PLANTÃO
DO VESTIBULANDO
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Análise
de Obras Literárias – Unimontes – Parte III:
Serrano
de Pilão Arcado: A saga de Antônio Dó, Petrônio Braz
Olá, pessoal! Petrônio
Braz nasceu em 1928, na cidade de São Francisco-MG. A obra deste autor,
proposta pela UNIMONTES, vem buscar uma valorização não só da cultura mineira
como também da nossa história. Serrano de
Pilão Arcado foi publicado em 2006, não pertencendo, portanto, ao estilo de
época considerado como Modernismo. Desta forma, numa linha do tempo de nossa
Literatura, a obra estaria num tempo posterior à de Guimarães Rosa. Entretanto,
pelo fato de dialogar muito bem com a obra explicada anteriormente (de Ana
Miranda) e a que fará parte de nossos estudos na próxima semana (de G. Rosa),
resolvi colocar sua análise nesta matéria.
Serrano de Pilão Arcado
pertence à literatura atual (Contemporaneidade), enfatizando a Literatura
norte-mineira. Trata-se de um Romance, através do qual se busca apresentar ao
leitor um Sertão histórico: a vida no cangaço, com ênfase em Antônio Dó. Alguns
aspectos sociológicos fazem parte da obra: relação coronelismo/ chefe político/
povo. Percebe-se aí uma questão de força política, na qual o autor propõe uma re-encenação
histórica dos jagunços e suas lutas entre si. Misturam-se, assim como na obra
de Ana Miranda (A última quimera), a
ficção e o real, cuja dissociação é impossível ao leitor. É o Falso/
verdadeiro/ inventado, a sensação de estarmos vivenciando o momento histórico
de Dó, mas, ao mesmo tempo em que há toda uma (re) criação literária.
O
tempo da narrativa é reversivo e o espaço, transfigurado. Isso mostra que toda
a narrativa é construída a partir das necessidades. São mostradas as gentes das
veredas; está aí uma busca da identidade maior: a sertaneja. Identidade que,
até então, pouco aparecia na nossa literatura. Vale lembrar que, anteriormente,
apenas o Modernismo conseguiu enfatizar o povo do sertão com o esplendor de
descrições e engajamento que ele merece.
No
enredo, o personagem Antônio Dó vivencia momentos capazes de construir sua
identidade como homem, como cangaceiro: a triste seca em Pilão Arcado, o assassinato
do irmão, a visão da Fazenda de Boa Vista como sinônimo de injustiça, a
crescente revolta, os desmandos políticos no município de São Francisco, a prisão
por demarcação de terras, enfim, tudo isso é trazido, pelo autor, como motivos
de uma construção de identidade. É a raiz sertaneja que vai se remodelando e
ganhando a vida de cangaço. No contexto da época, prevalecia a ideia de posse
de terras = mando e poder; entretanto, o personagem Antônio Dó ganha destaque
por construir sua própria forma de mando e poder: o chamado “fazer justiça com
as próprias mãos”.
Na
linguagem da obra, prevalece a oralidade e os regionalismos, podendo haver aqui
uma comparação com o estilo regionalista de Guimarães Rosa.
Ao
longo da narrativa, vai ocorrendo uma espécie de materialização do personagem
Antônio Dó: ele vai ganhando nome e comportamento diferenciados a cada passo de
sua trajetória; torna-se, assim, bandido, herói, injustiçado, até o momento de
sua morte, em 1929, por um integrante do próprio bando. O objetivo de Braz é
registrar não só a versão política/ histórica, mas (e principalmente) fazer
registros sobre o Homem Antônio Dó.
Daí o nome “saga”, que aparece no título do livro: a trajetória de vida de uma
“verdadeira lenda do cangaço”.
É isso aí, pessoal. Até a próxima...
*Matéria publicada no Jornal A Semana, de Pirapora-MG, por Juliana Barreto Profª de Língua Portuguesa, formada em Letras pela Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES Contato: ahhfalaserio@hotmail.com Página no Facebook: http://www.facebook.com/nossaquefacil
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