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quinta-feira, 29 de novembro de 2012

ESTUDANDO PARA O ENEM: ANÁLISE DE TEXTOS - XI




PLANTÃO DO VESTIBULANDO
Uma maneira simples de aprender a como chegar lá...
ESTUDANDO PARA O ENEM: ANÁLISE DE TEXTOS - XI

Olá, pessoal! Vamos nesta semana entender mais um pouco de interpretação de texto, usando agora a letra de uma música de Adriana Calcanhoto:
Esquadros
 Eu ando pelo mundo
Prestando atenção em cores
Que eu não sei o nome
Cores de Almodóvar
Cores de Frida Kahlo
Cores!
 Passeio pelo escuro
Eu presto muita atenção
No que meu irmão ouve
E como uma segunda pele
Um calo, uma casca
Uma cápsula protetora
Ai, Eu quero chegar antes
Prá sinalizar
O estar de cada coisa
Filtrar seus graus...

Eu ando pelo mundo
Divertindo gente
Chorando ao telefone
E vendo doer a fome
Nos meninos que têm fome...

 
Pela janela do quarto                      
Pela janela do carro                        
Pela tela, pela janela
Quem é ela? Quem é ela?
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle...
 Eu ando pelo mundo
E os automóveis correm
Para quê?
As crianças correm
Para onde?
Transito entre dois lados
De um lado
Eu gosto de opostos
Exponho o meu modo
Me mostro
Eu canto para quem? (...)
 Eu ando pelo mundo
E meus amigos, cadê?
Minha alegria, meu cansaço
Meu amor cadê você?
Eu acordei
Não tem ninguém ao lado...   (...)                

 
                                                                



























Primeiramente, façamos a oposição entre o título, o qual designa algo concreto, firme e exato: Esquadros; e a própria temática da música, que trata de dúvidas e questionamentos. Existe aí, portanto, um paradoxo, reflexo da própria contradição da alma humana. A contradição também se faz presente no ato de andar pelo mundo, observar gentes, mas manter-se numa cápsula protetora. Eis uma crítica à singularização tão presente nesta era em que vivemos, na qual as pessoas estão cada vez mais individualistas. Uma outra leitura diz respeito às palavras que metaforizam o quadrado: a janela e a tela: o eu-lírico vê o mundo de dentro do seu “casulo”, como contemplação, como um ser incapaz de agir para que algo mude. Isso também se evidencia na expressão “remoto controle”: ao inverter a posição do que costumamos dizer (controle remoto), tem-se a ideia de que é remoto o controle, ficou para trás o controle que o eu-lírico poderia ter da sua vida ou dos problemas do mundo. Esse “eu poético” não vê razões na vida, encontra-se num vazio absoluto, o que se pode notar pelos questionamentos: para quê, para onde, para quem? E, em relação à melodia, para quem ouve a música, percebe que a maior parte é sempre a mesma “batida”, cansativa e maçante, como a vida desse ser. E a melodia só muda no verso: “Meu amor cadê você?/ Eu acordei/ Não tem ninguém ao lado”. Isso não se fez à toa, uma vez que, sendo a única parte realmente lírica da melodia, é também a parte mais lírica da temática da música; é o momento em que fica clara a relação amorosa que o texto quer produzir e mostra também a quê se remete o vazio e as contradições.
Até a próxima...

JULIANA BARRETO – Profª de Língua Portuguesa
 


*Matéria publicada no Jornal A Semana, de Pirapora-MG, por Juliana Barreto Profª de Língua Portuguesa, formada em Letras pela Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES Contato: ahhfalaserio@hotmail.com Página no Facebook: http://www.facebook.com/nossaquefacil

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