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segunda-feira, 31 de maio de 2010

Paraísos Artificiais – Parte II

PLANTÃO DO VESTIBULANDO


Uma maneira simples de aprender a como chegar lá...

Paraísos Artificiais – Parte II



Olá, pessoal! Nesta semana, continuaremos a análise de “Paraísos Artificiais”.

O conto “O companheiro de quarto” traz uma contradição entre o título e a história, uma vez que fala a respeito de dois jovens que dividem o mesmo quarto, porém mal se falam, fato que distorce a ideia que temos sobre companheirismo. O narrador em primeira pessoa mostra sua implicância para com o companheiro, a ponto de desfazer da única companhia que este possuía: uma planta. Símbolo da energia vital e do nascimento perpétuo, a planta é carregada de simbologias neste conto e mostra a barreira criada pelo narrador entre a sua vida e a do colega. Enfim, o conto vem evidenciar o lado obscuro do ser humano: a sua maldade, a sua inveja e o seu egoísmo.

“Coisa de família” fala sobre um jovem que está morando fora de seu país e é convidado para passar o Natal com o vizinho. A sensação de exclusão se dá não só pelo fato de o jovem narrador ser um estrangeiro longe de sua terra, mas, principalmente, por sentir-se “estrangeiro” dentro dessa família, que possui seus problemas, seus segredos e não quer compartilhá-los com o convidado. A sensação de exclusão e a agonia de estar se sentindo como “um peixe fora d’água” perpassam todo o enredo, misturadas à evidente artificialidade das relações familiares.

“O 921” é um dos contos mais complexos e que mais mostram influências de Franz Kafka. O mistério gerado a partir do encontro do narrador com um senhor que o convence a tomar outro ônibus é o que move o enredo rumo ao fantástico, em que o leitor perde a noção da linha que divide o sonho e a realidade dos personagens. O caos se faz a partir do momento em que o senhor morre, o narrador vai à delegacia e depois é levado em um carro, numa situação em que só é possível levantarmos hipóteses, mas jamais termos certeza do desfecho da história.

Assim como o conto “Coisa de família”, “O primo” também mostra uma situação de um jovem que se sente “deslocado” da realidade da casa. É criada, ao longo da narrativa, a espera do encontro entre os primos, o que acaba por frustrar o leitor quando tal encontro se dá de forma tão “fria” e debochada. O personagem de Ivan, através das várias vezes em que aparece de frente para o espelho, parece procurar a si mesmo. Trata-se da sua busca pela identidade, antes baseada em uma admiração ao primo Reginaldo e, depois, na tentativa de não se deixar abalar pelos deboches dele.

“Os Sonetos Negros” conta a história de uma estudante chamada Tânia, que resolve pesquisar sobre a vida de Matilde Fortes, uma escritora famosa já falecida. Aqui, o processo de verossimilhança (aproximação da verdade) cumpre o seu papel destacando nomes da realidade, como José Lins do Rego e Raquel de Queiroz, misturados à ficção do enredo. Em um diário, Tânia narra detalhes sobre sua pesquisa até descobrir que Matilde Fortes não foi a autora dos Sonetos Negros, e, sim, o viúvo Gastão Fortes. A aventura acontecida na pequena cidade de São Dimas (“padroeiro dos ladrões”) confirma que a literatura é ficção, é artificial, como os tantos paraísos artificiais buscados por qualquer ser humano que pretende refugiar-se da realidade.

É isso aí... Até a próxima!

JULIANA BARRETO – PROFª DE LÍNGUA PORTUGUESA – Matéria publicada pelo Jornal A Semana, de Pirapora/MG, em 29/05/2010.

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