Literatura:
Estilos de Época – REALISMO/ NATURALISMO
Olá,
pessoal! “Gastei trinta dias para ir do Rossio Grande ao
coração de Marcela, não já cavalgando o corcel do cego desejo, mas o asno da
paciência, a um tempo manhoso e teimoso. Que, em verdade, há dois meios de
granjear a vontade das mulheres: o violento, como o touro de Europa, e o
insinuativo, como o cisne de Leda e a chuva de ouro de Dânae, três inventos do
padre Zeus, que, por estarem fora de moda, aí ficaram trocados no cavalo e no
asno. (...) Ocorre-me uma reflexão imoral que é ao mesmo tempo uma correção de
estilo. Cuido haver dito, no capítulo XIV, que Marcela morria de amores pelo
Xavier. Não morria, vivia. Viver não é a mesma coisa que morrer, assim o
afirmam todos os joalheiros desse mundo, gente muito vista na gramática. Bons
joalheiros, que seria do amor se não fossem os vossos dixes e fiados?(...) ...Marcela
amou-me durante quinze meses e onze contos de réis; nada menos.” (Memórias
Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis).
O
trecho acima trata a respeito do amor, mas não de forma subjetiva e ultrarromântica,
como houve no Romantismo. Ao contrário, a visão a respeito do amor, na obra de
Machado de Assis, é muito mais objetiva e realista. Essa característica da
descrição objetiva e realista dos sentimentos e das coisas é o que envolve o
estilo de época chamado de REALISMO.
Isso
mesmo, pessoal! Na última edição, aprendemos sobre o estilo de época Romantismo.
Agora, vemos uma mudança de postura da sociedade. Durante os momentos finais do
século XIX, muitas mudanças ocorreram no mundo: o socialismo científico de Marx
e Engels, a Segunda Revolução Industrial, Lutas operárias, Progresso da
Biologia, influência de correntes filosóficas como o Positivismo de Augusto
Conte, o Evolucionismo de Charles Darwin, o Determinismo de Taine e o
Materialismo; tudo isso contribuindo para uma postura muito mais centrada na
razão, diferenciando-se das paixões insanas que levaram, durante o início do
século, os românticos ao mal-do-século.
No
Brasil, o ciclo do café, a abolição da escravatura em 1888, a proclamação da
República em 1889 e o desenvolvimento da imprensa propiciaram uma
intensificação nas características do Realismo:
ü Tendência
à observação;
ü Objetivismo,
ausência da idealização;
ü Sensualismo;
ü Lentidão
narrativa e descritiva;
ü Concepção
do amor como um fato predominantemente filosófico;
ü Predominância
do espaço urbano.
O
NATURALISMO foi um Estilo de Época que também aconteceu no final do século XIX,
mantendo algumas características comuns ao Realismo, porém intensificando-as,
como se o Naturalismo fosse um Realismo exagerado. Um excelente escritor do
Naturalismo foi Aluísio de Azevedo, autor de O cortiço, O mulato, Casa de Pensão, obras que mantêm algumas
características comuns, como:
ü Cientificismo;
ü Animalização
do homem;
ü Visão
radicalmente determinista;
ü Interesse
pelas classes baixas;
ü Amoralismo;
ü Gosto
pelo patológico (doenças, deformações físicas, taras).
É
isso aí, pessoal! Observem que esses estilos que vimos nesta semana procuraram
descrever o ser humano e a vida de forma mais fiel ao contexto da época,
trazendo inovações à Literatura Brasileira. Até a próxima...
*Matéria publicada no Jornal A Semana, de Pirapora-MG, por Juliana Barreto Profª de Língua Portuguesa, formada em Letras pela Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES Contato: ahhfalaserio@hotmail.com Página no Facebook: http://www.facebook.com/nossaquefacil
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