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domingo, 11 de março de 2012

Literatura: Estilos de Época - BARROCO


PLANTÃO DO VESTIBULANDO
Uma maneira simples de aprender a como chegar lá...
                    Literatura: Estilos de Época - BARROCO*

Olá, pessoal! O próximo Estilo de Época foi o BARROCO, também chamado de seiscentismo por ter reunido textos durante os anos 1600. A temática barroca girava em torno de um conflito do homem contra o mundo e um conflito interior, uma incompreensão de si mesmo. Se formos analisar o contexto histórico, veremos que a Europa acabava de sair ao Novo Mundo, através das Grandes Navegações, o que pressupõe um avanço nas ciências. O mundo racional avançava, enquanto a Igreja Católica procurava manter seus fiéis e deter o avanço das chamadas religiões protestantes. Era uma verdadeira luta entre a razão e a emoção/fé. E o homem acabou por manter, em seus escritos, esse mesmo confronto. Autores como Gregório de Matos Guerra conseguiram demonstrar bem as dúvidas do homem da época, dividido entre o pecado e o perdão; entre a luz e as trevas; entre o céu e o inferno. Não é à toa que a temática da morte e da angústia perpassava o Barroco. Na pintura e na arquitetura, o jogo do claro/escuro mostrava também a ideia de duplicidade do pensamento daquele período. Significando “pérola irregular”, ou também “pérola defeituosa”, o Barroco foi a mistura do belo com o feio, em uma tentativa de exprimir a irregularidade humana.
Nos versos abaixo, Gregório de Matos expõe uma das maiores problemáticas de sua época: a angustiante dúvida entre o pecado e a salvação.
Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado,
de vossa alta clemência me despido;
porque quanto mais tenho delinquido,
vos tenho a perdoar mais empenhado. (...)

Conhecido como o “Boca do Inferno”, esse mesmo autor recebeu o apelido por suas sátiras, nas quais criticou de forma irônica e rude não só sua cidade-natal, como também a Igreja, o Poder Político e outras entidades e instituições. Nem mesmo a sociedade escapou da sua ira. Vejamos:
Que falta nesta cidade? ... Verdade.
Que mais por sua desonra? ... Honra.
Falta mais que se lhe ponha? ... Vergonha.
O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta,
Numa cidade, onde falta
Verdade, honra, vergonha.
Quem a pôs neste socrócio? ... Negócio.
Quem causa tal perdição? ... Ambição.
E o maior desta loucura? ... Usura.
Notável desaventura
De um povo néscio e sandeu,
Que não sabe que o perdeu
Negócio, ambição, usura. (...)
É isso, pessoal. Nas próximas, veremos mais alguns estilos. Até lá.


*Matéria publicada no Jornal A Semana, de Pirapora-MG, por Juliana Barreto Profª de Língua Portuguesa, formada em Letras pela Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES Contato: ahhfalaserio@hotmail.com

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