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sexta-feira, 21 de maio de 2010

Uma abordagem kafkiana

PLANTÃO DO VESTIBULANDO


Uma maneira simples de aprender a como chegar lá...


Uma abordagem kafkiana





Olá, pessoal! Ao analisarmos a obra Por trás dos vidros, de Modesto Carone, na semana passada, verificamos que existe muita influência de Franz Kafka no livro. Além disso, o autor checo também influenciou a obra Paraísos Artificiais, de Paulo Henriques Britto, a qual será estudada numa próxima edição do Plantão do Vestibulando. Agora, iremos entender um pouco melhor sobre essa influência kafkaniana (ou kafkiana, se preferirem) nessas duas obras. Vamos lá?


Primeiramente, precisamos entender que Franz Kafka pertenceu ao Expressionismo, movimento artístico que se caracterizava pela expressão de intensas emoções. As obras desse estilo não têm preocupação com o padrão de beleza tradicional e exibem enfoque pessimista da vida, marcado por angústia, dor e inadequação do artista diante da realidade. Iniciado no fim do século XIX por artistas plásticos da Alemanha, o Expressionismo alcançou seu auge entre 1910 e 1920 e expandiu-se para a literatura, a música, o teatro e o cinema. Na literatura, o movimento é marcado por subjetividade do escritor, análise minuciosa do subconsciente dos personagens e metáforas exageradas ou grotescas. O estilo é abstrato, simbólico e associativo.


O estilo expressionista de Franz Kafka caiu no gosto de muitos escritores do nosso Modernismo Literário. Como exemplo, citamos os autores Modesto Carone e Paulo Henriques Britto, de Por trás dos Vidros e Paraísos Artificiais, respectivamente. Em ambos, conseguimos notar as características gerais das obras de Kafka: símbolos ligados ao absurdo e ao cotidiano, ao mesmo tempo. Todos os livros de Kafka obrigam indiretamente o leitor a uma releitura. Seus principais acontecimentos e sua história como um todo sugerem explicações, mas nunca uma certeza sobre essas questões. É necessária uma nova leitura com um novo enfoque, para que o leitor possa entender todos os símbolos: seus personagens absurdos, em situações fantásticas que beiram ao onírico (sonho).


Não se pode esquecer que em Kafka o absurdo, em momento algum, adquire aquele tom característico de contos fantásticos. Pois, na obra Kafkaniana, o absurdo é simbolizado por acontecimentos cotidianos que, vistos de uma maneira geral, são normais à sociedade. Situações extremamente realistas que, no entanto, nos conduzem para uma perda de sentido. Assim, conseguimos entender por que nas obras de Carone e Britto a naturalidade diante da morte é constante. Além disso, fica bastante visível a presença das características de Kafka nos mistérios, nos contos que terminam de repente (sem “fechar” totalmente o texto), nas situações estranhas e absurdas, como o de se refugiar na caixa d’água ou observar o crescimento dos pelos do próprio corpo, na presença de personagens solitários e, principalmente, na visão pessimista da vida, na maneira estática e acomodada de olhar o mundo, refugiar-se em vez de ir atrás de uma mudança e aceitar o incômodo como se merecesse o pior e fosse digno do sofrimento.


É esse mergulho dentro do EU, evidenciando as fraquezas, loucuras e delírios do homem moderno que se faz marcante em Kafka e em seus admiradores.

É isso aí, pessoal. Até a próxima!

JULIANA BARRETO – PROFª DE LÍNGUA PORTUGUESA – Matéria publicada pelo Jornal A Semana, de Pirapora/MG, em 14.05.2010.

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