ANÁLISE DAS OBRAS LITERÁRIAS UNIMONTES 1/2013 – ÚLTIMA PARTE

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ANÁLISE DAS OBRAS LITERÁRIAS UNIMONTES 1/2013 – ÚLTIMA PARTE

Olá, pessoal! Primeiramente, quero agradecer a Deus pela minha vitória no processo seletivo de Mestrado em Estudos Literários na UNIMONTES, demonstrando todo o meu louvor ao Grande e Eterno Pai. Em segundo lugar, agradeço também ao amigo Domingos Diniz, pelo presente recebido nesta semana, um livro com análises de obras de Carlos Drummond de Andrade, demonstrando todo o meu carinho e apreço a esse “poeta barranqueiro” que muito contribui com a escrita regional. O meu sincero agradecimento!!! E, voltando às nossas análises... Como nosso espaço de tempo é curto, farei breves comentários sobre as duas últimas obras desse processo seletivo da UNIMONTES.

Primeiramente, “Cartas para Mariana”, de Osmar Pereira Oliva, é um livro com gênero “carta”, porém repleto de outras tipologias que perpassam a obra, narrativas misturadas com outras narrativas, histórias dentro de histórias, recurso que nós intitulamos de Palimpsesto. As cinco primeiras cartas do livro de Osmar podem ser consideradas respostas às cinco primeiras cartas de uma freira portuguesa do século XVII chamada Mariana Alcoforado. Isso logo se percebe pelo fato de a freira ter escrito a um francês chamado Chamilly, e, na obra de Osmar, a assinatura das cinco primeiras cartas é “C.”. Concluímos que o autor utiliza os recursos de enganação e fingimento poéticos de que a Literatura dispõe para criar esse eu-lírico e responder às cartas de Mariana. O tom inicial de amor ultrarromântico vai se perdendo e vai tomando ar de ironia ou até mesmo sarcasmo, o que se encaixa perfeitamente com a temática da freira que, em suas cinco cartas, passa a reclamar a falta de amor, de atenção e de dedicação do francês amado.

As demais cartas do livro “Cartas para Mariana” fazem intertextualidades diversas, como com a Bíblia, em “Carta para as filhas de Eva”; com Rubem Fonseca, inclusive, com uma breve sensação de que haverá uma paráfrase do conto fonsequiano “Passeio Noturno”, mas que, com grande maestria, Osmar nos conduz, meros leitores, a um desfecho surpreendente, como Rubem Fonseca também o faria. Há também a intertextualidade com Clarice Lispector, em “Carta para Clarice”, na qual vemos também uma referência a uma das mais famosas obras da autora: “A hora da Estrela”, resumida em poucas palavras, de forma chocante e ousada, como a Literatura deve fazer. Não encontramos nesta carta a personagem Macabéa, e, sim, Maria, o que nos faz refletir se, em vez de paráfrase da obra de Clarice, não seria uma paródia, ou, simplesmente, o que o eu-lírico criado por Osmar escreveria, caso fosse o autor da obra dela. Enfim, as cartas são repletas de mistérios, simbolismos e intertextualidades, escritas surpreendentes, fazendo jus à sua autoria.

Em “A alma encantadora das ruas”, de João do Rio, temos a simbolização da Rua como o local das diferenças. Nela encontramos pessoas de todos os tipos, como também as mais diversas atitudes e acontecimentos, dos mais corriqueiros aos mais atrozes. São presidiários, prostitutas, marginalizados, pessoas comuns, ricos, pobres... num mise-en-scène deslumbrante. As ruas são o encontro do diferente. O olhar do meu “eu” para com o “outro”, o olhar do “outro” para comigo. E, nisso, temos a temática principal proposta pela UNIMONTES nessas cinco obras escolhidas: o “nós e os outros”, a convivência, o desafio de encarar o diferente, o ato de vencer o egoísmo que nos prende a uma cápsula, rompê-la e entender que esse “outro” existe.

É isso aí, pessoal. Bons estudos. Boas provas e... Até a próxima!!!

JULIANA BARRETO – Profª de Língua Portuguesa

 


*Matéria publicada no Jornal A Semana, de Pirapora-MG, por Juliana Barreto Profª de Língua Portuguesa, formada em Letras pela Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES Contato: ahhfalaserio@hotmail.com Página no Facebook: http://www.facebook.com/nossaquefacil