PLANTÃO
DO VESTIBULANDO
Uma maneira simples de aprender a como chegar lá...
Análise
de Obras Literárias – Unimontes – Parte IV:
Uma
estória de amor, Guimarães Rosa
Olá,
pessoal! A obra a ser analisada nesta semana pertence ao livro: CORPO DE BAILE,
Guimarães Rosa, 1956; que é dividido em 3 partes: Manuelzão e Miguilim – Campo
geral e Uma estória de Amor –, No Urubuquaqua e Noites do sertão.
Com
caráter regionalista, o espaço da obra é o Sertão de Minas Gerais, local tanto
explorado por outros livros de Guimarães. Existe aí uma recriação do universo
mineiro na linguagem, traduzindo um estilo regionalista em Guimarães Rosa que é
típico do Modernismo da 3ª fase.
Quanto
ao Enredo, verifica-se a história de preparativos para uma festa idealizada por
Manuelzão. O objetivo era consagrar uma capela por ele construída. Nota-se um
certo espírito de fábula, uma vez que há grandes temas da humanidade no
decorrer da história, tanto existenciais como metafísicos. Entretanto, o gênero
no qual se encaixa Uma História de Amor
é o da NOVELA, por vários motivos: Linearidade dos acontecimentos; Sucessividade
episódica; Não tem complexidade literária nem aprofundamento nos personagens; Diálogos
rápidos; Vários núcleos de personagens; etc. Em meio a tudo isso, perpassa a tradição
oral: “causos” contados por boiadeiros, como a história do Boi Bonito; e a linguagem
sertaneja, exemplos: assucedeu, vosmecê, etc.
Há
uma mistura de dois tempos: tempo
cronológico, porque mostra o decorrer dos três dias; tempo psicológico, em que há narrativas encaixadas em forma de um Palimpsesto (escritos colocados em cima
de outros escritos), exposição de pensamentos e sentimentos dos protagonistas e
descrições de pessoas e da natureza.
O
principal tema é a velhice e seus problemas. Com isso, verificamos a presença
de: doenças, medo da morte, lembranças do passado, necessidade de fazer um
“balanço” sobre tudo o que se passou até então, consolidação de valores e
crenças. Após idade avançada, Manuelzão demonstra vontade de se casar e
constituir uma verdadeira família. O que interliga esse fato é a presença de um
amor reprimido por convenções sociais. A obra traz a visão das coisas pela
ótica do mundo adulto (ao contrário da outra parte de Corpo de Baile, Manuelzão e Miguilim – Campo geral, em que há a
visão pelo lado infantil – Miguilim). Presença de aumentativos para evidenciar
essa ótica: laço – lação. Nisso vemos perfeitamente uma linguagem particular de
Guimarães Rosa: presença de neologismos. Alguns beiram o fantástico, como a
presença de sufixo –mente nos neologismos “mesmamente”, “minhamente”.
Por
fim, existe na obra uma simbologia voltada a intertextualidades bíblicas do
Livro Gênesis: Manuelzão toma conta de uma fazenda cujo dono não aparece (como
Adão e Eva no Éden tomando conta do jardim, sem a presença física de Deus),
sendo Samarra uma terra que está representando
um lugar paradisíaco.
Fabulação.
Regionalismo. Criação de palavras. São inúmeras as artimanhas do grande
escritor Guimarães Rosa.
É
isso aí, pessoal. Até a próxima...
*Matéria publicada no Jornal A Semana, de Pirapora-MG, por Juliana Barreto Profª de Língua Portuguesa, formada em Letras pela Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES Contato: ahhfalaserio@hotmail.com Página no Facebook: http://www.facebook.com/nossaquefacil
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