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sexta-feira, 21 de maio de 2010

Paraísos Artificiais – Parte I

PLANTÃO DO VESTIBULANDO


Uma maneira simples de aprender a como chegar lá...

Paraísos Artificiais – Parte I



Olá, pessoal! Prosseguindo nos estudos e análises de obras literárias do processo 2/ 2010 da UNIMONTES, vejamos as características principais de Paraísos Artificiais, do escritor Paulo Henriques Britto.

A começar pelo título, vejamos: o paraíso remete à ideia do estado de graça, antes da queda do homem; é o centro imutável, o conforto desejado por todo ser humano. Porém, quando pensamos na palavra “artificial”, logo se percebe que esse mundo incrível edênico se desfaz. O que não se pode esquecer é que um dos objetivos do livro é apresentar ao leitor a relatividade do que chamamos de “real” ou do que chamamos de “felicidade”.

Os paraísos artificiais: o primeiro conto do livro (com o mesmo nome) convida o leitor, numa interação interessantíssima, a refletir sobre qual seria a posição mais confortável, se deitado em uma cama, ou se sentado em uma cadeira. Através de reflexões, o narrador vai discutindo as posições, as possíveis dores que a permanência em uma mesma posição poderia causar, situa a quebra da inércia como algo prazeroso, quase orgástico, até concluir que o melhor a se fazer é sentar-se em uma cadeira e começar a escrever. Num processo de metalinguagem (a escrita que se pronuncia sobre si mesma), o narrador coloca o ato da escrita como o responsável pela quebra da inércia, aquilo que nos tira do comodismo e nos remete ao mundo das ideias.

Uma doença: percebemos neste segundo conto que a luta inércia X mobilidade é travada, mais uma vez. Aqui, o narrador, o qual possui uma doença que o mantém deitado na cama, impossibilitado de levantar-se, procura ocupar o seu tempo observando, com riqueza de detalhes, as características do seu quarto: paredes, lençol, etc. Até que, após se cansar disso, passa a se ocupar com as mudanças do seu próprio corpo. O seu campo de visão é mínimo, pois, deitado em seu espaço, ele jamais conseguirá absorver as imagens que estão fora do alcance da sua visão. Isso remete também ao comodismo, à visão ingênua, a estar preso em um “mundo particular” longe da realidade do universo. O personagem chega à conclusão de que o mistério é indecifrável, simbolizando a eterna busca humana pelo conhecimento.

Em Uma visita, o protagonista (narrador em 1ª pessoa) está pronto para dormir e escuta ser chamado pelo nome. Trata-se de uma visita inesperada. O conto todo se passa com o narrador à janela,vendo a visita que o chama, porém não atende. Ele permanece parado, fazendo questionamentos a si mesmo sobre quem seria a visita, se a conhecia, o que a visita poderia estar pensando, mas não se move. A inércia, repetidamente, aparece também neste conto. O interessante a ser observado aqui é que tanto a visita quanto o narrador são personagens não nomeados. A falta de um nome pode ser atribuída à generalização (como se qualquer pessoa estivesse propensa a passar por aquela mesma situação), mas, ao mesmo tempo, ao mistério que o autor quer passar, à moda kafkiana.

Um criminoso é mais um exemplo de personagens soturnos, que ficam acordados à noite, solitários, pensativos, melancólicos. O protagonista vai tirando conclusões a respeito das cenas que vê pela janela, um casal namorando, um jovem que quer atravessar a rua, uma mulher na sacada do apartamento de um prédio em frente, inclusive imaginando cenas de crimes misteriosos e aparentemente sem motivos. Até que a ilusão se confunde com a realidade e o personagem se vê dentro da sua própria imaginação. Por enquanto é só, pessoal. Na próxima semana tem mais! Até lá.



JULIANA BARRETO – PROFª DE LÍNGUA PORTUGUESA – Matéria publicada pelo Jornal A Semana, de Pirapora/MG, em 21.05.2010.

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