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terça-feira, 8 de junho de 2010

Crônica da Casa Assassinada: um processo de personificação

PLANTÃO DO VESTIBULANDO


Uma maneira simples de aprender a como chegar lá...





Crônica da Casa Assassinada: um processo de personificação



Olá, pessoal! Estamos chegando a mais um final de semestre, tempo em que se iniciam alguns processos seletivos, entre os quais está o da UNIMONTES, a acontecer no próximo dia 13. Desde já, faço votos de que todos vocês possam ter calma, paciência e muita garra no dia D, a fim de praticar toda a teoria estudada! Muito sucesso!!!

Finalizamos os estudos e análises das obras literárias da UNIMONTES, trazendo um pouco da compreensão do papel importante que a casa representa no livro “Crônica da Casa Assassinada”, de Lúcio Cardoso. Para isso, pesquisei o conceito de “casa”, de acordo com estudos de simbologias dentro da Literatura.

Segundo Jean Chevalier e Alain Gheerbrant, no Dicionário de Símbolos, a casa significa o SER INTERIOR; seus andares, seu porão e seu sótão simbolizam diversos estados da alma. A casa é também um símbolo feminino, com o sentido de refúgio, de mãe, de proteção, de seio maternal. O exterior da casa pode ser interpretado como a máscara ou a aparência do homem, da mesma forma que os movimentos dentro da casa podem evidenciar um momento da evolução psíquica ou uma fase estagnada.

Analisando por este sentido, percebemos que, na obra de Cardoso, a casa sofre um processo chamado de Personificação. A PERSONIFICAÇÃO ou prosopeia é uma figura de estilo que consiste em atribuir a objetos inanimados ou seres irracionais sentimentos ou ações próprias dos seres humanos (Wikipedia). Desta forma, a casa dos Meneses é um microcosmo o qual representa a universal decadência humana por meio da representação da decadência dessa família tradicional.

Em estudo, Maria Madalena Loredo Neta vem dizer-nos que, na mansão dos Meneses, através dos vestígios – dos móveis e pratarias ainda restantes, dos retratos antigos – é possível reconstruir, de certa forma, a história dessa família. A casa adquire dos moradores a frieza, a indiferença e o desinteresse pela renovação da vida. Torna-se uma casa humanizada que, por isso mesmo, pode morrer.

Além disso, segundo a pesquisadora, na casa dos Meneses não há sótão, mas há porões e quartos de despejo: imagem do mundo tumultuado, cheio de zonas sombrias e inabitáveis. A escada, que em geral é tomada como símbolo da verticalidade, da ascensão e da valorização, na mansão é referida para denotar a decadência dos Meneses. O próprio movimento dos móveis e adornos, como o divã e outros móveis encaminhados ao porão, simboliza declínio. O Pavilhão, onde se localiza o porão destacado no romance, cenário do envolvimento adúltero de Nina e Alberto e, quinze anos mais tarde, incestuoso com André, é referido pelos moradores como “lá”, “lá embaixo”, reforçando a ideia de lugar da transgressão, então proibido, que não se deseja nomear.

Com isso, conclui-se que a obra de Lúcio Cardoso veio acrescentar à Literatura uma reflexão sobre o mais íntimo do ser humano, escondido pelos limites das paredes da casa, e cujos conflitos se pode notar nos cômodos mais frios, mudos, nebulosos.

É isso aí, pessoal. Até mais!!!


JULIANA BARRETO – PROFª DE LÍNGUA PORTUGUESA – Matéria publicada pelo Jornal A Semana, de Pirapora/MG, em 04/06/2010.

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