PLANTÃO
DO VESTIBULANDO
Uma maneira simples de aprender a como chegar lá...
Análise
de Obras Literárias – Unimontes – Parte II:
A
última quimera, Ana Miranda
Olá, pessoal! Prosseguindo
na análise das obras literárias do processo seletivo da Unimontes 2/2012,
vejamos como Ana Miranda aborda a vida e a obra de Augusto dos Anjos, no livro:
A última quimera.
Primeiramente,
trata-se de um romance metabiográfico, uma vez que é a literatura feita sobre a
literatura (daí a questão metalinguística), somando-se ao fato de representar a
biografia de um autor, no caso, Augusto dos Anjos. A escolha não foi aleatória,
uma vez que Ana Miranda, com sua tendência à brasilidade, busca um processo de
revalorização. Assim, tenta mostrar um lado do poeta não conhecido pelos leitores:
sua forma de ver, pensar, sentir, diante do mundo; e traz isso como uma forma
de resgatar o valor pessoal e literário de Augusto dos Anjos.
O narrador
assume um papel de colocar a representação de Augusto dos Anjos em uma situação
ambígua. Ele narra a história, misturando o real ao ficcional. Não podemos
esquecer que toda literatura é ficção e, devido a isso, mesmo que haja uma
biografia, não se pode afirmar que existe total fidelidade aos fatos. Existe,
antes, uma verossimilhança, que é uma aproximação da realidade. Ao mesmo tempo,
ocorre todo um processo de identidade e de busca (criação) de identidade.
Percebemos isso ao analisarmos como o narrador vai (re) construindo a imagem do
poeta, ao mesmo tempo em que cita versos dele, situações de sua vida e formas
de pensamento. Existe uma fidelidade aos dados biográficos de Augusto dos
Anjos, somada a contextualizações de época e vários encontros do narrador com
Olavo Bilac: é isso que reforça o processo de verossimilhança e dá vida ao
gênero metabiográfico.
Para criar esse
cenário de biografia, a autora optou por uma espécie de bricolagem, através da qual ela faz uma mistura de poemas e cartas
à narrativa. Tem-se, aí, uma ideia do que a Literatura chama de Palimpsesto: é
possível escrever e reescrever por cima diversas vezes, criando histórias
dentro de histórias que estão dentro de outras histórias, e assim por diante.
Ao tentar traçar
um perfil sobre Augusto, a autora procura imortalizar o poeta. É sua forma
encontrada de valorizá-lo e torná-lo imortal no imaginário popular. Em A luz lasciva do luar, Ana Miranda nos
faz refletir sobre a questão da temporalidade com relação à recepção. Até que
ponto, no caso de Augusto dos Anjos, com um único livro escrito, a obra é capaz
de manter-se viva, ainda mais sem o pulsar do poeta? Mas, ao mesmo tempo, ela
nos diz que, aos poucos, aquele poeta incompreendido passa a ter seus primeiros
admiradores.
Uma das
principais características da obra de Miranda é a presença de Duelos entre Augusto
dos Anjos e Olavo Bilac. Respectivamente, temos um poeta considerado miserável,
do campo, sem estilo de época, mas muito influenciado pelo Simbolismo e calcado
na realidade. Do outro lado, encontra-se o chamado “Príncipe dos Poetas”, o
Boêmio, de vida e características urbanas, pertencente ao Parnasianismo,
calcado em conteúdos ligados ao Ficcional. Sendo Olavo Bilac um retrato de uma
burguesia do séc. XX, Augusto dos Anjos é, para a sociedade, o marginalizado, o
poeta do não-lugar; e, para o narrador, o incompreendido.
É a fim de resgatar
as características e a importância de Augusto dos Anjos que Ana Miranda traz,
desde o título do livro (o qual remete ao verso do poema Versos Íntimos), até o final de sua obra, tudo o que compôs não só
o poeta sem estilo de época, mas com tanto estilo próprio, mas também, e
principalmente, o que compôs o homem Augusto dos Anjos.
É
isso aí, pessoal. Até a próxima...
*Matéria publicada no Jornal A Semana, de Pirapora-MG, por Juliana Barreto Profª de Língua Portuguesa, formada em Letras pela Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES Contato: ahhfalaserio@hotmail.com Página no Facebook: http://www.facebook.com/nossaquefacil
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