Rainha da Paz. Todos os direitos reservados.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Mapa de adesão do Enem 2010

Acessem:
http://educacao.uol.com.br/ultnot/2009/05/mapa-do-enem-pelo-brasil.jhtm


Mais informações no site do MEC....

UNIMONTES PAES 2010/ TRADICIONAL 1/2011

LIVROS INDICADOS PARA O PAES 2010


1ª ETAPA

• Sermões Escolhidos, de Padre Antônio Vieira. (Sermão sobre os peixes; Sermão do bom ladrão.).

Ed. Martin Claret.

• Poemas Escolhidos. Cláudio Manuel da Costa. Domínio público.

• Romances de Cordel, de Ferreira Gullar. José Olympio.

• O Santo e a Porca, de Ariano Suassuna. José Olympio.

2ª ETAPA

• Melhores Poemas, de Gonçalves Dias.

• Casa Velha, de Machado de Assis. Domínio público.

• Crônicas Selecionadas, de Machado de Assis. Martin Claret.

• Dias e Dias, de Ana Miranda. Companhia das Letras


3ª ETAPA/ VESTIBULAR TRADICIONAL (1º PROCESSO SELETIVO 2011)

• Solombra, de Cecília Meireles. Nova Fronteira.

• Boca de Ouro, de Nélson Rodrigues. Nova Fronteira.

• Mar Morto, de Jorge Amado. Record.

• Dois Irmãos, de Milton Hatoum. Companhia das Letras.

• Parangolivro, de Aroldo Pereira. Sete Letras.

UFMG 2011

Obras literárias e textos de Filosofia indicados


Para a avaliação da leitura e compreensão dos candidatos ao Vestibular, a UFMG indica todo ano cinco obras da Literatura Brasileira. Como a prova do ENEM será utilizada a partir de agora na primeira etapa do Vestibular, as obras indicadas serão cobradas somente na segunda etapa para os cursos de Dança, Teatro, Comunicação Social e Letras.





Os textos de filosofia indicados são obrigatórios na prova de segunda etapa dos seguintes cursos: Artes Visuais, Ciência do Estado e Governança Social, Ciências Sociais, Cinema de Animação e Artes Digitais, Comunicação Social, Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis, Design de Moda, Direito e Filosofia.



Livros indicados ao Vestibular 2011

O Desertor - Silva Alvarenga

A Carteira de Meu Tio - Joaquim Manuel de Macedo

Contos de Aprendiz - Carlos Drummond de Andrade

A Estrela Sobe - Marques Rebelo

O Homem e sua Hora - Mário Faustin




Textos de Filosofia indicados ao Vestibular 2011

SANTO AGOSTINHO. Confissões (Livro XI: O Homem e o Tempo). Tradução de J. Oliveria Santos & Ambrósio de Pina. São Paulo: Nova Cultural, 1987.

MILL, John Stuart. O Utilitarismo. (Capítulo II: O que é o Utilitarismo; Capítulo V: Da Relação entre Justiça e Utilidade). Tradução Alexandre Braga Massella. São Paulo: Iluminuras, 2000.

WILLIAMS, Bernard. Moral: uma Introdução à Ética. (Capítulo intitulado Utilitarismo, pp. 137-165)Tradução de Remo Mannarino Filho. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
 
Mais informaçõesno site da UFMG...

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Dicas práticas sobre o processo seletivo da UNIMONTES: de olho na redação!!!

PLANTÃO DO VESTIBULANDO


Uma maneira simples de aprender a como chegar lá...



Dicas práticas sobre o processo seletivo da UNIMONTES: de olho na redação!!!



Olá, pessoal! A fim de ajudá-los um pouco mais na busca pelo sucesso no vestibular, separei algumas dicas práticas sobre a prova da UNIMONTES e, principalmente, sobre a redação, baseando em modelos das últimas provas, uma vez que a universidade tem seguido um certo padrão na elaboração de suas questões e nos temas abordados pela proposta de redação. Vamos lá?

1. Procurem ler a proposta de redação em primeiro lugar. Nos processos seletivos anteriores, a UNIMONTES tem colocado propostas comuns aos textos da prova objetiva de português. Isso quer dizer que vale à pena ir à última folha, ler a proposta, voltar na prova objetiva e ler o texto. Depois, basta interpretar e perceber se o tema de ambos é o mesmo e, caso seja realmente, buscar influenciar-se por algumas ideias que o texto apresentar. Isso facilita a produção para quem possui dificuldade em desenvolver argumentos no texto dissertativo ou até mesmo para aqueles que não conhecem o suficiente sobre o assunto.

2. Fazer a redação enquanto a mente está cheia de energia e disposição é o ideal para quem geralmente possui dificuldades em expor ideias através do texto dissertativo.

3. Os temas de redação da UNIMONTES têm sido muito abstratos, fazendo com que o aluno desenvolva argumentos sobre sentimentos, ideais, condutas ou princípios, sendo que a racionalidade, bem como a objetividade, não pode faltar na redação. Desta forma, tomem cuidado com temas como “O amor”, “A beleza da vida”, “A ética”, etc., uma vez que não se pode carregar o texto de sentimentalismos, mesmo que o tema seja propício a isso. Ser objetivo é uma das principais qualidades do pré-vestibulando de sucesso.

4. O texto da prova de português tem seguido um padrão no que diz respeito à fonte: geralmente são textos retirados da Folha se SP ou da revista Veja. É importante lembrar que o leitor deve manter-se à margem da opinião textual, considerando exclusivamente a opinião representada no texto, mesmo que discorde do que está escrito ali. Já na prática da redação, o pré-vestibulando pode e deve manifestar sua opinião.

5. As propostas de redação da UNIMONTES, no que diz respeito ao título, têm variado entre pedir e não pedir que o aluno faça um título. Por isso, prestem atenção ao seguinte:

a) Se a proposta pedir título, é obrigatório fazê-lo. Lembrem-se, portanto, de que título é diferente de tema. O tema é dado pela prova, é o assunto sobre o qual vocês escreverão um texto. Já o título pode ser comparado ao “nome” que se dá ao texto. Através dele, temos uma ideia da “cara” do que se escreveu.

b) Se a prova não mencionar nenhuma obrigatoriedade de se colocar um título, é preferível colocar. Lembrando que ele deve ser, preferencialmente: sem verbo; curto; objetivo; sem pontuação (exceto quando for uma pergunta, e aí se deve colocar o sinal de interrogação); e deve conter uma ligação direta e clara com o assunto do texto.

c) O título deve estar centralizado e separado por uma linha do restante do texto. Cuidado com o limite da folha, uma vez que a UNIMONTES tem colocado um espaço máximo de vinte linhas. Assim, os alunos com letras grandes precisam preparar-se para ocupar o curto espaço da prova da maneira mais objetiva possível.

É isso aí, pessoal. Boa sorte a todos!!! E até a próxima semana...

JULIANA BARRETO – PROFª DE LÍNGUA PORTUGUESA – Matéria publicada pelo Jornal A Semana, de Pirapora/MG, em 11/06/2010.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Crônica da Casa Assassinada: um processo de personificação

PLANTÃO DO VESTIBULANDO


Uma maneira simples de aprender a como chegar lá...





Crônica da Casa Assassinada: um processo de personificação



Olá, pessoal! Estamos chegando a mais um final de semestre, tempo em que se iniciam alguns processos seletivos, entre os quais está o da UNIMONTES, a acontecer no próximo dia 13. Desde já, faço votos de que todos vocês possam ter calma, paciência e muita garra no dia D, a fim de praticar toda a teoria estudada! Muito sucesso!!!

Finalizamos os estudos e análises das obras literárias da UNIMONTES, trazendo um pouco da compreensão do papel importante que a casa representa no livro “Crônica da Casa Assassinada”, de Lúcio Cardoso. Para isso, pesquisei o conceito de “casa”, de acordo com estudos de simbologias dentro da Literatura.

Segundo Jean Chevalier e Alain Gheerbrant, no Dicionário de Símbolos, a casa significa o SER INTERIOR; seus andares, seu porão e seu sótão simbolizam diversos estados da alma. A casa é também um símbolo feminino, com o sentido de refúgio, de mãe, de proteção, de seio maternal. O exterior da casa pode ser interpretado como a máscara ou a aparência do homem, da mesma forma que os movimentos dentro da casa podem evidenciar um momento da evolução psíquica ou uma fase estagnada.

Analisando por este sentido, percebemos que, na obra de Cardoso, a casa sofre um processo chamado de Personificação. A PERSONIFICAÇÃO ou prosopeia é uma figura de estilo que consiste em atribuir a objetos inanimados ou seres irracionais sentimentos ou ações próprias dos seres humanos (Wikipedia). Desta forma, a casa dos Meneses é um microcosmo o qual representa a universal decadência humana por meio da representação da decadência dessa família tradicional.

Em estudo, Maria Madalena Loredo Neta vem dizer-nos que, na mansão dos Meneses, através dos vestígios – dos móveis e pratarias ainda restantes, dos retratos antigos – é possível reconstruir, de certa forma, a história dessa família. A casa adquire dos moradores a frieza, a indiferença e o desinteresse pela renovação da vida. Torna-se uma casa humanizada que, por isso mesmo, pode morrer.

Além disso, segundo a pesquisadora, na casa dos Meneses não há sótão, mas há porões e quartos de despejo: imagem do mundo tumultuado, cheio de zonas sombrias e inabitáveis. A escada, que em geral é tomada como símbolo da verticalidade, da ascensão e da valorização, na mansão é referida para denotar a decadência dos Meneses. O próprio movimento dos móveis e adornos, como o divã e outros móveis encaminhados ao porão, simboliza declínio. O Pavilhão, onde se localiza o porão destacado no romance, cenário do envolvimento adúltero de Nina e Alberto e, quinze anos mais tarde, incestuoso com André, é referido pelos moradores como “lá”, “lá embaixo”, reforçando a ideia de lugar da transgressão, então proibido, que não se deseja nomear.

Com isso, conclui-se que a obra de Lúcio Cardoso veio acrescentar à Literatura uma reflexão sobre o mais íntimo do ser humano, escondido pelos limites das paredes da casa, e cujos conflitos se pode notar nos cômodos mais frios, mudos, nebulosos.

É isso aí, pessoal. Até mais!!!


JULIANA BARRETO – PROFª DE LÍNGUA PORTUGUESA – Matéria publicada pelo Jornal A Semana, de Pirapora/MG, em 04/06/2010.