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domingo, 27 de maio de 2012

Análise de Obras Literárias – Unimontes – Parte II: A última quimera, Ana Miranda


PLANTÃO DO VESTIBULANDO
Uma maneira simples de aprender a como chegar lá...
Análise de Obras Literárias – Unimontes – Parte II:
A última quimera, Ana Miranda

Olá, pessoal! Prosseguindo na análise das obras literárias do processo seletivo da Unimontes 2/2012, vejamos como Ana Miranda aborda a vida e a obra de Augusto dos Anjos, no livro: A última quimera.
Primeiramente, trata-se de um romance metabiográfico, uma vez que é a literatura feita sobre a literatura (daí a questão metalinguística), somando-se ao fato de representar a biografia de um autor, no caso, Augusto dos Anjos. A escolha não foi aleatória, uma vez que Ana Miranda, com sua tendência à brasilidade, busca um processo de revalorização. Assim, tenta mostrar um lado do poeta não conhecido pelos leitores: sua forma de ver, pensar, sentir, diante do mundo; e traz isso como uma forma de resgatar o valor pessoal e literário de Augusto dos Anjos.
O narrador assume um papel de colocar a representação de Augusto dos Anjos em uma situação ambígua. Ele narra a história, misturando o real ao ficcional. Não podemos esquecer que toda literatura é ficção e, devido a isso, mesmo que haja uma biografia, não se pode afirmar que existe total fidelidade aos fatos. Existe, antes, uma verossimilhança, que é uma aproximação da realidade. Ao mesmo tempo, ocorre todo um processo de identidade e de busca (criação) de identidade. Percebemos isso ao analisarmos como o narrador vai (re) construindo a imagem do poeta, ao mesmo tempo em que cita versos dele, situações de sua vida e formas de pensamento. Existe uma fidelidade aos dados biográficos de Augusto dos Anjos, somada a contextualizações de época e vários encontros do narrador com Olavo Bilac: é isso que reforça o processo de verossimilhança e dá vida ao gênero metabiográfico.
Para criar esse cenário de biografia, a autora optou por uma espécie de bricolagem, através da qual ela faz uma mistura de poemas e cartas à narrativa. Tem-se, aí, uma ideia do que a Literatura chama de Palimpsesto: é possível escrever e reescrever por cima diversas vezes, criando histórias dentro de histórias que estão dentro de outras histórias, e assim por diante.
Ao tentar traçar um perfil sobre Augusto, a autora procura imortalizar o poeta. É sua forma encontrada de valorizá-lo e torná-lo imortal no imaginário popular. Em A luz lasciva do luar, Ana Miranda nos faz refletir sobre a questão da temporalidade com relação à recepção. Até que ponto, no caso de Augusto dos Anjos, com um único livro escrito, a obra é capaz de manter-se viva, ainda mais sem o pulsar do poeta? Mas, ao mesmo tempo, ela nos diz que, aos poucos, aquele poeta incompreendido passa a ter seus primeiros admiradores.
Uma das principais características da obra de Miranda é a presença de Duelos entre Augusto dos Anjos e Olavo Bilac. Respectivamente, temos um poeta considerado miserável, do campo, sem estilo de época, mas muito influenciado pelo Simbolismo e calcado na realidade. Do outro lado, encontra-se o chamado “Príncipe dos Poetas”, o Boêmio, de vida e características urbanas, pertencente ao Parnasianismo, calcado em conteúdos ligados ao Ficcional. Sendo Olavo Bilac um retrato de uma burguesia do séc. XX, Augusto dos Anjos é, para a sociedade, o marginalizado, o poeta do não-lugar; e, para o narrador, o incompreendido.
É a fim de resgatar as características e a importância de Augusto dos Anjos que Ana Miranda traz, desde o título do livro (o qual remete ao verso do poema Versos Íntimos), até o final de sua obra, tudo o que compôs não só o poeta sem estilo de época, mas com tanto estilo próprio, mas também, e principalmente, o que compôs o homem Augusto dos Anjos.
É isso aí, pessoal. Até a próxima...


*Matéria publicada no Jornal A Semana, de Pirapora-MG, por Juliana Barreto Profª de Língua Portuguesa, formada em Letras pela Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES Contato: ahhfalaserio@hotmail.com Página no Facebook: http://www.facebook.com/nossaquefacil

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