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sexta-feira, 7 de maio de 2010

Saga + Rana = À maneira de uma saga

PLANTÃO DO VESTIBULANDO


Uma maneira simples de aprender a como chegar lá...



Saga + Rana = À maneira de uma saga



Olá, pessoal! Dando continuidade às análises literárias das obras da Unimontes, veremos alguns comentários sobre a obra Sagarana, de Guimarães Rosa. Vamos lá?

Publicada em 1946, Sagarana constitui uma obra introdutória da mágica prosa literária de Guimarães Rosa. O título vem de “saga”, um radical germânico que significa “canto heroico”, e “rana”, que, na linguagem indígena, significa “à maneira de”. A obra é formada de nove contos (também chamados de novelas por alguns estudiosos) que recriam ficcionalmente personagens típicos do interior de Minas Gerais. Também por esse motivo o livro é tido como “regionalista”, pertencente à 2ª fase do Modernismo brasileiro. Além disso, outras características ratificam o regionalismo presente nos contos: as histórias possuem folclore, provérbios, cantigas do sertão, os personagens falam com coloquialismos e regionalismos mineiros, além de ter a presença de quadrinhas populares.

Alguns dos temas gerais do livro são: o crescimento pessoal dos personagens; um instante que parece valer por toda uma vida; ideia de travessia; morte; traição; vingança; sabedoria; lição de vida; etc. É importante observar que os contos apresentam um poder extraordinário de fabulação: são narrativas repletas de casos fantásticos, imaginários, o que proporciona aos contos um tom épico e/ou de conto de fada.

Uma das características marcantes do autor é a presença inovadora de neologismos = palavras novas, criadas pelo próprio autor. Uma questão de estilo. Mas, para isso, muitas técnicas são usadas por Rosa nesse processe de criação. Exemplos:

Derivação prefixal = acréscimo de prefixo ao início da palavra. Ex.: des + feliz = desfeliz; des + enxergar = desenxergar.

Derivação sufixal = acréscimo de sufixo ao final da palavra. Ex.: assim + Zinho = assinzinho; quilômetro + osa = quilometrosa; saudade + ear = saudadear.

Derivação parassintética = acréscimo de prefixo e sufixo ao mesmo tempo. Ex.: avoamento; esmoralizado; amaleitado.

Abreviação = processo de diminuição da palavra, suprimindo letras e fonemas. Ex.: estranja (estrangeiro); vam’bora (vamos embora).

Composição justaposta = união de palavras, sem perda nem ganho de fonemas. Ex.: mulheres-atoa; todo-o-mundo.

Composição aglutinada = união de palavras com ganho ou perda de fonemas. Ex.: passopreto = pássaro preto; suaviloquência = suave + eloquência; destamanho (deste + tamanho). Observem como o coloquialismo está presente na obra!

Arcaísmos = palavras que deixaram de ser usadas por serem antigas demais e caíram em desuso. Ex.: riba = cima; bando = lado; vigiar = olhar; além de inúmeras palavras coloquiais usadas antigamente com o A na frente, tais como: alembrar; alumiar; amostrar; arreconhecer; arrenegar; arresolver; arresistir; aclivertir; etc.

Além de todos esses elementos que fazem do estilo de Guimarães Rosa algo único em nossa literatura, existem ainda em Sagarana outros recursos típicos do autor, como a musicalidade. Rimas, ritmo, aliterações e assonâncias são usadas para dar mais música à obra. Na próxima semana, veremos um pouco mais sobre ela. Até lá.


JULIANA BARRETO – PROFª DE LÍNGUA PORTUGUESA – Matéria publicada pelo Jornal A Semana, de Pirapora/MG, em 16/04/2010.

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