PLANTÃO
DO VESTIBULANDO
Uma maneira simples de aprender a como chegar lá...
Literatura: Estilos de
Época - BARROCO*
Olá,
pessoal! O próximo Estilo de Época foi o BARROCO, também chamado de
seiscentismo por ter reunido textos durante os anos 1600. A temática barroca
girava em torno de um conflito do homem contra o mundo e um conflito interior,
uma incompreensão de si mesmo. Se formos analisar o contexto histórico, veremos
que a Europa acabava de sair ao Novo Mundo, através das Grandes Navegações, o
que pressupõe um avanço nas ciências. O mundo racional avançava, enquanto a
Igreja Católica procurava manter seus fiéis e deter o avanço das chamadas
religiões protestantes. Era uma verdadeira luta entre a razão e a emoção/fé. E
o homem acabou por manter, em seus escritos, esse mesmo confronto. Autores como
Gregório de Matos Guerra conseguiram demonstrar bem as dúvidas do homem da
época, dividido entre o pecado e o perdão; entre a luz e as trevas; entre o céu
e o inferno. Não é à toa que a temática da morte e da angústia perpassava o
Barroco. Na pintura e na arquitetura, o jogo do claro/escuro mostrava também a ideia
de duplicidade do pensamento daquele período. Significando “pérola irregular”, ou
também “pérola defeituosa”, o Barroco foi a mistura do belo com o feio, em uma
tentativa de exprimir a irregularidade humana.
Nos
versos abaixo, Gregório de Matos expõe uma das maiores problemáticas de sua
época: a angustiante dúvida entre o pecado e a salvação.
Pequei, Senhor, mas não porque
hei pecado,
de vossa alta clemência me
despido;
porque quanto mais tenho
delinquido,
vos tenho a perdoar mais
empenhado. (...)
Conhecido
como o “Boca do Inferno”, esse mesmo autor recebeu o apelido por suas sátiras,
nas quais criticou de forma irônica e rude não só sua cidade-natal, como também
a Igreja, o Poder Político e outras entidades e instituições. Nem mesmo a
sociedade escapou da sua ira. Vejamos:
Que falta nesta cidade? ...
Verdade.
Que mais por sua desonra? ...
Honra.
Falta mais que se lhe ponha? ...
Vergonha.
O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta,
Numa cidade, onde falta
Verdade, honra, vergonha.
Quem a pôs neste socrócio? ...
Negócio.
Quem causa tal perdição? ...
Ambição.
E o maior desta loucura? ...
Usura.
Notável desaventura
De um povo néscio e sandeu,
Que não sabe que o perdeu
Negócio, ambição, usura. (...)
É isso,
pessoal. Nas próximas, veremos mais alguns estilos. Até lá.
*Matéria publicada no Jornal A Semana, de Pirapora-MG, por Juliana Barreto Profª de Língua Portuguesa, formada em Letras pela Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES Contato: ahhfalaserio@hotmail.com
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