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segunda-feira, 13 de junho de 2011

O valor semântico das conjunções

PLANTÃO DO VESTIBULANDO


Uma maneira simples de aprender a como chegar lá...



O valor semântico das conjunções



Olá, pessoal. Dicas de gramática aparecem na internet a todo o momento. Mas algumas merecem ser repetidas e trazidas à tona, porque, além de informarem os internautas dos “perigos” existentes na Língua Portuguesa, ainda trazem isso de forma bem mais didática do que passar horas e horas em um curso pré-vestibular. As dicas abaixo são de Dílson Catarino, em matéria especial para o Fovest Online, e vêm nos mostrar que nem sempre as músicas são gramaticalmente corretas. Vamos lá?



Soneto de Fidelidade (Vinicius de Moraes)



De tudo ao meu amor serei atento

Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto

Que mesmo em face do maior encanto

Dele se encante mais meu pensamento.



Quero vivê-lo em cada vão momento

E em seu louvor hei de espalhar meu canto

E rir meu riso e derramar meu pranto

Ao seu pesar ou seu contentamento



E assim, quando mais tarde me procure

Quem sabe a morte, angústia de quem vive

Quem sabe a solidão, fim de quem ama



Eu possa me dizer do amor (que tive):

Que não seja imortal, posto que é chama

Mas que seja infinito enquanto dure.



Quem não suspirou com esses versos de Vinícius de Moraes? Pois é. Mas, percebam o trecho:

"(...) Eu possa me dizer do amor (que tive): / Que não seja imortal, posto que é chama / Mas que seja infinito enquanto dure."

Esse é um dos mais conhecidos e apreciados poemas de Vinícius, que possui uma emotividade sem igual na literatura brasileira. A inadequação gramatical desses versos está na utilização da expressão "posto que" com o valor semântico de causa. O poeta espera que o amor não seja imortal, já que é chama, perceberam? O problema é que "POSTO QUE" tem valor concessivo, ou seja, indica oposição, fatores contrários, e tem o mesmo valor de "apesar de que, embora, mesmo que, ainda que", e não de "porque, já que, visto que". Então, o verso deveria ter sido construído assim: "Que não seja imortal, já que é chama", ou "porque é chama" ou ainda "visto que é chama". (Fonte: Folha - adaptado)

É isso aí, pessoal. Gostaram? Na próxima tem mais!



*Matéria publicada no Jornal A Semana, de Pirapora-MG, por Juliana Barreto


Profª de Língua Portuguesa, formada em Letras pela Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES

Contato: ahhfalaserio@hotmail.com

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