PLANTÃO
DO VESTIBULANDO
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ANÁLISE
DAS OBRAS LITERÁRIAS UNIMONTES 1/2013 – PARTE II
Olá,
pessoal! Façamos uma breve análise de “Claro Enigma”, de Carlos Drummond de
Andrade.
Pertencente
à segunda fase modernista, o autor possui uma somatória de características,
inclusive, uma certa aproximação com a 1ª fase do Modernismo, no que diz
respeito à liberdade temática, formal e de expressão.
Nesse
livro de poemas, temos várias faces de Drummond. São comuns os questionamentos,
as reflexões sobre a existência, o mundo e o fazer poético.
Em alguns poemas, percebemos sonetos com versos decassílabos, os quais contradizem a liberdade formal característica de sua própria maneira de escrever. Entretanto, essas mesmas contradições vêm mostrar que o escritor desse período é liberto de qualquer “amarra” que o impeça de “voar” à sua maneira.
Em alguns poemas, percebemos sonetos com versos decassílabos, os quais contradizem a liberdade formal característica de sua própria maneira de escrever. Entretanto, essas mesmas contradições vêm mostrar que o escritor desse período é liberto de qualquer “amarra” que o impeça de “voar” à sua maneira.
O
pessimismo, uma das maiores características de seus poemas voltados a temáticas
pessoais, aparece muitas vezes, como em “Confissão”, vejamos alguns trechos:
“beijei sem beijo”, “não amei bastante sequer a mim mesmo”, “não amei ninguém”.
Essa negação total leva o eu-lírico a um não-lugar, uma sensação de não
pertencimento ao mundo, uma angústia de viver.
Percebemos
também a presença de zoomorfismo, como quando encontramos: “sou boi”.
Lembramos, neste momento, o caráter regional do poeta, uma vez que, no próprio
livro “Boitempo”, há a metaforização de si mesmo através das descrições do
mundo rural, mundo de sua infância em Itabira. O boi, pelo seu caráter de
ruminante, serve como símbolo da memorização, do ficar ali “mastigando”,
remoendo, lembrando e sofrendo cada momento que não volta mais. Essa
característica doída faz parte do mundo melancólico e pessimista da escrita de
Drummond.
Carlos
Drummond faz reflexões existenciais, como quando expressa: “as coisas findas é
que ficarão”. Esse caráter saudosista foi construído com expressões paradoxais,
fazendo-nos concluir que a existência é contraditória em si mesma, o próprio
ser humano é paradoxal.
Cabe
ressaltar também o uso de palimpsestos na metaforização do sonho: “sonhei que
estava sonhando/ e que no meu sonho havia/ um outro sonho esculpido”. Como em
um espelho, notamos o reflexo do reflexo, a abstração total, mas, ao mesmo
tempo, a concretização do sonho através da escultura.
A
vida é metaforizada como em uma tela a ser contemplada: em cada verso, o poeta
vai tecendo lembranças, sentimentos, abstrações, concretizações, suspiros,
ilusões: “O filho que não fiz hoje seria homem”: lamentações... à moda de um Carpe Diem barroco, o “aproveitar o dia”
ao avesso e negativo.
Esses
são apenas alguns exemplos do que encontramos em “Claro Enigma”, livro que, no
próprio título, já nos mostra algo ilógico: a claridade dentro do que é obscuro
(o enigma).
Até
a próxima!!!
JULIANA BARRETO
– Profª de Língua Portuguesa
*Matéria publicada no Jornal A Semana, de Pirapora-MG, por Juliana Barreto Profª de Língua Portuguesa, formada em Letras pela Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES Contato: ahhfalaserio@hotmail.com Página no Facebook: http://www.facebook.com/nossaquefacil
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