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sexta-feira, 7 de maio de 2010

Sagarana – Última parte

PLANTÃO DO VESTIBULANDO


Uma maneira simples de aprender a como chegar lá...



Sagarana – Última parte

Olá, pessoal! Dando continuidade às análises da obra Sagarana, de Guimarães Rosa, vejamos os últimos contos presentes no livro.

Em Minha gente, o narrador em primeira pessoa vai descrevendo os animais, seus costumes, a paisagem e, ao mesmo tempo, etapas de um jogo de xadrez, disputado com Santana. Ao visitar a fazenda de Tio Emílio, o qual entrara para a política, o narrador se encanta por Maria Irma, sua prima. Irma, já apaixonada pelo namorado da amiga, consegue fazer com que o primo se case com Armanda. Assim, Ramiro fica livre para se casar com Irma.É interessante notar o jogo de interesses, o qual se dá também na política.

São Marcos retrata um personagem chamado José, que não acredita em feiticeiros, porém se vê vítima de um vudu, ficando cego por alguns instantes quando o feiticeiro João Mangolô coloca uma venda nos olhos do descrente através de uma foto. A reza de São Marcos é o que liberta o narrador. Por narrar a história de um personagem que fica temporariamente cego, é interessante verificar a importância do recurso visual no conto. Ao sair de perto de Mongolô, José olha a paisagem e se encanta com as maravilhas da natureza.

Em Corpo Fechado, Manuel Fulô fica noivo com Das Dor, mas Targino, grande valentão do lugar, resolve ir visitá-la e ameaça o rival de morte. Seu Antonico das águas fecha o corpo de Manuel, o qual mata Targino, tomando para si o posto de valentão.

Conversa de bois, como o próprio nome já diz, evidencia a conversa de bois ao longo de uma viagem num Carro-de-boi que está carregando o corpo do falecido pai de Tiãozinho. Os bois conversam sobre vários assuntos, contam “causos”, refletem sobre a vida, sobre os pastos, sobre o que os homens têm de bom e de ruim. Falam sobre tristeza, calor, fome, medo, pressa. O menino Tiãozinho pensa na raiva que sente de Agenor, homem responsável pelas contas da casa e com quem a mãe do menino passou a ter um relacionamento desde que o marido ficara doente. Agenor despertou em Tiãozinho um ódio por causa dos castigos físicos e das humilhações. Os bois fazem com que Agenor caia do carro e seja atropelado, morrendo. E, no final, até o carro fica mais feliz.

No último conto, A hora e a vez de Augusto Matraga, o protagonista perde toda a sua riqueza, os seus capangas, sua mulher e sua filha por causa de jogo e boemias. Passa da condição de senhor a um miserável, levando uma surra dos capangas do Major Consilva, sendo marcado a ferro em brasa, até que se precipita em um abismo. Aqui, a simbologia do abismo diz respeito à travessia, à mudança de vida. Augusto morre de forma simbólica para renascer um homem novo. Abraça o Cristianismo, redime-se dos pecados, supera várias tentações de voltar a ter o poder, de vingar-se dos inimigos, e, por fim, morre, chegando a sua hora e vez de ir para o céu.

Em Sagarana, ocorre comumente o uso de palimpsesto – palavra que designa um pergaminho (ou papiro) cujo texto foi eliminado para permitir a reutilização (Wikipedia). Na literatura, o termo é usado para designar o recurso narrativo de adentrar uma história em outra, formando, em uma só narrativa, várias histórias. É isso aí, pessoal, até mais!


JULIANA BARRETO – PROFª DE LÍNGUA PORTUGUESA – Matéria publicada pelo Jornal A Semana, de Pirapora/MG, em 30/04/2010.

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