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domingo, 27 de maio de 2012

Análise de Obras Literárias – Unimontes – Parte III: Serrano de Pilão Arcado: A saga de Antônio Dó, Petrônio Braz


PLANTÃO DO VESTIBULANDO
Uma maneira simples de aprender a como chegar lá...
Análise de Obras Literárias – Unimontes – Parte III:
Serrano de Pilão Arcado: A saga de Antônio Dó, Petrônio Braz

Olá, pessoal! Petrônio Braz nasceu em 1928, na cidade de São Francisco-MG. A obra deste autor, proposta pela UNIMONTES, vem buscar uma valorização não só da cultura mineira como também da nossa história. Serrano de Pilão Arcado foi publicado em 2006, não pertencendo, portanto, ao estilo de época considerado como Modernismo. Desta forma, numa linha do tempo de nossa Literatura, a obra estaria num tempo posterior à de Guimarães Rosa. Entretanto, pelo fato de dialogar muito bem com a obra explicada anteriormente (de Ana Miranda) e a que fará parte de nossos estudos na próxima semana (de G. Rosa), resolvi colocar sua análise nesta matéria.
Serrano de Pilão Arcado pertence à literatura atual (Contemporaneidade), enfatizando a Literatura norte-mineira. Trata-se de um Romance, através do qual se busca apresentar ao leitor um Sertão histórico: a vida no cangaço, com ênfase em Antônio Dó. Alguns aspectos sociológicos fazem parte da obra: relação coronelismo/ chefe político/ povo. Percebe-se aí uma questão de força política, na qual o autor propõe uma re-encenação histórica dos jagunços e suas lutas entre si. Misturam-se, assim como na obra de Ana Miranda (A última quimera), a ficção e o real, cuja dissociação é impossível ao leitor. É o Falso/ verdadeiro/ inventado, a sensação de estarmos vivenciando o momento histórico de Dó, mas, ao mesmo tempo em que há toda uma (re) criação literária.
O tempo da narrativa é reversivo e o espaço, transfigurado. Isso mostra que toda a narrativa é construída a partir das necessidades. São mostradas as gentes das veredas; está aí uma busca da identidade maior: a sertaneja. Identidade que, até então, pouco aparecia na nossa literatura. Vale lembrar que, anteriormente, apenas o Modernismo conseguiu enfatizar o povo do sertão com o esplendor de descrições e engajamento que ele merece.
No enredo, o personagem Antônio Dó vivencia momentos capazes de construir sua identidade como homem, como cangaceiro: a triste seca em Pilão Arcado, o assassinato do irmão, a visão da Fazenda de Boa Vista como sinônimo de injustiça, a crescente revolta, os desmandos políticos no município de São Francisco, a prisão por demarcação de terras, enfim, tudo isso é trazido, pelo autor, como motivos de uma construção de identidade. É a raiz sertaneja que vai se remodelando e ganhando a vida de cangaço. No contexto da época, prevalecia a ideia de posse de terras = mando e poder; entretanto, o personagem Antônio Dó ganha destaque por construir sua própria forma de mando e poder: o chamado “fazer justiça com as próprias mãos”.
Na linguagem da obra, prevalece a oralidade e os regionalismos, podendo haver aqui uma comparação com o estilo regionalista de Guimarães Rosa.
Ao longo da narrativa, vai ocorrendo uma espécie de materialização do personagem Antônio Dó: ele vai ganhando nome e comportamento diferenciados a cada passo de sua trajetória; torna-se, assim, bandido, herói, injustiçado, até o momento de sua morte, em 1929, por um integrante do próprio bando. O objetivo de Braz é registrar não só a versão política/ histórica, mas (e principalmente) fazer registros sobre o Homem Antônio Dó. Daí o nome “saga”, que aparece no título do livro: a trajetória de vida de uma “verdadeira lenda do cangaço”.
É isso aí, pessoal. Até a próxima...



*Matéria publicada no Jornal A Semana, de Pirapora-MG, por Juliana Barreto Profª de Língua Portuguesa, formada em Letras pela Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES Contato: ahhfalaserio@hotmail.com Página no Facebook: http://www.facebook.com/nossaquefacil

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