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quinta-feira, 29 de novembro de 2012

ESTUDANDO PARA O ENEM: ANÁLISE DE TEXTOS - VII



PLANTÃO DO VESTIBULANDO
Uma maneira simples de aprender a como chegar lá...
ESTUDANDO PARA O ENEM: ANÁLISE DE TEXTOS - VII

Olá, pessoal! Alguns poemas nos trazem simbolismos os quais, caso não leiamos com a atenção devida, deixamos de perceber. Assim é a maior parte (senão todos) dos poemas do estilo de época que ficou conhecido como Simbolismo. Pertencente ao período de mudança do séc. XIX para o XX, este estilo representou, através de palavras, a confusão da mente humana, os desafios internos e as angústias vividas pelo homem da época. Com a influência intensa dos pensamentos freudianos, o Simbolismo trabalhou a mente, o sonho, a ilusão, a loucura, enfim, fixou-se mais no abstrato e sobrenatural do que exatamente no palpável. Leiamos o poema abaixo:

Quando os sons dos violões vão soluçando,
Quando os sons dos violões nas cordas gemem,
E vão dilacerando e deliciando,
Rasgando as almas que nas sombras tremem.

Harmonias que pungem, que laceram,
Dedos Nervosos e ágeis que percorrem
Cordas e um mundo de dolências geram,
Gemidos, prantos, que no espaço morrem...

E sons soturnos, suspiradas mágoas,
Mágoas amargas e melancolias,
No sussurro monótono das águas,
Noturnamente, entre ramagens frias.

Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas. (Cruz e Souza)

O poeta Cruz e Souza, pertencente ao Simbolismo brasileiro, teceu inúmeros recursos literários e figuras de linguagem em seus poemas. O exemplo acima retrata, perfeitamente bem, o abuso de aliterações (repetições de sons consonantais, como: V e Z), prosopopeias (atribuição de características humanas a objetos, como os violões que soluçam, por exemplo), sinestesias (mistura de sensações – órgãos de sentido – como as veludosas vozes, que misturam tato e paladar), etc.
Entretanto, o que se sobrepõe às demais características é o uso de uma figuração exagerada, um simbolismo implícito que precisa ser cuidadosamente interpretado. Não se trata de “viajar” para entendê-lo. Basta seguir as pistas que o poema nos traz. Ao percebermos palavras, como: geme, dilacerando, deliciando, rasgando, tremem, dedos nervosos e ágeis que percorrem, gemidos, sons soturnos (= noturnos), vulcanizadas, entre outros vocábulos, notamos que a temática do poema está voltada à sexualidade. Isso se evidencia ao somarmos à ideia de que o violão nada mais é do que um símbolo do corpo feminino.
É isso aí, pessoal. Até a próxima...

JULIANA BARRETO – Profª de Língua Portuguesa
 


*Matéria publicada no Jornal A Semana, de Pirapora-MG, por Juliana Barreto Profª de Língua Portuguesa, formada em Letras pela Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES Contato: ahhfalaserio@hotmail.com Página no Facebook: http://www.facebook.com/nossaquefacil

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