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domingo, 20 de setembro de 2009

Deixa disso, camarada!!!

PLANTÃO DO VESTIBULANDO

Uma maneira simples de aprender a como chegar lá...

Deixa disso, camarada!!!

Pronominais

Dê-me um cigarro Diz a gramática Do professor e do aluno E do mulato sabido Mas o bom negro e o bom branco Da Nação Brasileira Dizem todos os dias Deixa disso camarada Me dá um cigarro. (Oswald de Andrade)

Olá, pessoal! Trouxe para vocês esse exemplo clássico da Literatura para exemplificar até que ponto considera-se erro de português ou uma forma de preconceito.

Uma língua nunca é falada de maneira uniforme pelos seus usuários: ela está sujeita a muitas variações. O modo de falar uma língua varia: - de época para época: o português de nossos antepassados é diferente do que falamos hoje; - de região para região: o carioca, o baiano e o paulista falam de maneiras nitidamente distintas; - de grupo social para grupo social: pessoas que moram em bairros chamados nobres falam diferente dos que moram na periferia; - de situação para situação: cada uma das variantes pode ser falada com mais cuidado e vigilância (a fala formal) e de modo mais espontâneo (a fala informal).

Além dessas, há outras variações, como, por exemplo, o modo de falar de grupos profissionais, a gíria própria de faixas etárias diferentes, etc. Diante de tantas variantes linguísticas, é inevitável perguntar qual delas é a correta. Entretanto não existe a mais correta em termos absolutos, mas sim, a mais adequada a cada contexto. Dessa maneira, fala bem aquele que se mostra capaz de escolher a variante adequada a cada situação e consegue o máximo de eficiência dentro da variante escolhida. Usar o português rígido, próprio da língua escrita formal, numa situação descontraída da comunicação oral é falar de modo inadequado. Soa como pretensioso, pedante, artificial. Por outro lado, é inadequado em situação formal usar gírias, termos chulos, desrespeitosos. (Curso Anglo - adaptado)

Dentro dessa mesma ideia de que “erros” como “a gente caminhamos” são, antes, inadequações em determinados contextos (como em uma Redação, por exemplo) do que erros de português propriamente ditos, percebemos como o preconceito se gera a partir de determinadas formas de falar, fazendo com que as pessoas falantes desse tipo de frase sintam-se excluídas e marginalizadas.

O que o Novo Enem quer dos candidatos é que eles saibam escrever de acordo com a norma culta na prova de Redação, mas que saibam também reconhecer quais são e como funcionam as variantes linguísticas que os cercam, excluindo qualquer preconceito quanto aos diferentes modos de falar. Desse modo, deixa disso, camarada, e me dá um cigarro!!!

Até a próxima!!!

JULIANA BARRETO – PROFª DE LÍNGUA PORTUGUESA – Matéria publicada pelo Jornal A Semana, de Pirapora/MG, em 11/09/2009.

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