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domingo, 30 de agosto de 2009

A Literatura como Phármakon

PLANTÃO DO VESTIBULANDO

Uma maneira simples de aprender a como chegar lá...

A Literatura como Phármakon

Olá, pessoal! Objetivando introduzir o conteúdo especificamente literário da área de Linguagens da prova do Novo Enem, trago para vocês uma pequena análise da teoria literária, em que são buscadas em Platão, Umberto Eco, Jacques Derrida e em outros estudiosos as influências do chamado “pharmakos” dentro da Literatura.

Pharmakos (do grego) era uma espécie de bode expiatório (um escravo, um aleijado ou um criminoso), que foi escolhido e expulso da comunidade nos momentos de desastres (fome, peste ou invasão) quando era necessária uma purificação. (Fonte: Wikipedia). O termo "pharmakos", mais tarde, tornou-se o termo "pharmakeus", o qual remete para "uma droga, poção mágica, um mago ou um feiticeiro." Uma variação deste termo é "phármakon" cujo significado quer dizer um remédio, veneno, ou droga. Deste termo, emergiu o conceito de "Farmacologia". Jacques Derrida busca vários textos de Platão e revela a inter-relação entre a palavra cadeia: phármakon, pharmakeia, phármakeus e pharmakós. Roselene de Fátima Coito (Professora Doutora em Estudos Literários na UNIOESTE), citando Nascimento (1999), mostra que cada termo acima pode ser traduzido e/ ou interpretado, respectivamente como: uma substância para ser usada em virtudes ocultas na alquimia; ninfa que brincava com Orítias quando esta foi precipitada no abismo; aquele que, em princípio, não sabe escrever e detém o poder do mago, do feiticeiro; e homens sacrificados, nos rituais de purificação. Percebam que esses quatro “personagens” parecem ser uma ameaça à pureza interior, pelo fato de estarem ligados a fatos ocultos, mágicos, desconhecidos, que ficam no limite entre a vida e a morte.

Clarice Lottermann (UNIOESTE) revela que, na obra A farmácia de Platão, Jacques Derrida recupera o mito de Theuth, no qual a escritura é vista como um phármakon, e destaca o duplo sentido do termo, o qual tanto pode significar REMÉDIO quanto VENENO. Assim, conclui-se sobre a tensão provocada pela Literatura, pondo sempre em jogo os dois polos – o da vida e o da morte, levando o leitor a um permanente estado de inquietação face ao destino das personagens (Umberto Eco). Derrida também afirma que: não há remédio inofensivo; o phármakon não pode jamais ser simplesmente benéfico; a essência ou a virtude benéfica de um phármakon não o impede de ser doloroso.

E isso pode (e deve) ser trazido para a teoria de como entender a Literatura. Ela participa ao mesmo tempo do bem e do mal, do agradável e do desagradável. E, daí, nós tiramos a ideia de que a Literatura não existe para confortar, mas para causar desconforto.

É desta inquietação, desta mistura paradoxal de vida e de morte, de algo que faz bem e mal ao mesmo tempo, que é feita a Literatura. Um remédio que cura e um veneno que mata; a construção ao lado da desconstrução. Ou seja, para se entender Literatura, devemos precipitar-nos em um mundo novo e cheio de mistérios e perigos... Mergulhemo-nos nesse abismo.

É isso aí. Até a próxima!

JULIANA BARRETO – PROFª DE LÍNGUA PORTUGUESA – Matéria publicada pelo Jornal A Semana, de Pirapora/MG, em 28/08/2009.

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