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quinta-feira, 29 de novembro de 2012

ESTUDANDO PARA O ENEM: ANÁLISE DE TEXTOS - X



PLANTÃO DO VESTIBULANDO
Uma maneira simples de aprender a como chegar lá...
ESTUDANDO PARA O ENEM: ANÁLISE DE TEXTOS - X

Olá, pessoal! Como nas provas do Enem sempre aparecem poemas e, geralmente, dois ou três textos para serem comparados entre si, façamos uma análise de dois, pertencentes ao mesmo autor: Vinicius de Moraes.
Obs.: Para não nos estendermos no espaço desta coluna, os versos foram separados por barras ( / ).
Texto 1: Eu Sei Que Vou Te Amar
Eu sei que vou te amar/ Por toda a minha vida eu vou te amar/ Em cada despedida eu vou te amar/ Desesperadamente/ Eu sei que vou te amar/ E cada verso meu será pra te dizer/ Que eu sei que vou te amar/ Por toda a minha vida/ Eu Sei que vou chorar/ A cada ausência tua eu vou chorar,/ Mas cada volta Tua há de apagar/ O que essa ausência tua me causou/ Eu sei que vou sofrer/ A eterna desventura de viver a espera/ De viver ao lado teu/ Por Toda a minha vida.
            Texto 2: Soneto de fidelidade
De tudo ao meu amor serei atento/ Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto/ Que mesmo em face do maior encanto/ Dele se encante mais meu pensamento./ Quero vivê-lo em cada vão momento/ E em seu louvor hei de espalhar meu canto/ E rir meu riso e derramar meu pranto/ Ao seu pesar ou seu contentamento./ E assim, quando mais tarde me procure/ Quem sabe a morte, angústia de quem vive/ Quem sabe a solidão, fim de quem ama/ Eu possa me dizer do amor (que tive):/ Que não seja imortal, posto que é chama/ Mas que seja infinito enquanto dure.
Observa-se que, em ambos, o tema amoroso prevalece. No Texto 1, há a certeza de que o eu-lírico amará a mulher amada por toda sua vida. Há, também, uma idealização desta mulher, uma vez que sua ausência será não só sentida, como sofrida e esperada, mesmo que por toda a eternidade. A cumplicidade amorosa e o amor cortês presentes nesse texto relembram a segunda fase da poesia do Romantismo, na qual, sob a influência do poeta inglês Lord Byron, acontece o chamado ultrarromantismo: o amor exagerado e sofrido. No texto II, a temática amorosa também é construída por exageros (hipérboles) e idealizações: cuidar do seu amor com zelo, encantar-se dele de maneira quase absoluta. Percebe-se a presença de pleonasmos (repetições de ideias), como em “rir meu riso”, como também de outras figuras de linguagem, principalmente o hipérbato, responsável pela inversão da ordem direta das frases.
Entretanto, nesse texto se percebe algo que se contrapõe ao primeiro. Enquanto “Eu sei que vou te amar” trabalha com um amor afirmado pelo locutor como eterno (“Por toda a minha vida”) e de modo incondicional (“Eu sei que vou sofrer”), no “Soneto de fidelidade”, não apenas o amor mas também a própria fidelidade a que se refere o título são questionáveis. Percebam: há a presença do ato de amar no passado (“que tive”), além de se dizer “que seja infinito enquanto dure”. Ora, afirmar que haja uma duração contradiz a ideia do infinito. Essa questão foi levantada pelos estudiosos em Literatura como “A crise da Eternidade”: é como se, por pertencerem a fases diferentes do mesmo autor, em relação ao tempo, ou até mesmo em relação à sua própria identidade e personalidade, esse soneto quebrasse a ideia de amor eterno e incondicional presente no primeiro.
Talvez pelo reflexo da efemeridade das relações contemporâneas, talvez pelos próprios sentimentos do poeta derramados ali como efeito de catarse, o que se conclui é que os poemas citados, mesmo tendo a mesma temática geral (o amor), contrapõem-se no que diz respeito ao amor eterno ou ao amor que será vivenciado intensamente, mas apenas enquanto durar.
É isso. Até a próxima...

JULIANA BARRETO – Profª de Língua Portuguesa
 


*Matéria publicada no Jornal A Semana, de Pirapora-MG, por Juliana Barreto Profª de Língua Portuguesa, formada em Letras pela Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES Contato: ahhfalaserio@hotmail.com Página no Facebook: http://www.facebook.com/nossaquefacil

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