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quinta-feira, 29 de novembro de 2012

ESTUDANDO PARA O ENEM: ANÁLISE DE TEXTOS - I



PLANTÃO DO VESTIBULANDO
Uma maneira simples de aprender a como chegar lá...
ESTUDANDO PARA O ENEM: ANÁLISE DE TEXTOS - I

Olá, pessoal! Estamos de volta para mais um semestre de muita aprendizagem no que diz respeito à nossa Língua Portuguesa. Tenho percebido que os vestibulares e provas do Enem dos últimos anos têm seguido uma certa linha, na qual a Gramática aparece mais contextualizada e são cobrados dos candidatos conhecimentos amplos, envolvendo Interpretação de texto, Teoria Literária e, ainda, dependendo da Universidade, conhecimentos de outras artes e outras áreas, como a História, a Geografia, etc. Devido a isso, ao longo deste semestre, farei para vocês algumas análises de textos diversos, procurando explorá-los ao máximo dentro desse padrão que as provas têm exigido. Vamos lá?
brasil


O Zé Pereira chegou de caravela
E perguntou pro guarani de mata virgem
-Sois cristão?
-Não, Sou bravo, sou forte sou filho da morte
Tetetê tetê Quizá Quizá Quecê!
Lá de longe a onça resmungava Uu! Ua! uu!
O negro zonzo saído da fornalha
Tomou a palavra e respondeu
-Sim pela graça de Deus
Canhem Babá Canhem Babá Cum Cum!
E fizeram o carnaval. (Oswald de Andrade)

Temos aí um texto Modernista. Porém, que remete a um determinado período da história do Brasil: a colonização. Não há como não fazer uma referência, por exemplo, ao Quinhentismo, período literário em que as descrições da fauna e flora brasileiras, bem como das imagens e ações dos índios, eram a composição dos textos da época. Entretanto, bem sabemos que a Carta de Caminha, por exemplo, mostrou com o olhar do colonizador as belezas brasileiras. Ao passo que o texto de Oswald, acima, mostra exatamente a crítica do processo de colonização. O Zé Pereira, representante português, é símbolo do processo de aculturação sofrido pelos índios. Constatamos isso na pergunta: “Sois cristão?”, o que, obviamente, remete à imposição católica ao indígena. A resposta do índio faz analogia, através de um processo chamado de Intertextualidade, ao texto I-Juca Pirama, de Gonçalves Dias: “Sou bravo, sou forte, Sou filho do Norte; Meu canto de morte, Guerreiros, ouvi”. É fato que o Romantismo de Gonçalves Dias idealizou o índio, procurando exaltar características de herói, mas se percebe que, no poema “brasil”, a palavra “morte” traz a ideia de dizimação, aculturação, todo o sofrimento causado pela ambição portuguesa na exploração dos recursos naturais do Brasil. Além disso, a presença do negro, o qual logo responde: “Sim pela graça de Deus”, parece ter aprendido que não se podia ir contra a imposição tão forte do colonizador. Trata-se, portanto, de outra crítica, desta vez referente à escravidão e aos castigos físicos. As onomatopeias presentes no poema fazem referência às diversas linguagens, culturas, ou seja, àquilo que irá gerar o “carnaval”. A carnavalização que o poema traz é a própria mistura de raças, é a caracterização deste Brasil misto, tão rico em diversidades. Mas, a troco de quanto sofrimento?
É isso aí, pessoal. Até a próxima...

JULIANA BARRETO – Profª de Língua Portuguesa




*Matéria publicada no Jornal A Semana, de Pirapora-MG, por Juliana Barreto Profª de Língua Portuguesa, formada em Letras pela Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES Contato: ahhfalaserio@hotmail.com Página no Facebook: http://www.facebook.com/nossaquefacil

2 comentários:

Obrigada!