PLANTÃO
DO VESTIBULANDO
Uma maneira simples de aprender a como chegar lá...
ESTUDANDO
PARA O ENEM: ANÁLISE DE TEXTOS - I
Olá,
pessoal! Estamos de volta para mais um semestre de muita aprendizagem no que
diz respeito à nossa Língua Portuguesa. Tenho percebido que os vestibulares e
provas do Enem dos últimos anos têm seguido uma certa linha, na qual a
Gramática aparece mais contextualizada e são cobrados dos candidatos
conhecimentos amplos, envolvendo Interpretação de texto, Teoria Literária e,
ainda, dependendo da Universidade, conhecimentos de outras artes e outras
áreas, como a História, a Geografia, etc. Devido a isso, ao longo deste
semestre, farei para vocês algumas análises de textos diversos, procurando
explorá-los ao máximo dentro desse padrão que as provas têm exigido. Vamos lá?
brasil
O
Zé Pereira chegou de caravela
E
perguntou pro guarani de mata virgem
-Sois
cristão?
-Não,
Sou bravo, sou forte sou filho da morte
Tetetê
tetê Quizá Quizá Quecê!
Lá
de longe a onça resmungava Uu! Ua! uu!
O
negro zonzo saído da fornalha
Tomou
a palavra e respondeu
-Sim
pela graça de Deus
Canhem
Babá Canhem Babá Cum Cum!
E
fizeram o carnaval. (Oswald de Andrade)
Temos
aí um texto Modernista. Porém, que remete a um determinado período da história
do Brasil: a colonização. Não há como não fazer uma referência, por exemplo, ao
Quinhentismo, período literário em que as descrições da fauna e flora
brasileiras, bem como das imagens e ações dos índios, eram a composição dos
textos da época. Entretanto, bem sabemos que a Carta de Caminha, por exemplo, mostrou
com o olhar do colonizador as belezas brasileiras. Ao passo que o texto de
Oswald, acima, mostra exatamente a crítica do processo de colonização. O Zé
Pereira, representante português, é símbolo do processo de aculturação sofrido
pelos índios. Constatamos isso na pergunta: “Sois cristão?”, o que, obviamente,
remete à imposição católica ao indígena. A resposta do índio faz analogia,
através de um processo chamado de Intertextualidade, ao texto I-Juca Pirama, de
Gonçalves Dias: “Sou bravo, sou forte, Sou filho do Norte; Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi”. É fato que o Romantismo de Gonçalves Dias idealizou o índio,
procurando exaltar características de herói, mas se percebe que, no poema
“brasil”, a palavra “morte” traz a ideia de dizimação, aculturação, todo o
sofrimento causado pela ambição portuguesa na exploração dos recursos naturais
do Brasil. Além disso, a presença do negro, o qual logo responde: “Sim pela
graça de Deus”, parece ter aprendido que não se podia ir contra a imposição tão
forte do colonizador. Trata-se, portanto, de outra crítica, desta vez referente
à escravidão e aos castigos físicos. As onomatopeias presentes no poema fazem
referência às diversas linguagens, culturas, ou seja, àquilo que irá gerar o
“carnaval”. A carnavalização que o poema traz é a própria mistura de raças, é a
caracterização deste Brasil misto, tão rico em diversidades. Mas, a troco de
quanto sofrimento?
É
isso aí, pessoal. Até a próxima...
JULIANA BARRETO
– Profª de Língua Portuguesa
*Matéria publicada no Jornal A Semana, de Pirapora-MG, por Juliana Barreto Profª de Língua Portuguesa, formada em Letras pela Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES Contato: ahhfalaserio@hotmail.com Página no Facebook: http://www.facebook.com/nossaquefacil
Muito boa sua análise estás de parabéns!
ResponderExcluirObrigada!
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