PLANTÃO
DO VESTIBULANDO
Uma maneira simples de aprender a como chegar lá...
ESTUDANDO
PARA O ENEM: ANÁLISE DE TEXTOS - VIII
Olá,
pessoal! Para a análise de texto nesta semana, escolhi um poema de Augusto dos
Anjos o qual foi muito bem musicalizado e interpretado pela voz de Arnaldo
Antunes. Leiam:
Tome, Dr., esta tesoura, e...
corte
Minha singularíssima pessoa.
Que importa a mim que a bicharia
roa
Ah! Um urubu pousou na minha
sorte!
Também, das diatomáceas da lagoa
A criptógama cápsula se esbroa
Ao contato de bronca destra
forte!
Dissolva-se, portanto, minha vida
Igualmente a uma célula caída
Na aberração de um óvulo
infecundo;
Mas o agregado abstrato das
saudades
Fique batendo nas perpétuas
grades
Do último verso que eu fizer no
mundo! (Augusto dos Anjos)
Temos,
em “Budismo Moderno”, a comprovação de que Augusto dos Anjos não se encaixa em
apenas um estilo de época. Antes, é uma mistura de tendências, estilos e
idiossincrasias. Percebe-se, primeiramente, que há uma certa tendência
parnasianista, ao se reparar que há o clássico soneto e também pelo fato de
haver rimas regulares, no esquema: ABBA, ABBA, CCD, EED. Há no poema traços
realistas, por abordar uma realidade dos fatos de maneira mais rude; existe
tendência naturalista, principalmente na abordagem fisiológica e na herança
determinista (de Taine), na qual a morte é nossa única certeza. Além disso,
fica evidente a presença do Decadentismo, corrente literária que aconteceu já
nos fins do século XIX e que se liga “ao cansaço duma civilização que se julga
estar no ocaso, ao tédio, à busca de sensações novas, mais intensas, fruídas no
extravagante, no mórbido, nos requintes da forma” (Fonte:
site Farol das Letras): a vida que se dissolve, a célula
caída, a morte em grande presença no poema, a ideia mórbida de se fazer um
último verso, tudo isso traduz o espírito decadente de Augusto dos Anjos.
Como
se não bastasse, o poeta se vale ainda de outros recursos, pessoais, que
fizeram de sua poesia não tão aceita em sua época, fizeram dele o poeta do
não-lugar: Anjos utiliza palavras científicas em demasia (uma espécie de
exagero do cientificismo presente nos
estilos de época Realismo e Naturalismo), um vocabulário de difícil
compreensão, quase não acessível à maior parte dos leitores, um gosto
preferencial por superlativos e um excesso de figuras simbólicas voltadas para
o azar, que, no caso do poema acima, é o urubu.
Considerem
que o processo de anatomia, presente no assunto do poema “Budismo Moderno” (“Tome, Dr., esta tesoura, e... corte/ Minha
singularíssima pessoa”), retrata a “dissecação” da própria alma do ser
humano. Entregar sua vida, seu corpo ao médico como quem se entrega ao destino
inevitável da morte. São escancaradas todas as angústias do ser humano, de
maneira universal, tanto quanto particular na vida do autor.
Até
a próxima...
JULIANA BARRETO
– Profª de Língua Portuguesa
*Matéria publicada no Jornal A Semana, de Pirapora-MG, por Juliana Barreto Profª de Língua Portuguesa, formada em Letras pela Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES Contato: ahhfalaserio@hotmail.com Página no Facebook: http://www.facebook.com/nossaquefacil
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